A culpa não é dos treze
Valdemir Caldas
Ao contrário do que se apregoa cavilosamente pelos quatro cantos da cidade, não foi o plenário da Câmara Municipal de Porto Velho que absolveu os vereadores acusados de quebra de decoro, mas, sim, os que não compareceram à sessão de julgamento, os que votaram contra ou se abstiveram, ou, então, fugiram do recinto.
Dos vinte e um parlamentares aptos a votarem, treze seguiram o voto do relator Léo Moraes (PTB), que pediu a perda do mandato de três dos cinco acusados.Não é justo, portanto, se colocar todos no mesmo saco de gatos, como muita gente vem fazendo.Há exceções.
A câmara tinha consciência da dimensão do escândalo e da necessidade de afiar a navalha para cortar na própria carne, mas uma minoria preferiu fazer ouvido de mercados aos clamores das ruas e praças.
Cabeças precisavam rolar para que a opinião pública não continuasse a ver na câmara mais um manancial de corporativismo explícito, mas não foi isso o que aconteceu.
O poder legislativo enfrentou o que se poderia chamar de um dilema shakespeariano: ou mobilizava-se para cortar a própria carne e provar que merecia o respeito da sociedade ou afundava no mar de descrédito e ojeriza social. O resultado, todos conhecem.
A velha máxima de que o eleitor tem memória curta há muito deixou de ser aplicada. Quem não se revelar merecedor do respeito da população tende a ser execrado do mapa político.
Graças à ação deletéria de uma minoria, a câmara perdeu a oportunidade ímpar de se redimir do péssimo conceito de que desfruta perante a sociedade.
Como alguns deles falharam nessa missão, caberá ao povo fazer a sua parte nas próximas eleições, varrendo os que não souberam honrar o mandato popular.
Mas nem tudo está perdido. Anima-nos saber que ainda há políticos comprometidos com as causas sociais. Por incrível que pareça, mas há. Os que votaram pela cassação, já, atestam essa assertiva.
São eles: Léo Moraes e Everaldo Fogaça (PTB), Ellis Regina e Cláudio da Padaria (PC do B), Sid Orleans, Fátima Ferreira e José Wildes (PT), Aélcio da TV (PP), Dim Dim (PSL) e Ana Maria Negreiros (PMDB). A todos, os cumprimentos da coluna.