A maldita teoria da conspiração

Valdemir Caldas

Publicada em 25 de April de 2015 às 13:01:00

Jânio Quadros foi buscar nas “forças terríveis” o principal motivo para renunciar a presidência da República. Para alguns, Jânio foi um covarde, que não soube honrar os votos de quase seis milhões de brasileiros, sucumbindo, assim, diante de suas próprias fraquezas.

Incapazes de sair do enrosco chamado Petrobras, petistas graúdos veem nas denúncias contra a estatal uma tentativa da oposição para desestabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff e, consequentemente, apeá-la do poder. No fundo, o que realmente deseja a oposição, segundo eles, é levar o país à ingovernabilidade.

Ora, uma nação só perde as condições de ser governada quando faltam talentos aos que a dirigem diante de uma convulsão social ou, então, de ameaça de guerra. Fora disso, falar em golpe, conspiração, forças ocultas ou qualquer coisa do gênero, soa manifestação precoce que mais parece inclinação pelo garroteamento dos que pensam diferentes.

Afinal, o mínimo que se pode considerar como essencial ao regime democrático é a existência de opiniões divergentes. Se, de um lado, isso revela a presença desse regime, de outro, assegura a vigilância sobre os atos governamentais, prevenindo-se eventuais exageros.

Lamentavelmente, não é assim que pensam os áulicos que cercam a presidente Dilma, esquecendo-se de que, em passado não muito distante, eles mesmos, por muito menos, pediram cabeças de autoridades do alto escalão da República. Hoje, porém, abraçam a mesma tese, procurando neutralizar ou impedir a voz dos discordantes.

Repetem, assim, a inoportuna e infeliz tese da conspiração ou golpe. A sociedade, ao contrário dos que pescam melhor em águas turvas, aprendeu muito nos últimos anos, inclusive a não deixar-se embair pelo canto de sereia dos que não sabem conviver com as diferenças.