A tragédia da saúde pública

Valdemir Caldas

Publicada em 02/04/2012 às 08:25:00

Que a saúde pública neste país está uma merda (desculpe-me a expressão pejorativa) não se discute, mas em Rondônia a situação chegou ao cúmulo da irresponsabilidade, do desleixo e, principalmente, da falta de amor para com o próximo.

E não se diga, porém, que essa esculhambação começou hoje. Nada disso. Foi assim nos governos Piana, Bianco, Cassol e piorou ainda mais, no do médico Confúcio Moura.

O mais revoltante é que ninguém faz nada para resolver o problema. O governo não faz nada. O ministério público, que deveria enquadrar os irresponsáveis por essa bandalheira, também não faz nada; e a população, por sua vez, assiste a tudo, pacificamente, como se o que acontecesse no interior do João Paulo II fosse a coisa mais natural do mundo.

Aquele vídeo, postado na internet, em que um paciente aparece arquejando no chão do João Paulo e colocando bicos pela boca, é revoltante. Aliás, chega a ser até difícil encontrar adjetivos ou substantivos para qualificar a cena, mas ela parece ter sido incorporada ao cotidiano daquele hospital.

O diretor do JP deveria colocar na frente da unidade uma placa semelhante à que o personagem Virgílio, de Dante Alighieri, na Divina Comédia, encontrou ao chegar ao inferno, dizendo: “deixai aqui toda esperança, ò vós que entrais”. Não é à toa que muitos doentes preferem morrer em casa, ao lado da família, até que enfrentar aquele inferno.

Embora a Constituição Federal diga que a saúde pública é direito de todos e dever do estado, podem os cidadãos gritar, a plenos pulmões, que têm direito à saúde, que ninguém os escutará. Aí estão os exemplos.

Enquanto isso, o dinheiro que deveria ser usado para aliviar o sofrimento de muitos e salvar as vidas de outros tantos, acaba repousando nas contas bancárias de políticos e administradores espertalhões, acostumados a meter suas mãos sujas no erário, sem que nada lhes aconteça.