Bancos instituem mesa de negociação e greve dos bancários continua ainda mais forte

Uma nova rodada de negociação já está agendada para a quinta-feira, 15/9, às 16 horas, em São Paulo.

Publicada em 14 de September de 2016 às 10:39:00

Mais uma vez os representantes dos bancos mostraram que estão dispostos a desvalorizar seus funcionários a todo custo e, novamente, insistiram em oferecer, na reunião ocorrida nesta terça-feira, 13, em São Paulo, o pífio reajuste de 7% nos salários (2,39% abaixo da inflação) e um desastroso abono salarial de R$ 3.300,00 (pago em parcela única e que não incide nas férias, 13º salário, FGTS, vales, auxílios e previdência) e, assim como nas demais mesas de negociação, antes e depois do início da greve, nem ‘tocam’ em assuntos de interesse da categoria, como a proteção ao emprego, mais contratações, saúde, condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades.

Com isso, os banqueiros estão instituindo uma espécie de ‘mesa de enganação’, pois esta já foi a sétima reunião entre a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) com o Comando Nacional dos Bancários, sendo a segunda desde que a greve nacional começou, há exatamente uma semana. E ainda não acabou, pois uma nova rodada de ‘negociação’ já está agendada para a quinta-feira, 15/9, às 16 horas, em São Paulo.

E por isso mesmo a greve nacional dos bancários só tem crescido em todo o país, e em Rondônia isso se comprovou hoje, com 112 das 130 agências existentes no Estado fechadas, um índice de 86%, bem acima dos 70% de adesão no primeiro dia de greve. No país inteiro foram 12.009 agências que tiveram as atividades paralisadas nesta terça, de acordo com informações da Contraf/CUT.                        

É mais uma prova de que os bancários rondonienses, a exemplo de todos no país, continuam insatisfeitos com a postura intransigente dos banqueiros, que insistem em oferecer reajuste salarial abaixo da inflação e abono como forma de 'compensação', mas que só representa perdas para a categoria.

“Na reunião de ontem os bancos voltaram a usar a crise econômica como desculpa para estes índices provocativos que nos oferecem. Querem instituir a qualquer custo essa famigerada política do abono e falam que o reajuste oferecido é sobre a inflação ‘projetada’. Ora, nós queremos é a inflação que já passou, onde já tivemos perdas, e não o que vem pela frente. Não queremos nada de abono, queremos é uma proposta que nos traga ganho real e, sobretudo, que as demais cláusulas sociais sejam discutidas e atendidas. Por isso convocamos a todos os bancários para que fortaleçam o movimento em Rondônia, a fim de dar uma resposta a estes bancos que insistem em querer nos desvalorizar”, mencionou José Pinheiro, presidente do Sindicato dos Bancários de Rondônia (SEEB-RO) e que está - e continuará – em São Paulo participando das mesas de negociação.

OS BANCOS PODEM

O lucro dos bancos segue como o mais alto do país: R$ 29,7 bilhões somando somente o resultado dos cinco maiores (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa) no primeiro semestre de 2016. Mesmo assim, nesse período fecharam juntos 13.606 postos de trabalho. Uma prática que faz com que as instituições financeiras ganhem cada vez mais com a sobrecarga de trabalho de seus funcionários. Menos bancários nas agências e mais clientes para atender: um quadro perverso para trabalhadores e clientes que engorda os cofres dos banqueiros.

“Com estes lucros eles podem sim atender a todas as nossas reivindicações e não há desculpa para tantas negativas. Se não há crise para os bancos, não tem que ter crise para os bancários”, concluiu o dirigente.

Rondineli Gonzalez - SEEB/RO