Bancos se calam diante de greve histórica e viram as costas para trabalhadores e população

O crescimento do movimento, que entrou na sua terceira semana, é uma resposta a Fenaban, ao não apresentar, nas duas últimas rodadas de negociação, melhorias na proposta já rejeitada.

Publicada em 21 de September de 2016 às 12:06:00

A greve nacional dos bancários completou, nesta terça-feira, 20/9, 15 dias, sendo a maior da história já que, antiontem (19), de acordo com dados da Contraf-CUT, em todo o país foram 13.071 agências que tiveram suas atividades paralisadas, um recorde para a categoria. O número representa 56% do total de agências do Brasil.

O crescimento do movimento, que entrou na sua terceira semana, é uma resposta ao desrespeito apresentado pala Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) com a categoria, ao não apresentar, nas duas últimas rodadas de negociação, melhorias na proposta já rejeitada.

Em Rondônia o número de agências fechadas se mantém na casa dos 86%, com 114 das 130 agências fechadas no Estado.

Mas nem mesmo essa greve histórica foi capaz de, até o momento, sensibilizar os representantes patronais que desde a última sexta-feira, 16 - após não apresentarem nenhuma proposta nova - estão completamente em silêncio, ignorando o fato da greve estar sendo intensificada a cada dia e, muito menos, o transtorno que isso trás para a população em geral, que precisa resolver alguma pendência diretamente dentro das agências que, com a paralisação, estão fechadas.

ELES PODEM, MAS DEMITEM

Enquanto o setor produtivo do país amarga prejuízos, o lucro dos bancos supera o de todos os outros setores juntos, de acordo com levantamento divulgado pela revista Infomoney, divulgada no dia 06 de setembro. Com lucro de quase R$ 70 bilhões em 2015 e R$ 30 bilhões no primeiro semestre deste ano, os banqueiros se recusam a sequer repor as perdas inflacionárias aos seus funcionários que reivindicam também um aumento real de 5%.

O setor que mais lucra no Brasil também é o que mais demite. Os cinco maiores bancos brasileiros (Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) fecharam mais de 13.600 postos de trabalho em relação ao mesmo período de 2015 e, juntos, fecharam 422 agências bancárias.

"Fica, portanto, evidente que não existe crise para os bancos, e que é exatamente neste momento de crise que eles lucram mais. Eles podem atender a todas as nossas reivindicações facilmente, a qualquer momento e, com isso, dar um fim à greve. Mas não querem, pois o objetivo de banco é só lucro e nada de valorizar o ser humano", disparou José Pinheiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO).

AS PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DOS BANCÁRIOS

* Reajuste salarial de 14,78%, o que significa 5% de aumento real acima da inflação.

* PLR de três salários mais R$ 8.317,90 fixos para todos.

* Piso salarial de R$ 3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).

* Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$ 880,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).

* Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.

* Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.

* Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.

* Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.

* Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, como determina a legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.

* Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).

Fonte: SEEB/RO