Cabo de guerra

(*)Valdemir Caldas

Publicada em 27 de November de 2013 às 09:43:00

Há uma fogueira crepitando dentro da administração Mauro Nazif. A cobrança do estacionamento rotativo, mais conhecido como “Zona Azul”, está queimando a mão do prefeito de Porto Velho.

De um lado, Nazif estaria cercado da intransigência da equipe econômica, que vê na implantação da medida importante fonte de receita da qual o poder executivo não pode abrir mão para fazer frenteàs necessidades do erário; e, de outro, a resistência de vereadores, como Aélcio da TV (PP) e Everaldo Fogaça (PTB), que não querem nem ouvir falar em aumento de impostos.

Esse cabo de guerra é um dado revelador da crise que cerca os poderes e, para não aprofundá-la ainda mais, o prefeito pediu a retirada do projeto da ordem do dia desta segunda-feira (25). Agora, é hora de Nazif mostrar que tem jogo de cintura para fazer passar sua proposta no plenário. As forças do fisiologismo já estariam se articulando.

Talvez mais importante que o aumento da carga tributária fosse o governo apertar o cinto para evitar o aprofundamento das dificuldades decorrentes de despesas inúteis, como, por exemplo, o excesso de cargos comissionados que eleva a folha de pagamento do município aos píncaros.

Tudo está posto, assim, repita-se, para a eclosão de um cabo de guerra entre o executivo (que não resiste à tentação da gastança desenfreada) e segmentos do legislativo (que exigem do governo austeridade nas despesas públicas).

No meio desse conflito, a posição da sociedade é das mais singulares: chega de imposto! Ninguém quer saber de aumento de tributos. E com justa razão. A pesar de o Brasil está entre os países que mais cobram impostos, a população não tem acesso a serviços de qualidades, sobretudo nas áreas da saúde, educação, segurança pública, dentre outros setores.

O prefeito Mauro Nazif precisa colocar a mão na consciência e mandar arquivar essa ideia nefasta. A voz do espírito público precisa estar acima de interesses imediatistas, que em nada se coadunam com as legítimas aspirações da coletividade. Pagar para ver não é o melhor caminho.