Centro de Referência oferece atendimento psicológico, social e terapêutico a dependentes químicos

Três comunidades terapêuticas conveniadas com o governo estadual disponibilizam 106 vagas para internação voluntária de dependentes químicos.

Publicada em 27 de February de 2015 às 10:01:00

Frederico Douglas Dias Monteiro, 27 anos, sonha com dias melhores; ele será encaminhado para internação na Comunidade Terapêutica Abisai, em Cacoal. É a sua terceira tentativa de tratamento, sempre buscada em companhia do pai, José Barros Monteiro. Frederico chegou ao Centro de Referência de Prevenção e Atenção à Dependência Química (Crepad) por indicação da Casa Rosetta, conveniada do centro.

O Crepad de Porto Velho é a unidade da Superintendência da Paz (Sepaz) para acolhimento e acompanhamento de dependentes químicos, geralmente usuários de álcool e de outras drogas, que necessitam de atendimento.

Frederico afirma que o tratamento é bom porque levanta a autoestima e resgata os valores, podendo ser mais humano e solidário com as pessoas. Conta que estava bem, mas foi parar num ambiente que o levou a recair. Não queria se sentir isolado, por isso acompanhou o clima onde os amigos bebiam e se divertiam.

Ele diz que quando está bem e em tratamento, tem outro tipo de amizade, as pessoas se aproximam. Ele quer voltar a estudar e lamenta o tempo perdido. Abandonou o Enem, mas vai tentar novamente no próximo ano, porque quer fazer vestibular para tentar engenharia agronômica ou química. Também lamenta ter perdido o curso de eletrotécnica oferecido pelo Instituto Federal de Educação.

O pai de Frederico, José Monteiro, conta que sempre buscou atendimento para o filho, mas ele sempre abandonou. Agora, afirma estar mais confiante porque “ele veio por conta própria”. Antônia, mãe de Frederico, também já teve orientação individual no Crepad e eles assistiam a palestras e faziam terapia de grupo na Casa Rosetta.

A assistente social Patrícia Nunes da Silva Braga prepara o encaminhamento de Frederico para a comunidade Abisai. Serão 45 dias iniciais e ele está preparando pertences e o restante dos documentos para viajar. O tratamento dura cerca de um ano, com acompanhamento psicológico, mudança de hábitos e rotinas. Patrícia enfatiza a importância de a família estar próxima, acompanhando Frederico a continuar o tratamento.

METAS DE ENFRENTAMENTO


Fortalecer a rede de serviços oferecidos ao tratamento de dependentes químicos e seus familiares, de forma institucionalizada, é uma das metas estabelecidas pela Superintendência da Paz (Sepaz) para este ano de 2015, conforme informou o superintendente do órgão, Thiago Flores.

A Sepaz é o órgão responsável por articular a política de enfrentamento à dependência química em Rondônia, um empreendimento pioneiro, implantado na primeira gestão do governador Confúcio Moura, que incentivou os técnicos a buscar experiência e capacitação noutros estados para consolidar o serviço em Rondônia, onde foi implantado o modelo de Alagoas.

Como articuladora estadual da política de enfrentamento às drogas, a Sepaz faz a interface com outros órgãos de atendimento e tratamento, como as comunidades terapêuticas sem fins lucrativos, que acolhem e tratam dependentes químicos; com os Caps; e centros de referência de assistência social.

INTERNAÇÃO


Três comunidades terapêuticas conveniadas com o governo estadual disponibilizam 106 vagas para internação voluntária de dependentes químicos, pois estão habilitadas de acordo com os requisitos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para ampliar o número de vagas disponíveis, a Sepaz quer ainda mapear as comunidades que estão mais próximas de se habilitar e, para isso, vai auxiliá-las na capacitação e elaboração técnica de seus programas terapêuticos.

Thiago Flores diz que o trabalho é um desafio porque a dependência química ainda não é vista pela sociedade em geral como um caso de saúde pública e, nesse caso, o dependente é estigmatizado. “Muitos adotam uma postura de segregação. Por isso esse trabalho é um desafio: temos que mudar o enfoque e mexer nas causas. Entender que é uma situação que tem cura e abrir a porta para o diálogo, tanto para o dependente, quanto para sua família”, pondera.

O Crepad de Porto Velho está localizado na rua Rafael Vaz e Siva, bairro Liberdade.


Texto: Mirian Franco