Cientista Luiz Hildebrando recebe maior honraria do Estado

Cientista foi foi condecorado com a Ordem do Mérito Marechal Rondon – a maior honraria outorgada pelo governo estadual.

Publicada em 02 de June de 2014 às 19:14:00

O cientista Luiz Hildebrando Pereira da Silva, que atuou e chefiou a equipe que desenvolveu importantes estudos sobre a imunidade protetora da malária falciparum, foi condecorado com a Ordem do Mérito Marechal Rondon – a maior honraria outorgada pelo governo estadual. A solenidade ocorreu nesta segunda-feira (2), no gabinete do governador Confúcio Moura (PMDB).



Luiz Hildebrando destacou a importância do investimento no campo da pesquisa e do trabalho em equipe. Conforme afirmou, sem essa estrutura, o pesquisador não é ninguém. “Rondônia está perto de apresentar novas soluções ao mundo porque aqui há investimentos e atuação conjunta,” disse ele, que é também pesquisador honorário da Fiocruz e coordenador da pós-graduação em biologia experimental da Unir.

O governador Confúcio Moura (PMDB) disse que a premiação é justa por tudo que o agraciado representa para Rondônia e para o mundo com descobertas científicas valiosas. “Trata-se de uma das personalidades mais ilustres do planeta. Nós é que temos que agradecer este homem. Muito obrigado por tudo, Luiz Hildebrando,” falou o governador.
A solenidade foi prestigiada pelo secretário-chefe da Casa Civil, Marco Antônio de Faria, pelo deputado Zequinha Araújo (PMDB) e por representantes de órgãos e entidades envolvidas com ações nas áreas de pesquisas científicas e tecnológicas.

Currículo de Luiz Hildebrando Pereira da Silva
Formado em Medicina em 1953 pela Universidade de São Paulo, viajou para a Paraíba em 1954 onde participou da organização do Laboratório de Parasitologia e do ensino da disciplina na nova Faculdade de Medicina de João Pessoa. Desenvolveu entre 1954 e 1956 pesquisas sobre a epidemiologia da esquistossomose e da Doença de Chagas. Convidado em 1956 para assistente de Parasitologia na FMUSP, voltou a São Paulo e integrou-se a famosa equipe que trabalhava com Samuel Pessoa.

Desenvolveu com sucesso, entre 1956 e 1960, em colaboração com Ferreira Fernandes, pesquisas em quimioterapia da tripanosomiase americana utilizando análogos de purina para inibir a biossintese de salvação de purinas do parasita. Depois de 1960, quando obteve a livre docência em parasitologia, viajou como bolsista do CNPq para Bruxelas, onde trabalhou com René Thomas em genética molecular do bacteriófago lambda. Em 1962-3 trabalhou no Instituto Pasteur com François Jacob que vinha de publicar com Jacques Monod o célebre modelo de regulação da expressão gência em procariontes que lhes valeu o Premio Nobel de Medicina de 1965.

Voltando ao Brasil em fins de 1963, organizou com Erney Camargo o Laboratório de genética de protozoários na FMUSP e o primeiro seminário paulista sobre Biologia Molecular reunindo pesquisadores de várias Instituições locais. Militante de esquerda conhecido, foi preso após o golpe militar de 1 de abril de 1964 e depois processado e demitido da USP pelo Ato Institucional n.1. Voltou a Paris e ao Instituto Pasteur e trabalhou com Harvey Eisen com quem descreveu o gene CRO, responsável pela regulação da expressão do repressor do fago lambda.

Em previsão de um retorno ao Brasil organizou um curso sobre genética molecular de bacteriófagos no Departamento de Bioquiica da USP em 1967 e em 1968 aceitou a posição de professor no Departamento de Genética da USP- Ribeirão Preto com Warwick Kerr voltando a trabalhar com genética de eucariontes unicelulares. Em 1969, entretanto, foi novamente demitido pelo Ato Institucional nº 5 e voltou a Paris onde foi nomeado chefe do Laboratório de Diferenciação celular, adotando o modelo de Dyctiostelium discoideum. Em 1976 foi convidado por Jacques Monod, diretor do Instituto Pasteur, a organizar uma nova unidade de Parasitologia, associando sua experiência em Protozoologia médica com a nova formação em Biologia Molecular.

Entre 1977 e 1996 trabalhou em malária, reunindo uma equipe brilhante de colaboradores como Jurg Gysin, Arthur Scherf, Odile Mercereau, Gordon Langsley, Pierre Druilhe, Frnçois Trape, Christophe Rgierm entre outros que desenvolveram importantes estudos sobre a imunidade protetora de malária falciparum, definindo, isolando as respectivas moléculas recombinantese estudando em modelos primatas experimental e em voluntários humanos luma série de moléculas antigênicas candidatas a vacina contra a malária que até hoje permanecem como moléculas prioritárias para futuras vacinas. Organizou igualmente a unidade de produção de primatas modelo para malária experimental em Cayenne e a Unidade de terreno em Diemo, Senegal para estudo de malária humana.

De volta a Brasil, após sua aposentadoria no Pasteur, integrou com Mauro Tada o Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia e organizou depois o IPEPATRO Rondônia que reúne atualmente alguns especialistas de renome e várias dezenas de jovens pesquisadores formados nos programas de pós graduação da Universidade Federal de Rondônia local (Unir).

Atualmente o IPEPATRO foi absorvido pela Fundação Oswaldo Cruz e se tornou uma das cinco novas unidades da Fiocruz, projeto que se iniciou em 2009, denominada de Fiocruz Rondônia. Hildebrando é pesquisador honorário da Fiocruz, coordenador da pós-graduação em biologia experimental da Unir, conselheiro da CAPES e do Conselho Superior do MCTI da Presidência da República. É membro do Comitê Gestor do InPeTAm da UFRJ e colabora com várias universidades do Brasil e do exterior.


Texto: Decom
Fotos: Marcos Freire