Concurso vai impulsionar Rondônia para o mercado internacional do café canéfora

As 184 amostras já foram encaminhadas para análise de classificação e, em breve, serão conhecidos os 20 primeiros selecionados para concorrer à etapa final.

Publicada em 29 de July de 2016 às 13:30:00

Desde que foi lançado em Porto velho, em maio deste ano, o Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café do Estado de Rondônia atingiu proporções que estão superando as expectativas de seus organizadores. Criado para identificar, promover e premiar produtores de café canéfora de qualidade, o evento, que começou timidamente com o pré-lançamento, em Alvorada do Oeste, ganhou o estado, e hoje conta com parceiros que poderão levar o café de Rondônia além das fronteiras brasileiras. As 184 amostras já foram encaminhadas para análise de classificação e, em breve, serão conhecidos os 20 primeiros selecionados para concorrer à etapa final.

Melhoria da qualidade e abertura de novos mercados.  Concurso visa à melhoria da qualidade e abertura de novos mercados

O Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café Canéfora do Estado de Rondônia vai premiar agricultores, produtores de café, que apresentarem as melhores amostras de grãos, produzidos de acordo com as boas práticas de produção e que adotem em suas lavouras processos produtivos compatíveis com a sustentabilidade. Lançado oficialmente no dia 12 de maio, em Porto Velho, o evento atraiu a atenção de empresas nacionais e internacionais consumidoras e exportadoras do produto.

Realizado pelo Governo de Rondônia, sob a coordenação da Secretaria do Estado de Agricultura (Seagri), Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO) e Agência de Defesa Sanitária Agrossilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron), além da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-RO) e Câmara Setorial do Café de Rondônia, o concurso pretende identificar a melhor bebida do café rondoniense e conta com parceiros, como Juninho Soft Café, Sebrae, Programa Café Sustentável, P&A Marketing Consultor SCP Brasil, Amazônia Coffee, Nescafé e Fundação Hanns R. Neumann Stiftung do Brasil entre outros apoiadores como: Olom Coffee, Pinhalense e Agro Mais (representante de Palini Alves Maquinas agrícolas).

O café é o produto que mais arrecada Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para Rondônia, cerca de R$ 37 milhões em 2014, e aproximadamente R$ 45 milhões em 2015 (Dados do IBGE). Mas esses números só foram possíveis porque houve uma injeção muito grande de incentivo à lavoura cafeeira no estado.

Para retomar a lavoura cafeeira, as políticas públicas de governo introduziram o uso de novas tecnologias como: técnicas de clonagem, irrigação localizada e a recuperação de solos através da calagem e adubação. O resultado vem apresentando um crescente aumento da produtividade e qualidade do café de Rondônia.

Para enfrentar o cenário competitivo, é preciso investir na excelência do produto e, para se alcançar a qualidade ideal dos grãos e da bebida de café é fundamental que o produtor execute corretamente as técnicas que incluem tratos culturais com observância do ponto ideal de colheita e práticas pós-colheita como: secagem e armazenamento adequados.

Ao longo dos últimos anos o governo de Rondônia vem priorizando essas ações e incentivando o agricultor a produzir cada vez mais e com qualidade. Para fortalecer a cultura reativou a Câmara Setorial do Café, institui o dia do início da colheita do café (Lei nº 3.516, de 17 de março de 2015) e tem disponibilizado ao agricultor uma cultiva indicada especialmente para o solo rondoniense, o café BRS Ouro Preto, desenvolvido pela Embrapa-RO.

O resultado dessas ações é um café com todas as características desejáveis, entre elas aroma, dureza, acidez e doçura. Agora é hora de saber quem está obtendo sucesso em sua lavoura.

PREMIAÇÃO

O 1º Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café Canéfora do Estado de Rondônia teve suas inscrições encerradas no dia 30 de junho deste ano. Foram recebidas 184 amostras de café, sendo cada uma com três litros de café pilado, acondicionado em saco plástico transparente. Essas amostras foram entregues nos escritórios da Emater-RO e encaminhadas ao laboratório de análise da Idaron, em Machadinho do Oeste, para classificação, de onde sairão os 20 semifinalistas.

Os 20 melhores resultados obtidos com a classificação serão transformados em bebidas a serem apreciadas por Q-Graders – provadores de café qualificados, controlados e profissionalmente treinados, certificados pelo Coffee Quality Institute (CQI). “Esta será a primeira vez que o Q-Graders vêm a Rondônia”, diz Janderson Dalazen, gerente técnico da Emater-RO que está coordenando os trabalhos do concurso. São eles que definirão os dez finalistas, já com suas avaliações e pontuações, que culminará em um ranking estadual.

“Os dez serão premiados, mas teremos a classificação que indicarão os três melhores em qualidade e sustentabilidade do estado de Rondônia”, disse Dalazen.

Ele explicou que hoje, o café rondoniense é conhecido como qualidade de bebida com o café arábica, mas o que predomina em Rondônia é o café canéfora, uma mistura de robusta com conillon. “Com o concurso, nós queremos mostrar que o café canéfora também tem potencial para qualidade de bebida”, acrescentando que o produtor que trabalhar qualidade vai ganhar também em rentabilidade e em todos os seus aspectos na propriedade.

Portanto, essa é uma etapa muito importante não só para o concurso, mas para o estado e para os cafeicultores, pois colocará mais um café rondoniense no cenário internacional de café. Os Q-Graders avaliarão o aroma e o sabor do produto aferindo-lhe uma nota. Se bem classificado, atrairá empresas compradoras de café não só do Brasil, como do mundo, abrindo as portas para o mercado internacional.

Anterior à etapa final que definirá o melhor café em qualidade reconhecida mundialmente, os cinco melhores classificados serão colocados para degustação do público de Porto Velho. A ideia é conhecer também a preferência popular. O local ainda não está definido, mas será uma prova às cegas. O café não estará identificado, serão codificados e as pessoas poderão prová-los e votar no seu preferido. O mais votado será considerado o melhor café pelo voto popular.

“Porque entendemos que o melhor café é aquele que o consumidor prefere”, argumentou o gerente da Emater-RO.

Texto: Wania Ressutti
Fotos: Irene Mendes