Debaixo de vaia: Apitaço dos servidores do DETRAN atrapalha Confúcio Moura no anúncio de obra eleitoral

Nesta segunda, os seguranças e assessores tentaram impedir que o protesto tirasse o brilho da solenidade governamental, mas o governador teve que sair às pressas do local e debaixo de vaia.

Publicada em 14 de January de 2014 às 09:28:00

A solenidade para o anúncio oficial do governador Confúcio Moura de lançamento do projeto de construção de um novo espaço alternativo, voltado para os adeptos de práticas esportivas ao ar livre na Capital, que aconteceu nesta segunda-feira, 13, na Avenida Jorge Teixeira, entre o Hospital de Base e o Aeroporto Internacional, teve como principal destaque um fato inesperado, que foi um apitaço realizado pelos servidores do DETRAN em greve há quase dois meses, protestando contra a falta de diálogo do diretor geral da Autarquia, Aírton Gurgacz, denunciando o descalabro que são as atuais instalações do Departamento em todo Estado e ataques feitos pela atual gestão a direitos da categoria.

O lançamento da obra serviria para marcar, também, a retomada de uma investida eleitoral na capital, visando reverter o índice de desaprovação, pela população de Porto Velho, da administração estadual. Desde o ano passado, Confúcio vem anunciando grandes obras no município. Começou com a rua da Beira, nas margens da BR-364, que até hoje não foi concluída e nem tem uma data definitiva para sua conclusão. O governador também chegou a anunciar o asfaltamento de vários quilômetros de rua na capital, mas tudo ficou na promessa. Na área de saúde, o Governo anuncia como sendo sua a construção do Hospital de urgência e emergência, que será construído com recursos de compensações das empresas que constroem as usinas do Madeira. No setor de habitação, Confúcio fatura dividendos políticos com o residencial Orgulho do Madeira, que está sendo construído dentro do projeto Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, mas que o Governo estadual propagandeia ser obra sua.


Nesta segunda, os seguranças e assessores palacianos bem que tentaram impedir que o protesto dos servidores do Detran  tirasse o brilho da solenidade, inclusive arrancando uma corneta da mão do presidente do Sindicato e tentando dificultar a abertura de faixas e exibição de cartazes, foi em vão.

Quando o governador tentou conceder uma entrevista coletiva à imprensa , os manifestantes fizeram um ensurdecedor apitaço que inviabilizou totalmente a coletiva, que foi abruptamente encerrada. Além disso, o discurso do governador e de outras autoridades para anunciar a obra foi cancelado e iniciaram imediatamente uma rápida caminhada. O governador Confúcio Moura com secretários de Estado, servidores e correligionários percorreram parcialmente a avenida Jorge Teixeira.

Perto do encerramento da tumultuada programação , chegou ao local o senador Acir Gurgacz, presidente do PDT e principal responsável pela indicação do atual diretor geral do Detran, o seu tio Airton Gurgacz, que tem se recusado a estabelecer qualquer diálogo com os servidores em greve e ainda autorizou o desconto ilegal dos dias de greves, que terá que ser devolvido este mês. Os manifestantes conversaram rapidamente com o senador , que se colocou à disposição para receber uma comissão dos servidores em greve.

O Sindicato dos Servidores do DETRAN (SINDEST) pretende solicitar do senador que intermedie a abertura de negociação com a direção da Autarquia; a exemplo do que já foi solicitado na mesma data para o deputado federal Amir Lando.

Os servidores do DETRAN fazem questão de ressaltar que o principal motivo da greve não é aumento salarial, mas um conjunto de reivindicações que visa,  principalmente,  a melhoria das condições de trabalho, atendimento à população e funcionamento da Autarquia.

Denunciam as péssimas condições das instalações do DETRAN, que funcionam em sua maioria em imóveis alugados e precariamente adaptados, mesmo o órgão tendo condições de adquirir sedes próprias; o excessivo número de comissionados, que representam 30% do quadro; falta de investimentos no setor de informática, que resulta em frequentes queda do sistema e demoras excessiva no atendimento; necessidade de realização de um novo concurso e de revisão no Plano de Cargos Carreira e Remuneração (PCCR).

O que mais tem irritado os servidores - os mais humilhados do atual Governo - é a sangria operada pelo estado nos cofres do Detran. No final do ano passado, segundo se comentou durante a passeata, o Governo do Estado teria retirado R$ 2 milhões dos cofres da autarquia para pagar publicidade em órgãos de imprensa que possivelmente poderiam apoiá-lo na eleição.