DEPUTADA EPIFÂNIA, A “TESTEMUNHA”!

FRANCISCO XAVIER GOMES Professor da Rede Estadual

Publicada em 19/01/2012 às 12:56:00

Após a veiculação de diversas informações acerca da operação da Polícia Federal, denominada “Termopilas”, a deputada Epifânia Barbosa, do Partidos dos Trabalhadores, viu-se numa situação pela qual o partido de Lula jamais havia passado no estado de Rondônia: uns a consideram propineira; outros “testemunha” dos fatos protagonizados pelo então presidente da Assembleia de Rondônia, hoje foragido, Valter Araújo.

Tendo seu nome citado inclusive por pessoas que foram presas na operação, Epifânia passou a dizer que era apenas “testemunha” dos fatos, argumento que até teve como tempero uma nota muito mal feita pela PF, falando da condição de “testemunha” da deputada petista.

Entretanto, Epifânia, a Policia Federal, o PT e o Ministério Público nunca explicaram aos eleitores e contribuintes de Rondônia por que a Justiça Estadual decidiu bloquear os bens da “testemunha” Epifânia, liberando apenas seus míseros salários de deputada, que passam de 20.000 reais. Muito estranho que a deputada, como “testemunha”, tenha que passar pelo constrangimento de ter seus bens bloqueados, afinal de contas as testemunhas são pessoas que servem para ajudar a justiça em situações como esta. Certamente a contribuição da deputada seria significativa, tendo em vista que ela conhece todos os corredores da Casa de Leis de nosso estado.

E não foi somente a justiça de Rondônia que constrangeu a “testemunha” Epifânia; o próprio Partidos dos Trabalhadores fez isso, quando aceitou seu afastamento da presidência do partido, sendo que, além disso, houve até mesmo pronunciamento do Deputado Federal Padre Tom, pedindo sua saída do cargo mais ilustre do PT de Rondônia. Como deputado federal, o padre Tom certamente teve acesso a alguma informação, pois o PT nunca contestou as declarações do parlamentar. Ao contrário, acatou e afastou a “testemunha” Epifânia.

Outro dado curioso é que as pessoas presas na citada operação, incluindo o foragido, deputado Valter Araújo, são acusadas de pertencer a uma perigosa quadrilha que teria sido formada para roubar o estado. Ora, se nossa deputada é “testemunha” dos atos da suposta quadrilha, incluindo-se os supostos pagamentos de propina, ela também compõe a tal quadrilha. É simples: está escrito em nossa legislação, especificamente na Lei de Improbidade, que a participação por ação ou omissão, culposa ou dolosa, constitui crime. Do mesmo modo, os deputados têm o dever de denunciar quaisquer atos que causam dano aos cofres do estado. Não fazer isso significa participar dos fatos.

Se a deputada e “testemunha” Epifânia sabia dos acontecimentos, não pode ser considerada uma mera “testemunha”. Se não sabia dos fatos, não pode ser acusada injustamente de receber grana. E mais curioso ainda é: Por que dentre os 24, somente ela foi escolhida pela PF para ser testemunha? Se houve outro parlamentar arrolado com testemunha, então faltou a publicação da nota oficial da PF...

Agora, ser testemunha de tudo isso que está sendo exposto pela mídia e pela polícia, desde a prisão do pessoal, não é “molezinha”, não... A deputada Epifânia deve ser mesmo muito corajosa, ou então muito comprometida com Rondônia. Pouca gente teria coragem de testemunhar contra esse turbilhão de problemas citados pelo MP, pela PF e pela própria imprensa estadual. Vale lembrar, ainda, que os deputados, pela lei, não são obrigados a testemunhar. Deve ser abnegação mesmo...
Assistindo a tudo isso, está o PT, sendo que alguns de seus membros consideram as acusações contra a deputada como “jogo da imprensa”. O problema é que até hoje Epifânia, vítima de todo esse “jogo da imprensa”, não se manifestou sobre as acusações de também ser propineira, não se tem noticia de que ela ou o PT tenha processado nenhum jornalista ou outra pessoa que fazem tais acusações. E ficam muitas perguntas no ar: Por que a justiça tirou o cargo que a “testemunha “ Epifânia tinha na mesa diretora? Por que a deputada não usa ao menos o microfone da tribuna do parlamento para contestar essa “injustiça”. Por que a “testemunha” Epifânia, militante de um partido que não gosta de nada errado, não participou do ato organizado por vários petistas e pela OAB/RO, presidida pelo petista Hélio Vieira, em frente à Assembleia, cujo objetivo era combater a corrupção? A presença de deputados ou vereadores neste tipo ato é algo que faz parte da história do PT, é uma marca...

Finalmente, é muito estranho que os sindicatos dirigidos por petistas não tenham feito cartazes bem grandes com o rosto de cada “propineiro”, como é de costume se fazer. Se a deputada Epifânia é apenas “testemunha”, os sindicalistas e petistas deveriam ter orgulho de ter a presidente do partido de Lula como testemunha de um dos maiores escândalos promovidos pelos deputados de Rondônia e mostrar a cara dos deputados envolvidos para que o eleitor rondoniense saiba claramente quem são e conheça a cara de cada um dos elementos que fazem da saúde pública do estado algo muito pior a cada dia... Tenho dito!!!


FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual