Juliana Martins


O deputado Lazinho da Fetagro (PT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa para repudiar a prisão do ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vilhena e Chupinguaia, Udo Wahlbrink. Segundo o deputado, mais 15 sindicalistas também podem ser presos a qualquer momento.

De acordo com o parlamentar, o sindicalista foi preso na tarde de terça-feira (3) por lutar e estar à frente dos anseios dos agricultores do Cone Sul, que brigam por terras da região.

Para Lazinho, a distribuição de terra no Brasil sempre foi injusta e hoje pessoas estariam até morrendo por um pedaço de terra. Segundo ele, o tratamento dado aos agricultores é diferenciado. “Bandido e criminoso aguarda em liberdade, trabalhador que luta pela sua classe é preso imediatamente. E quem tem culpa disso é o Governo Federal, é o Governo do Estado, é o Judiciário, é nossa culpa”.

O deputado explicou que nas décadas de 70 e 80 o Cone Sul foi uma das regiões que viveu uma realidade produtiva fraca. Segundo Lazinho, a maioria das terras de qualidade foi distribuída e as pessoas tinham que cumprir cláusulas resolutivas do contrato de doação, mas na década de 90 muitos não cumpriram a função social das terras. “Só desmataram, não pagaram a terra, começaram a fazer simples contratos de compra e venda pra terceiros e assim começaram a surgir os conflitos”, contou.

Em aparte, o deputado Marcelino Tenório lamentou a prisão do sindicalista e disse que o Estado deveria agir de forma contrária, em apoio aos agricultores. “O Estado deveria dar condições de trabalho a esses agricultores e não usar desses artifícios. Também deixo aqui o meu repúdio a ações como esta”, declarou Tenório.

Luizinho Goebel (PV) também lamentou a notícia da prisão do sindicalista. “Conheço esse cidadão, sei das suas lutas e me entristece ver pessoas que buscam o bem da sua categoria passar por situações como esta”, disse o deputado, que citou ainda a reforma agrária do Uruguai como modelo a ser copiado pelo Governo Federal. “O que é bom e o que dá certo tem que ser copiado”, afirmou Goebel.

Segundo Lazinho da Fetagro, o que acontece hoje é reflexo do passado e famílias inteiras estão sendo expulsas das terras consideradas irregulares. “E como muitas não têm pra onde ir, acabam jogadas na beira das estradas, passam fome e algumas, num ato de desespero, insistem em voltar para essas terras, desobedecendo a Justiça”, afirmou o deputado, que continuou: “Mandaram prender pais de famílias e até vereador que ajudaram com a distribuição de cesta básica”.