Desabrigados pela cheia do Madeira vivem ainda em situação de penúria

O vereador Everaldo Fogaça, que apresenta o programa Políticos em Ação, ouviu diversas famílias sobre o descaso do poder público.

Publicada em 27 de May de 2015 às 11:15:00

Porto Velho, RO – A realidade de muitas vítimas da enchente do Rio Madeira, que ocorreu no começo do ano passado e perdurou por muito tempo é, basicamente, um imenso vazio. Vazio que pode ser comparado às promessas feitas pelas autoridades públicas na ocasião da tragédia às famílias desabrigadas.

Só para mencionar alguns exemplos, estão entre elas: novas residências, auxílio-moradia e assistência social (atendimento médico, distribuição de cestas básicas).

Além de observar e ouvir da boca dessas pessoas que não há nada disso, o vereador Everaldo Fogaça (PTB), que também apresenta o programa Políticos em Ação, constatou que sequer existe o mínimo: muitos nem têm o que comer. Quando tem, é pouco. Situação realmente digna de atenção por parte de entidades que lutam pelo respeito aos Direitos Humanos, conforme afirmou outro visitante, o deputado estadual Jesuíno Boabaid (PTdoB).

Fogaça apresentou então extensa reportagem, quase meia hora de depoimentos e imagens que escancaram a penúria que se tornou o cotidiano dessa ala social atingida por tamanho baque em 2014.

A comunidade de Itapuã, que vive ainda em barracas proporcionadas pela Defesa Civil, está desacreditada. O calor, os mosquitos, a falta de ajuda e tantos outros fatores os deixam descrentes em dias melhores.

“O calor é medonho. À noite não dá para dormir. Cochilo tem de ser rápido senão não dá pra agüentar. As casas caíram. A água as levou. Sobrevivemos com ajuda do governo. Mas o auxílio prometido e garantido, que recebíamos, não há mais”, disse um dos moradores.

Outra vítima relatou:

“O rio levou tudo que eu tinha. Não tínhamos canoa para tentar conservar o pouco que havia. Sobraram um pequeno fogão e um colchão velho. Meus filhos estão sofrendo, minha família toda está”, revelou.

E assim continua a saga de entrevista onde, em sua maioria, pessoas apontam para os chãos de suas barracas deixando claro que já não há mais nada e que, se não for tomada uma medida urgente, suas realidades tendem a piorar.

Raimunda Lisboa, que também é vítima do Madeira, disse que infestação dos mosquitos é insuportável:
“Não ficamos sossegados. Temos que manter tudo fechado durante o dia. O pessoal da fumaça não aparece e por aí vai”, diz.

O deputado Boabaid falou sobre suas impressões após a visita:

“Estamos vindo in loco ver essa situação que é constrangedora, humilhante. Queremos que esse material seja encaminhado à Assembleia Legislativa. Em seguida, deverão ser expedidas recomendações ao governo sob pena de severas sanções”, comentou o parlamentar.

Fogaça, na condição de político e espectador da miséria, fez seus apontamentos:

“A prefeitura deixou de fazer. O Governo de Rondônia deixou de fazer; o federal, idem”.

E em seguida perguntou a Jesuíno:

“Como seria a solução para o problema?”

O deputado respondeu:

“A solução seria a execução das conversas de campanha. Ter serviços na área de construção. Tudo que está sendo filmado, registrado, sentido na pele, levarei para o senhor governador. Falo aqui também em nome do Poder Legislativo, na pessoa do presidente Maurão de Carvalho (PP). Farei os procedimentos para que haja a resposta necessária e essas pessoas saiam dessa situação. A dignidade da pessoa humana está sendo ferida aqui”, concluiu.

São Carlos

Fogaça presenciou cenário de destruição também no distrito ribeirinho de São Carlos.

“A maioria da população acabou voltando mesmo contra as recomendações das autoridades”, disse.

Um morado, que tinha um sítio, contou sobre sua situação

“Essa área era de um sítio [apontando para área vazia]. Hoje não há mais nada. Não temos perspectiva. Não tem como investir mais nada aqui. Estamos sem saber o que fazer. A Defesa Civil não queria que voltássemos, mas aqui é nosso lar”, contou.

Igreja Cristã do Brasil

A Igreja Cristã do Brasil, que seria inaugurada no ano em que foi destruída, foi devastada pelas águas do Rio Madeira.

“Aqui as pessoas exerceriam sua fé. Mas não há mais nada”.

Nova São Carlos

A área que seria destinada aos desabrigadas está ocupada, mas não por gente. Há mato e um cercado, mas habitação zero.

“Olha esse mato. Matagal velho. Um ano e meio, mesmo com conversa com o governador Confúcio Moura e tudo está assim. Está tudo registrado”, disse Jesuíno.

Alan Kardec Coelho, líder do Movimento dos Atingidos por Barragens, o MAB, finalizou:

“Nosso objetivo é ver as famílias dentro de suas próprias moradias. Reassentadas. Vida como era antes. Ver as comunidades todas elas unidas. Vivendo juntos, próximos. Para não ficar espalhadas”.

 
 

Assessoria