Discurso fora de hora

Valdemir Caldas (*)

Publicada em 30/04/2013 às 09:50:00

Semana passada, durante entrevista a um programa de rádio da capital, o presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia, José Hermínio Coelho (PSD), reclamou de uma suposta “falta de compromisso dos políticos” com os problemas sociais, ou seja, reclamou de si mesmo. Alvíssaras! Pela primeira vez, Coelho fez uma autocritica.

Coelho disse, ainda, que a “politica de Rondônia é falha e os políticos são incompetentes”. E ele, onde fica nessa história? Será que o presidente da ALE se julga o único político honesto e competente que temos por essas bandas? E disse mais: “que isso o deixava muito indignado”. Quem anda indignado, presidente, é o povo, com tantas bandalheiras.

Para Coelho, “o jogo bruto da política leva sempre para o lado errado”. Então para que lado ele está indo, já que não tem feito outra coisa, desde que se sentou na cadeira de Valter Araújo, a não ser jogar pesado contra seus adversários? Que o diga o governador Confúcio Moura e, mais recentemente, Marcelo Bessa, Secretário de Segurança, Defesa e Cidadania, além dos senadores Valdir Raupp e Ivo Cassol. Isso para não falar do ex-prefeito de Porto Velho Roberto Sobrinho.

Coelho só não tem jogado bruto, mesmo, é com seus colegas, apenhados pela operação Termópilas da Polícia Federal. Quando alguém fala sobre o assunto ele desconversa e põe logo água fria na fervura. Na verdade, de um presidente às voltas com crescentes dificuldades e espectador quase impotente da queda de popularidade da casa que diz comandar, não se poderia esperar outra coisa.

Ele quer que Confúcio “inverta a sua forma de governar Rondônia”, mas não faz o mesmo com relação a ALE. O que deveria preocupar o presidente Coelho, a esta altura do campeonato, é a sucessiva perda de oportunidade que ele já teve para mudar o perfil do poder legislativo, mas nada fez.

Seu tempo está-se acabando e Coelho ainda não conseguiu imprimir sua própria marca. Por conta disso e de outros absurdos, sua administração tem sido marcada por temores e desconfianças, a começar por servidores do legislativo, que não acreditam mais nas promessas dele. É a imagem de um político mais afeito a bravatas do que mesmo preocupado com a realização de ações duradouras e de efeitos práticos.

Vê-se, pois, que Coelho não estava preparado para assumir tantas e tão importantes responsabilidades quantas são as de um presidente de um legislativo estadual. Em sua gestão, a ALE tem sido um poder tíbio e vacilante, que já teve a sua vez e a sua enésima quinta hora e deixou passar a oportunidade de tornar-se grande aos olhos da opinião pública.

Grita contra o governo de Moura, mas só faz lambanças, uma atrás da outra. Em nome do corporativismo, mandou às favas o princípio da autoridade. Seu teatralismo e a sua afoiteza não têm sido suficientes para retirar a ALE do cipoal do descrédito no qual está mergulhada. Mesmo assim, ele ainda se considera apto para governar Rondônia.