Dos 24 deputados estaduais de Rondônia, 22 se venderam a Confúcio

Deputados foram comprados com cargos comissionados no valor de até R$ 40 mil e contratos de prestação de serviços. O negócio, feito em 2011, vale até hoje para blindar o governador Confúcio Moura.

Publicada em 26 de November de 2014 às 10:50:00

Da reportagem do Tudorondonia

O fato da maioria dos deputados estaduais de Rondônia sequer aceitar tomar conhecimento oficial das denúncias contidas nos inquéritos da Operação Platéias tem uma explicação muito simples: quase todos tem o nome citado no esquema como beneficiário de alguma falcatrua.

Nesta segunda-feira, a maioria sumiu do plenário para não tomar conhecimento da denúncia pedindo o afastamento do governador Confúcio Moura (PMDB). Todos se fecharam na sala do deputado Eurípedes Lebrão, a quem já está assegurada a dretoria geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) a partir do ano que vem.

Segundo depoimento prestado na PF pelo ex-secretário adjunto de Saúde, José Batista da Silva, em 2011 o governador Confúcio Moura criou 800 cargos de CDS na Secretaria Estadual de Administração. Grande parte desses cargos foi destinada aos deputados estaduais, os mesmos que agora se recusam a analisar qualquer denúncia contra o governador. Na época, o loteamento desses cargos foi justificado como forma de o Governo conseguir aprovar projetos no balcão de negócios chamado Assembleia Legislativa.

Nesse loteamento do Governo, ordenado pelo próprio Confúcio, ficou acertado que cada deputado apresentaria uma lista de pessoas para ocuparem cargos comissionados no montante de até R$ 40 mil. Na época, Confúcio disse na imprensa que esses CDs seriam preenchidos por servidores estatutários, o que era mentira.

A ideia de criar os cargos e distribui-los aos deputados , no montante individual de R$ 40 mil, foi do governador.
Diante desse loteamento, a então secretária da Sead, vera Paixão, não concordou e foi exonerada pelo governador.
Cada deputado enviou então à Casa Civil uma relação de apaniguados que deveriam ser nomeados.

Somente cinco deputados estaduais não aceitaram o acordo (entre eles, Ribamar Araújo, Glaucione Neri e Neodi Oliveira). Somente um, Ribamar Araújo, não aceitou por convicção. Os demais já tinham negócios com o Governo e ficaram com medo de um escândalo envolvendo o loteamento de cargos para servidores fantasmas. Hermínio Coelho, que sempre fez oposição sistemática ao governador, não foi procurado para negociar.

Glaucione possui contrato de fornecimento de oxigênio hospitalar; Neodi tem seus interesses atendidos pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

Todos os servidores indicados pelos deputados e nomeados pelo governador nunca prestaram serviços ao Governo e viraram servidores fantasmas, a maioria recebendo até hoje.

De acordo com o depoimento de José Batista, o próprio governador determinou a terceirização de serviços no Governo para atender os parlamentares. Mas isso é uma outra história, que o Tudorondonia revela ainda hoje.