Em Linhas Gerais

Gessi Taborda

Publicada em 29 de May de 2015 às 15:44:00

Confúcio venceu às custas dos rondonienses que votaram sem pensar e graças a uma oposição fraca

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PARA REFLETIR

O ser humano dotado de criatividade é capaz de romper barreiras, abandonar o óbvio e gerar novos conceitos que, muitas vezes, mudam o curso dos acontecimentos.

LASTREADA NA FRAUDE

Está na cara que Rondônia não aguenta mais quatro anos de desmandos e ausência de rumos construtivos. Já no primeiro mandato de Confúcio todas as pesquisas conhecidas mostravam que o estado estava cansado de sua gestão, marcada por indecisões e pela ação de uma quadrilha desviando dinheiro público, promovendo fraudes, motivando a prisão de importantes membros do alto escalão do governo e até de membros da família do próprio Confúcio.
Poucas pessoas tinham coragem de apostar numa reeleição desse personagem. O próprio Confúcio, conhecedor de seu desgaste, relutava em disputar a reeleição.

EVIDÊNCIAS

Contra todas as evidências, Confúcio ganhou de novo. Venceu às custas dos rondonienses que votaram sem pensar e beneficiando-se da falta de uma Oposição capaz e sem lastro.
Não demorou muito e a própria Justiça, numa decisão que cassou o mandato do recém-eleito, chancelou o óbvio ululante: a vitória do “filósofo” de Ariquemes foi conseguida com a prática do abuso político e econômico, ou seja, através da fraude, do desrespeito às regras estabelecidas na legislação eleitoral.

FILME RUIM

O que se assiste nos dias de hoje, já em fim de maio de 2015, com apenas cinco meses da nova gestão do governador cassado Confúcio Moura, é a projeção na tela da vida estadual de um velho e triste filme do estilo peemedebista de governar, inaugurado com Valdir Raupp (hoje no Senado), do qual Confúcio é apenas o pseudo-filósofo tentando, nesse momento de forma desesperada ser o que, integralmente não é e (parece) nunca mais será, governador do estado de Rondônia.

VISÃO PEQUENA

Por mais paradoxal, nesse momento o próprio Confúcio é vítima da armadilha do cipoal jurídico que cassou seu diploma de eleito condenando-o à perda do mandato, mas, por uma liminar, mantém o político na condição de “estar no governo”.

Se tivesse pelo menos o resquício de estadista, Confúcio não aceitaria continuar esse bisonho espetáculo, essa farsa de continuar na cadeira onde não fez nada para marcar o primeiro mandato (que foi legítimo), sem se ater que agora sua permanência está levando Rondônia para um desastre muito maior do que o verificado na sua primeira gestão.

ARREMEDO DE GESTÃO
Possivelmente por ter ganhado no batismo o nome de um importante filósofo chinês, Confúcio chega a se imaginar um intelectual. Deve ser essa ideia que o anima a rabiscar, num blog particular, arremedos de crônicas usadas para passar sua visão pequena do que imagina ser um socialismo suficiente para cativar os rondonienses tão azarados na conquista de um governo capaz de fazer dessa terra motivo de orgulho dos moradores daqui e do restante do país.

Se não estivéssemos num país ainda leniente com figuras públicas enterradas no lodaçal da corrupção, não teríamos por aqui um Confúcio parecendo personagem de uma espécie de bolivarianismo tresloucado, onde quem está no governo não pode esconder a vergonha de cassação imposta por um tribunal que certamente decidiu baseado em fatos.

MISÉRIA INTELECTUAL

Não fosse a miséria intelectual que prevalece entre os atores da política rondoniense, a falta de consistência do próprio governo nessa realidade macunaímica já teria desaguado num impeachment ou até cassação. Como, repito, não existe uma Oposição de verdade a situação surreal vai continuar contribuindo para a pobreza material do estado, até que a Justiça decida se vai executar sua própria sentença, e também levar avante de forma cabal o inquérito que aponta Confúcio como alguém que liderou a quadrilha que praticou atos de corrupção em seu primeiro mandato.

RASCUNHO

A Rondônia de hoje é um arremedo do estado de verdade, que começou a ser forjado nos tempos do Teixeirão. Tudo aquilo que foi conquistado nos últimos anos em termos de economia sustentável, representação política respeitada no centro do poder nacional, um aumento no poder de compra dos servidores públicos rondonienses, desceu e continua descendo por água abaixo na gestão do filosófico governante.

MAL COMEÇADA

Confúcio Moura venceu a reeleição – pelo menos é o que se constata diante da decisão da Justiça, cassando seu mandato – na base do hoje reconhecido estelionato eleitoral, da propaganda enganosa. E arrasta uma gestão mal começada como se estivesse no fim.

DESMANDOS CONTÍNUOS

O colunista não é profeta do apocalipse. Mas em se falando de Rondônia e do surrealismo da gestão pública chefiada por um político cassado (sobrevivendo à custa de uma liminar dada pela Justiça) e denunciado em inquérito que tramita no STJ por envolvimento com a corrupção; tudo está tão evidente que fica fácil prever que o cenário de teatro do absurdo em que sobrevive esse governo vai se deteriorando cada vez mais.

É fácil prever que não haverá sustentação política, econômica e mesmo social para um governo desacreditado, desmoralizado, que só permanece no papel de gestor por ter como objetivo maior o poder pelo poder. Se tivesse grandeza de ideais e amasse o estado, certamente já teria renunciado para não causar ainda mais prejuízos à sociedade rondoniense.
As várias operações (como a Mamon) e denúncias (sumiço de equipamentos pesados e até caminhão caçamba) rotineiras traçam o perfil de que estamos diante de um governo minado por desmandos contínuos que pelo visto não serão estancados tão cedo.

CALVÁRIO DE RAUPP

O inefável Senador Valdir Raupp mudou muito. Quando estava no governo perdia o controle com mais facilidade e quase entrava em desespero. Foi o que aconteceu, de acordo com fontes íntimas do ex-caipira de Rolim, quando seu governo foi abalado com o escândalo da Ceron, responsável por colocar na cadeia os primeiros burocratas de alto-coturno em governos do estado. Demorou para Raupp recuperar o equilíbrio pessoal.

Agora, como senador da República, o político rondoniense parece ter um controle absoluto de suas emoções. Ele vive um novo dilema com a investigação sobre sua suposta participação no recebimento de dinheiro da Lava Jato, mas agora não deixa esse temor transparecer no seu semblante. A situação do barbudo de Rolim de Moura é periclitante. E seu calvário que parecia estabilizado fica cada vez maior.

DESCENDO A LADEIRA

A decisão do Supremo Tribunal Federal autorizando a quebra do sigilo telefônico do senador (presidente em exercício da executiva nacional do PMDB) investigado por participação na Operação Lava Jato, é um claro indício de que o político está descendo a ladeira.

Os pepinos de Raupp na esfera do judiciário certamente vão prejudicar os projetos políticos do senador e também de sua mulher, a deputada Marinha Raupp. Essa quebra de sigilo autorizada pelo STF joga por terra as declarações escapistas do político. Até aliados já começam a acreditar que muito em breve Raupp sairá da condição de investigado para réu nesse enorme processo de corrupção.

COMPANHEIRO NOBRE

Também registro com tristeza o passamento do companheiro Sérgio Melo. Era um sujeito leal, generoso e nobre. O jornalismo perdeu um grande praticante da dignidade.