Em Linhas Gerais: Aumento de IPTU é a navalha de Nazif rente ao pescoço do povo que, apesar disso, não terá melhora na qualidade de vida

Gessi Taborda

Publicada em 17 de December de 2013 às 10:04:00

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INSUBORDINAÇÃO CIVIL Então estamos novamente no final de mais um ano. E como sempre já vivemos diante das pressões praticadas pelos governantes sempre ávidos para aumentar a arrecadação, as sérias ameaças de começar o novo ano tendo de pagar mais impostos, mais taxa de contribuição, etc, etc.

Essa é a situação de todo o brasileiro e, claro, Rondônia não foge a essa praxe. Sobre a cabeça dos moradores de Porto Velho está a espada do prefeito Mauro Nazif e seu presente de natal para todos, aumentando em quase 13% o valor do IPTU do novo ano, isso para se falar apenas desse imposto. E não pense você, cidadão-contribuinte-eleitor que a gestão desse prefeito vai retribuir realizando as obras reclamadas pela população; vai melhorar a qualidade de vida de quem mora nessa parte do Brasil.

A falta de responsabilidade dos gestores públicos que só sabem pensar em arrecadar mais sem retribuir a sociedade com serviços de qualidade já motivou no passado a defesa da insubordinação civil contra o pagamento de impostos escorchantes.



IMPOSTOS NO LIMITE O espectro radioelétrico brasileiro é um dos mais caros do mundo. Esta é uma das razões que explica porque a conta de telefonia móvel do brasileiro está entre as maiores do mundo. A lógica de qualquer ramo de negócio é o lucro. Se as empresas de telefonia móvel desembolsarão a quantia acima, obviamente esperam retorno desse investimento, que será pago pelos brasileiros usuários do serviço de telefonia móvel. Outro fator que encarece muito a conta do serviço de telefonia móvel e de qualquer outro é a carga tributária, sendo a nossa uma das mais altas do mundo.

Aliás, no que tange a carga tributária, o Brasil se excede e não é de hoje. A história nos conta que a aplicação de impostos em demasia, desde os tempos do império romano, há muito tem nos feito questionar a própria existência do Estado.



SURGIMENTO DO ESTADO Afinal, para que serve o Estado? Segundo o jurista italiano Cesáre Beccaria, o Estado foi criado pelos cidadãos que, de comum acordo, ao abdicarem de uma parcela de sua liberdade individual, formaram um ente neutro, dotado de poder coercitivo para legislar, executar e julgar um conjunto de regras voltadas para o bem comum. Beccaria, viveu nos idos de século XVI, época das cidades-estado, sendo o exercício das próprias razões (fazer justiça com as próprias mãos) muito comum naquela época. Em sendo assim, o Estado surgiu para tutelar a liberdade individual e o bem comum, sendo plenamente questionável sua autoridade quando se afasta dessas premissas.



DRAGANDO QUASE 50% Nesse sentido, lição admirável professou ao mundo o filósofo Henry David Thoreau (1817-62), que depois de passar uma noite na cadeia por não se sujeitar ao pagamento de imposto o qual considerava injusto, escreveu um ensaio, hoje considerado um clássico: “Desobediência Civil” (On the Duty of Civil Desobedience” - 1849), na realidade uma crítica contra a voracidade arrecadatória do governo da época. Ele nem imaginava o que estava por vir. O que dizer da realidade brasileira que 40% da renda das pessoas é dragada pelo Estado?!



SUGANDO SEM TEMOR Ressalte-se que Thoreau acreditava no melhor da tradição da vida americana que enxerga o Estado sob a ótica da liberdade individual (razão de ser do Estado). Decorre daí o vigor do ensaio que trata da necessária insubordinação civil face aos excessos do Estado - pensamento que impressionou fortemente o Conde Leon Tolstoi e também inspirou Mahatama Gandhi a compor sua “Satyagraha”, a reza hindu da insubordinação pela não-violência.

Diante do juiz, Thoreau respondeu que além de seguir a Constituição Americana, que tem como princípio limitar o poder do governo sobre o indivíduo e a sociedade, (ideia irmanada da teoria da tripartição dos poderes do filósofo iluminista Montesquieu) obedecia religiosamente os dez mandamentos da tábua de Moisés e, não encontrando verdade maior na gana dos partidos e dos políticos em se apropriarem dos bens alheios - ganhos com suor e trabalho, não estava cometendo crime algum em não pagar impostos.



FALTA-NOS UM THOREAU Com isso, Thoreau firmou uma espécie de senso comum que une até hoje a sociedade norte-americana e faz o governo, temeroso da reação social, pensar duas vezes antes de criar novos tributos ou majorar tributos existentes.

Compareceram ao funeral de Nélson Mandela, um dos maiores paladinos da liberdade individual do século XX, cinco chefes de Estado brasileiros, dentre tantos de todo o mundo. Será que inspirados pelo exemplo desse grande líder mudarão sua forma de pensar e fazer política? Acho que não. Em parte porque nunca houve um Thoreau no Brasil, com genialidade e inspiração para dizer ao Estado (na pessoa do juiz), pacificamente, tudo aquilo que o povo americano pensava sobre o que estava errado sobre os impostos. Assim o fez com destemor e firmeza. Por conta disso, insubordinação civil é uma aula sobre cidadania, democracia e teoria geral do Estado até os dias de hoje.



ARVORE ACESA O prefeito Mauro Nazif não parece preocupado com o recente título de “Pior Prefeito do Brasil”. Pelo visto, Mauro imagina superar esse troféu com o espírito natalino que, imagina, vai tomar conta da cidade, depois que ele entregou 800 mil reais para o CDL fazer a decoração (mequetrefe, é verdade) de algumas ruas da capital. Por isso, imaginando que o espírito natalino reduzirá o sentimento de ojeriza do povo à sua gestão, Mauro ligou (debaixo de chuvas) a arvora de natal colocado no canteiro central da Avenida Jorge Teixeira. Segundo ele, só de ver o “carinho das crianças” (???) se sentiu estimulado a levar “o espírito dessa data” (de qual espírito fala esse “Buana” estranho?) a todos os bairros e distritos, com uma decoração especial (quaquaquaquaqua), apresentação de corais, dança, teatro e entrega de presente nos bairros.



FUTURO DE VELHOS Muitos anos atrás, num evento cheio de jovens, o palestrante, perguntado sobre que profissões iriam se expandir mais no futuro, saiu-se com esta: "Vocês acham que vou falar de informática, nanotecnologia ou engenharia de petróleo, mas sinto decepcioná-los: a profissão que mais vai crescer no mundo nos próximos 40 anos vai ser a de enfermeiro de idosos". Hoje consigo perceber como cresce o número de idosos aqui mesmo, em Rondônia. É cada vez maior a fila nos caixas especiais.

Em 2000 eram 1,5% com 80 a 89 anos e 0,3% com mais de 90 anos, num total de 1,8%. Em 2060 serão 14,1% e 5% num total de 19,1%. E com tudo isso, ainda estamos longe de ter em Rondônia hospitais ou clínicas especializadas em geriatria.