Em Linhas Gerais: bandidagem a torto e a direito

Gessi Taborda

Publicada em 11/04/2013 às 19:03:00

[email protected]


CORRUPÇÃO ENDÊMICA Certamente não existiu no dia de ontem nenhum assunto mais importante, do ponto de vista jornalístico, do que a prisão do ex-prefeito Roberto Sobrinho, apontado em investigações do MP como líder da quadrilha formada na prefeitura, responsável por um desvio de pelo menos 27 milhões de reais, pelo viés da Emdur.
Coincidentemente a prisão desse enganador da população se deu exatamente no Dia Nacional de Combate à Corrupção. O estado de Rondônia sofre com uma corrupção endêmica. E mesmo assim nem toda a imprensa ainda se convenceu desse mal. Como deixar de dar um assunto dessa importância na manchete principal?

INJUSTIÇA No município de Porto Velho nunca houve uma gestão tão corrupta como a chefiada pelo petista preso no último dia 9, a ponto da coluna batizá-lo de Prefeito Ali-Babá. Ao longo de seu mandato foram dezenas de denúncias feitas aqui nesse espaço e em sites de notícias, enquanto a chamada grande mídia (amestrada com milhões de reais a título de propaganda) simplesmente ficou calada, agindo como parceira desse sujeito que – numa demonstração de cara-de-pau – ao ser conduzido para o xilindró se dizia vítima de injustiça. Um verdadeiro teatro do absurdo.

UM CANCRO Não defendo soluções extremas, mas não dá para escamotear o tipo de facínora preso no Dia Nacional de Combate à Corrupção pela ação das autoridades do segmento judiciário. Graças aos milhões desviados dos cofres públicos todos os dias milhares de portovelhenses penam nas filas das UPAs e dos postos da rede municipal sem atendimento adequado porque a corrupção praticada por estes cancros da política local levaram o dinheiro que poderia ter sido utilizado na construção de novas unidades de saúde e na manutenção das existentes.

Aqui em Porto Velho a cada chuva a cidade vira cenário de tragédia porque governantes como esse que finalmente está sentindo o horror da cadeia, desviam dinheiro de programas de saneamento, de galerias pluviais, de limpeza de canais e retificação de igarapés.


SILÊNCIO INTOLERÁVEL No princípio o jornal Imprensa Popular acreditou no Roberto Sobrinho. Não demorou e o jornal, editado pelo colunista, precisou reagir ao pesadelo em que se transformava a gestão do petista. Por isso, foi tratado como inimigo sufocado na manipulação da propaganda oficial.

Se tivesse, como outros veículos, assumido acomodação e silêncio diante do câncer em que se transformava a gestão do petista, levando sofrimento a milhares de portovelhenses, certamente Imprensa Popular continuaria sendo o veículo de mais tiragem do estado e com distribuição gratuita.

Mas uma constatação salta aos olhos: os donos de veículos de comunicação que preferiram difundir a fantasia do prefeito Ali-Babá devem hoje estar entristecidos e ao mesmo tempo preocupados com uma investigação da corrupção desenfreada praticada também na questão da publicidade paga com o dinheiro do cidadão-contribuinte-eleitor.

REPTO E o deputado mais odiado por quem considera saudável casamento gay no país, Marcos Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, lançou um repto importante ao PT, numa reunião da dita Comissão: "Eu não estou intransigente. Faço uma proposta ao PT. Eu saio desde que vocês tirem da Comissão de Constituição e Justiça, seu irmão José Genoíno (é irmão do Líder do PT) e João Paulo Cunha condenados no Mensalão". O clima ficou insustentável e a reunião terminou.

PISADA DE BOLA Nem com toda boa vontade ou torcida para ver se o governo de Confúcio Moura comece a dar certo, a coisa desentorta.
Ora, um governo não pode esperar ocupante de cargo do primeiro escalão com acertos a fazer na Justiça pedir “afastamento”.

Governo sério toma a iniciativa e exonera no ato quem está com a “cabrita” crescendo. Aliás, Cleidimara Alves (impedida de ocupar cargo público) nem deveria ter chegado à Secel, especialmente indicada por Bob Ali-Babá e Epifânia Barbosa. Aliás, no próximo ano Epifânia (se não renovar o mandato de deputada), vai enfrentar os percalços dos tribunais para explicar sua sedução por máfias criadas por políticos do balacobaco.

MANÉ O que não falta na política rondoniense é o tipo “mané”. E ai vem o vexame passional com personagens como o Gazzoni e, um pouco antes, o Camurça. Até parece título de livro: “Triste fim de Policarpo Quaresma”.

POBREZA A falta de grandes lideranças para a disputa de 2014 justificava ontem a animação de um grupo de chupins de comitê eleitoral com o suposto retorno de David Chiquilito no cenário eleitoral do próximo ano. Daqui a pouco tentarão “animar” também o retorno de Silvana Davis numa disputa para o Senado...

JUSTIFICATIVA Por que Mauro Nazif pratica o nepotismo, favorecendo familiares com cargos regiamente remunerados? É a vocação familiar para o serviço público. E bate o bumbo.