Em Linhas Gerais: Com um passado recente nada glorioso, Câmara tem a chance de caminhar rumo à moralidade

Gessi Taborda

Publicada em 12 de November de 2013 às 10:47:00

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GAIOLA DE CONFUSÕES
O passado recente da Câmara Municipal de Porto Velho não é nada glorioso. Na verdade, aquele poder municipal se mostrou nos últimos anos para o eleitor como uma gaiola de confusões, problemas políticos e o domínio do corporativismo.
Graças a esse tipo de comportamento, vereadores com acusações graves e até condenação judicial (por crimes como assédio sexual, etc) quase sempre atravessaram todo o período do mandato sem nenhuma dor de cabeça. Exemplo disso (só para citar um caso) foi o caso de Chico Caçula, obrigado a deixar a Casa pela pressão judicial.
A falta de transparência do passado nunca possibilitou ao eleitor o conhecimento detalhado do custo daquela instituição para o cidadão-contribuinte-eleitor, especialmente com as constantes reformas, com o aumento artificial da bancada (com os vários suplentes), as desmedidas concessões de diárias, e vai por ai afora.

BIZARROS
Na berlinda da Câmara Municipal de Porto Velho houve registros de cópias bizarras dos escândalos nacionais, como o “mensalinho”, já colocado no esquecimento pela maioria da população. Só para refrescar a memória, o “mensalinho” é coisa do tempo em que Gazzoni presidiu a Câmara. Desse episódio surgiu a história do vereador que metia maços de dinheiro na cueca e outro escondia a bufunfa na camisa. Todos recebiam para aprovar projetos de interesse do Executivo sem “tugir e nem mugir”.
Na presente legislatura parece que pouca coisa mudou. Dia desses descobriu-se que a gestão de Alan Queiróz andou fechando o bizarro contrato no valor de 75 mil reais com uma empresa para a confecção de chaves e carimbos. Essa coisa que deve ter despertado a atenção do Ministério Público rondoniense mostra como os gastos feitos agora continuam absurdos. Alan Queiróz deve se achar uma espécie de São Pedro da vereança.

ANO ELEITORAL
É muito difícil imaginar que os vereadores (historicamente corporativistas) irão decidir pela cassação dos vereadores Cabo Anjos (PDT), Pastor Delso (PRB) e Jair Montes (sem partido), na sessão marcada para hoje (14horas), quando o relatório da Comissão Processante, presidida por Leo Moraes, será apreciado pelo plenário.

É bom lembrar que o julgamento realizado pelos vereadores é político. Os três vereadores na berlinda são acusados de terem usado dinheiro sujo no custeio de suas campanhas.
É lamentável que outros personagens tão pernósticos à vida parlamentar estão livres desse tipo de punição. Esse é o caso, por exemplo, de Marcelo Reis (PV), cuja punição pedida é apenas um afastamento de 30 dias do cargo. Logo ele que permaneceu preso por várias semanas ao ser apanhado na “Operação Apocalipse”. Marcelo é um nome que não pode sair do foco das investigações das autoridades. Foi ele que manipulou na legislatura passada os valores da publicidade da Câmara Municipal, um desses casos malcheirosos, um desses capítulos que ninguém sabe e ninguém viu.

É A SINA
Eu manjo esse tipo de gente! Enquanto estava lá na Decom faturando um bom estipêndio o sujeito vivia fazendo loas ao chefe da Assembleia. Foi só perder a boquinha e logo desaguou por ai um tabloide no estilo panfleto para desconstruir o político Hermínio, a quem tanto elogiava.
Vi a moça entrar no partido chefiado pelo Moreira Mendes fazendo apologia da coragem política do José Hermínio, garantindo que ele era a sua inspiração. E de repente vejo-a traçando teias na esperança de capturar para o sufoco mortal o personagem que jurou admirar.
Esta é a sina política de nossa terrinha, onde os personagens (salvo as honrosas exceções) condenados a se prostituir, a trair, a mentir, a suprimir parentes e amigos, a viver assombrados por traições e vingança para manter ou chegar, a qualquer preço, ao poder.
Com o tempo esse pessoal fraco de caráter vai descobrir que esses métodos os levarão à ruína. Não me lembro de observar tal frenesi de traição como ocorre na mídia de hoje.

PINTO NO LIXO
Alegres como pinto ciscando lixo, a cúpula da prefeitura de Porto Velho anunciou a dádiva de um novo veículo para a sua frota, nova “bondade” do Consórcio de Energia Sustentável do Brasil (leia-se complexo hidrelétrico do Madeira), que deverá ser utilizado pela Defesa Civil da capital rondoniense.
Certamente numa gestão capaz e com um pequeno orgulho, esse tipo de coisa nem seria notícia. Mas pela importância com que foi anunciada a “doação”, a tão sonhada solução para os dramas do socorro social em áreas de risco chegou. Daqui prá frente o time de Mauro Nazif vai ter um êxito atrás de outro.
O orçamento de Porto Velho é superior a um bilhão de reais, e nem assim seus gestores deixam de parecerem personagens de acampamentos ciganos.
Nesse sistema em que as coisas não fazem sentido nessa gestão municipal, não restará alternativa que não seja deixar pelo caminho o sonho de uma cidade capaz de orgulhar sua gente, o estado e o país. Tá explicado por que Mauro Nazif já ultrapassa os 70% de rejeição: ele ainda não escolheu olhar para frente, aprendendo e recomeçando todos os dias.

13° SALÁRIO Servidores da Assembleia Legislativa deverão receber agora, em novembro, o seu 13º salário. No executivo ainda não se tem notícia de quando haverá condições de fazer esse pagamento. Segundo as fontes da área está faltando dinheiro e será necessária uma alquimia econômica para juntar os caraminguás que faltam. Mais uma vez Hermínio prova ser mais capaz do que o filosófico governador.

PRESTÍGIO
A condenação de Ivo Cassol, que o impede de concorrer nas eleições do próximo ano, não abalou seu prestígio no estado. É por isso que o deputado Maurão de Carvalho ficou assanhado com a possibilidade de disputar o governo, escalado pelo ex-governador, e agora senador que pode ser cassado e até colocado num xilindró.
Maurão não é de meter a mão na cumbuca. Não deixará o certo pelo duvidoso se não estiver altamente cacifado pelo clã Cassol.

FAVELÃO
Até agora Mauro Nazif não falou nada e muito menos apresentou algum projeto para minorar a vida de quem vive nas favelas de Porto Velho. E dessa vez foi o próprio IBGE quem revelou: 10% da população de Porto Velho vive na condição de favelado em muquifos de todos os tamanhos, grotões palafitas, etc.

ATÉ O NOBEL
O governador Confúcio não escapa da crítica nem de seu irmão, o também médico Nobel Moura, também ex-deputado cassado, etc, etc. Mas para o mano governador, as críticas de Nobel não representa nada. Se não bateria o pé e tiraria o irmão da boquinha de diretor geral do hospital regional de Ariquemes. Essa família cada vez mais parece do balacobaco.