Em Linhas Gerais: Em viagens que mais parecem roteiros turísticos, vereadores torram dinheiro do contribuinte na Câmara

Gessi Taborda

Publicada em 11 de October de 2015 às 16:27:00

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PENSAMENTO

“O primeiro gole das ciências naturais nos torna ateu, mas no fundo do copo Deus nos aguarda” (Werner Heisenberg, criador da Mecânica Quântica e Prêmio Nobel de Física em 1932).

AVALIAÇÃO

O jornalista Paulo Ayres (http://acriticaderondonia.blogspot.com.br) não perdoa nas avaliações sobre o desempenho da Câmara Municipal de Porto Velho e, mais especificamente, de seu presidente Jurandir Bengala. “A bagunça administrativa que toma conta da Prefeitura de Porto Velho é refletida na Câmara Municipal de Porto Velho”, registrou no seu blog, no dia de ontem. E acrescentou: “Efetivamente o vereador Jurandir Bengala pertencente ao Partido dos Trabalhadores é um fiasco de gestor, um protótipo mal feito de político, como presidente é  um artista fazendo cenário para as peripécias do Mauro Nazif e sua tropa”, destacou Ayres.

TURISMO DE EDIL

Vereadores de Porto Velho adoram viajar com despesas pagas pelo legislativo, principalmente para fora da fronteira do estado de Rondônia para receber diárias mais polpudas. São viagens mais parecidas com roteiros de turismo, sem a menor necessidade para o desempenho de suas funções básicas de representantes da comunidade, e sem trazer nenhuma compensação econômica ou social para os moradores de Porto Velho.

ALI ELES NÃO VÃO

Assim, enquanto o manjadíssimo vereador Jair Montes (pego numa operação policial e obrigado a ficar semanas na cadeia) andou faturando uma baba preta numa recente viagem a Cuiabá, e até o presidente da Casa andou aproveitando a mordomia juntamente com seu motorista particular (a viagem foi de avião) para um estado da costa brasileira, nenhum desses representantes do povo demonstraram interesse em ir, só para citar um local, em áreas degradadas como a do lixão de Porto Velho.

NÃO RENDE

Em roteiros curtos como esse do lixão, os vereadores não teriam como receber as gordas diárias e poderiam ser obrigados a mostrar uma realidade extremamente crítica, desagradando o prefeito que, como se sabe, tem alta maioria na edilidade.

O lixão da capital rondoniense está em operação há mais de uma década, envolto em histórias mal cheirosas (e praticamente nunca esclarecidas) de privilégios para a empresa que detém esse monopólio, especialmente em relação ao volume de lixo diário transportado para o local, que por anos não foi submetido a um processo de pesagem confiável.

Na verdade o lixão já deveria ter dado lugar a um aterro sanitário. Aliás, mais do que isso. A capital já deveria ser dotada de uma usina de reciclagem, compostagem e tratamento do lixo recolhido, isso para não se falar nada sobre o crematório do lixo hospitalar.

INVESTIGAÇÃO

Ao contrário de cumprir seu papel de representantes do cidadão-contribuinte-eleitor deveriam, a maioria dos vereadores dessa legislatura (mesmo com a proximidade das eleições) continua preferindo ficar do lado que a vaca deita. Deveriam, desde os primeiros meses da posse, ter investigado as causas e consequências do uso dos lixões (incluindo os clandestinos) nos limites do município, e também os prejuízos decorrentes da longevidade do monopólio desse setor que, mesmo fedorento, é uma mina de ouro para quem detém a permissão do serviço.

Aliás, a questão da licença continua sem as devidas explicações à sociedade que é quem paga, com taxas e impostos, o péssimo serviço.

SEM TRATAMENTO

Enquanto a gestão (??) Mauro Nazif não sofre qualquer restrição em relação à propaganda mentirosa veiculada na mídia (como se essa cidade fosse um canteiro de obras), o principal destino do lixo portovelhense continua sendo a miserável Vila Princesa. E lá, ate onde sabe, não existe nada que atenda as normas exigidas para o tratamento de resíduos. Consta que não existe nem mesmo barreiras para conter o chorume que continua contaminando o subsolo.

Se os vereadores demonstrasse interesse em tratar dos temas fundamentais para garantir um futuro melhor aos moradores de Porto Velho, certamente iriam descobrir que faltam profissionais especializados (geólogos, por exemplo) para acompanhar o risco de um desastre ambiental sério causado pelos lixões.

OTÁRIOS BRASILEIROS

A turma que já enfiou nos donos de automóveis caixinhas inúteis e perigosas de primeiro-socorros e inúteis e perigosos extintores de incêndio tem mais uma carta de mágica na manga para tirar o dinheiNro dos milhões de otários que sustentam este país.

Vem aí a “caixinha” (ou tag) com chip obrigatório em todos os veículos do país.

TÁTICA DA CPMF

A sacanagem era para ter entrado em vigor, a partir de 30 de junho, a exigência de que todos os carros tivessem um GPS embutido. Como sempre, o pretexto era a segurança: se o carro fosse roubado ou o motorista sequestrado, o GPS o localizaria.

A medida foi rechaçada pelos tribunais do país por razões óbvias: seria uma venda casada e feria o direito à privacidade: gente do governo poderia saber não só onde você está como onde você andou.

A turma não desiste. Até parece o roteiro que tentam emplacar agora na questão da CPMF. E, como sempre, os otários dos brasileiros pagarão o pato.

PRETEXTO

A nova “criação” é para vigorar a partir de 1º de janeiro de 2016, a obrigatoriedade do uso, em todos os veículos do país, de uma tag – aquela caixinha que se coloca no para-brisa do veículo para passar nos pedágios sem parar. Tem um chip sem GPS. O pretexto é que isso vai facilitar administrar e trânsito e saber quem está em dia com o pagamento do IPVA e multas. Como se isso não pudesse ser verificado pelo simples prontuário do veículo.

Adivinhe quem vai pagar pelas caixinhas, pelo software e sua manutenção? Os mesmos otários de sempre. Os donos de veículos desse país de terceiro mundo, dominado por petralhas de todo tipo.

CONVERSA FIADA

Integrante do baixo clero da Câmara Federal, agora fervoroso peemedebista, o deputado Lindomar Garçom parece interessado em melhorar sua imagem e ampliar sua exposição na mídia com os velhos estratagemas de sempre. Dessa vez o deputado (certamente de olho na disputa eleitoral do próximo ano) veio jurar de pés-juntos que está preocupado com a preservação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

INGENUIDADE

Ora, nem parece que Lindomar Garçom teve outros mandatos de deputado federal. Agora, somente agora, quando a EFMM inexoravelmente acabou vem ele com essa conversa fiada. E a revelação foi feita aos representantes da Associação dos Vereadores. Só ingênuos devem acreditar na sinceridade do Garçom, especialista em tirar proveito eleitoral de situações desse tipo.