Em Linhas Gerais: Está nas mãos do MP cortar a cabeça do monstrengo criado na Polícia política de Confúcio

Gessi Taborda

Publicada em 06 de September de 2013 às 16:03:00

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O MP E O MONSTRENGO

Não é moleza fazer parte do Ministério Público numa terra ainda provinciana como Rondônia onde os governantes ajuntam em torno de si aventureiros, atores do teatro do absurdo, simples escroques, corruptos e malandros que, para tirar alguma benesse por debaixo dos panos, aceita a escalação de defender essa arca de Noé espúria, principal responsável pela péssima imagem rondoniense no resto do país e até fora das fronteiras do Brasil.

Só mesmo numa nau à deriva como a Rondônia de hoje poderia ser fabricado esse monstrengo (batizado de inquérito). Não precisa ser Sherlock para perceber que o tal monstrengo foi montado como mera armadilha contra opositores do filósofo, contra a vontade dos membros mais qualificados da polícia rondoniense, supostamente pressionada por uma pasta de Segurança entregue nas mãos de um neófito, sem qualificação reconhecida para entender o múnus da função.

MEQUETREFE

E muito antes do MP procurar decifrar a esfinge montada com a ideia de investigar a “A Associação ao Tráfico de Drogas”, terá todos os elementos da investigação mequetrefe, que chegou a fim sem apreender um mísero quilo de entorpecente ou simples garrucha, mesmo garantindo que o esquema criminoso movimentou, só em Rondônia, algo próximo dos 33 milhões de reais.

Essa investigação termina mandando para o Ministério Público 55 volumes, certamente uma espécie de garimpo de onde não será fácil extrair algum metal de valor.

ROLANDO NA TUMBA

Imagino como ficou embatucado o dr. Watson (auxiliar de Sherlock Holmes) ao tentar decifrar decisões (no mínimo canhestras) tomadas por quem conduziu esse verdadeiro receituário para a criação de Frankenstein. Decisões inexplicáveis, injustificáveis, como se vê, só para citar um exemplo, a de deixar fora da cadeia exatamente os únicos dois vereadores apontados pela arapongagem bizarra, o pastor Delson e o Cabo Anjos.

É o documento (inquérito) que afirma: “contra os dois (vereadores) foram colhidas provas contundentes”. No caso do cabo Anjos (parece que de anjo ele não tem nada), dizem os fabricantes do inquérito, há Termo de Compromisso registrado em cartório pelo vereador garantindo a nomeação por 4 anos de assessores indicados pelo chefe da quadrilha e financiador da campanha do lamentável edil. E o pastor (talvez interessado em ampliar uma nova espécie de rebanho) Delson – sempre de acordo com o tal inquérito – também andou metendo a mão no dinheiro sujo dos quadrilheiros.

O que não é nada elementar, meu caro Watson, é esse pessoal ter ficado fora do xilindró, enquanto os outros sem provas tão “contundentes” tiveram de entrar no camburão para pegar um xilindró temporário. Esses estiveram no rol dos apanhados por “fortes evidências”.

RESPONSABILIZADOS

Ora, essa Operação Apocalipse poderia ter cumprido um papel importante no combate ao crime (inclusive o organizado) que, claro, age com tranquilidade pela leniência do governo em enfrentar esse lado podre da sociedade. Mas certamente o Ministério Público vai entender o verdadeiro objetivo dessa operação. Aliás, se não fosse o claro objetivo de retaliar opositores do governo, a tal operação não ganharia fama nacional e seria ao contrário de “Apocalipse” um mero tremor de terra.

KAFKA

Como inquérito, esse monstrengo de 55 volumes pode ser abatido, afinal não cumpriu nada de sua meta, que era combate o narcotráfico. Mas causou danos institucionais irreparáveis com um cenário kafkafiano. Não se pode esquecer-se da injusta prisão do filho do deputado Hermínio e do atentado ao seu mandato parlamentar, devidamente legitimado nas urnas, sem qualquer necessidade de compra de votos.

Por outro lado, o feitiço vai virar contra o feiticeiro. Os cães de guarda do governo, pelo menos em relação ao deputado José Hermínio (o El Cid rondoniense no combate à corrupção na máquina do estado), só conseguirão dar a esse jovem político o atestado de idoneidade quando a arapuca montada for desfeita no âmbito do Judiciário.

NEM TCHUM

O site tudorondonia.com, editado pelo combativo jornalista Rubinho, deu destaque ontem às influências da ascensão de Amir Lando (o ex-senador) à Câmara dos Deputados, no lugar do patético Natan Donadon. E com propriedade, a matéria que ficou exposta ontem por quase todo o dia como manchete do site, alertava a população sobre a insistência do PMDB em fazer ouvidos moucos às manifestações das ruas, condenando o festim anunciado para hoje, reunindo conhecidos picaretas e corruptos condenados na reedição de “Todos os homens de Amir”.

Numa das fotos, o destaque vai para Mário Calixto, foragido da prisão em Rondônia, antes da transferência para a penitenciária de segurança máxima de Campo Grande.

AINDA PRESTIGIADO

É bom lembrar que o foragido da prisão em Porto Velho, Mário Calixto, sempre teve o apoio do PMDB e de sua cúpula. Tanto que o governo de Confúcio ao longo desse mandato, já manou muito grana pública para o jornal do corrupto que, de outra maneira, já deveria ter fechado as portas. E mesmo assim, recebendo os tubilhões saídos do erário o tal jornal não consegue pagar o caraminguá devido (por vários meses) aos seus empregados.

Tem gente capaz de imaginar que Calixto deve estar com a corda no pescoço. Ledo engano. Há informes de que boa parte da grana desse mafioso prestigiado pelo PMDB acaba indo parar em paraísos fiscais ou em endereços de trambiques de sua propriedade em algumas regiões dos Estados Unidos.

Numa troika de conhecidos bandidos (e todos, se a Justiça andar mais célere, vão dividir cela com Marco Donadon), alguns condenados (sem contar os foragidos) e ainda livres; não poderia existir um porta-voz mais apropriado do que o escriba já condenado. Eles se merecem.

TOMAS

Depois de ter ganhado o prêmio como pior prefeito de Porto Velho, o velho Tomas Correia saiu da vida pública recolhendo-se ao anonimato em Jarú. Era requisitado às vezes para vir a Porto Velho em eventos do PMDB, onde mostrava suas qualidades de tribuno.

Pois bem. Agora, sonhando em disputar a eleição de 2014 o promotor aposentado (aliás, com pouquíssima idade) que foi apeado da vida pública depois do curto período de desastre na gestão da prefeitura de Porto Velho, começa a deitar falação sobre erros da administração pública. Na sua vesga visão, é a Assembleia a principal vilã nessa questão de cargos comissionados. Na sua lenga-lenga Tomas tenta livrar a cara do governo estadual (de seu partido), um desastre sobre o qual ele nunca teceu qualquer crítica.

A quem Tomas pensa enganar? Em toda sua vida pública nunca fez nenhuma crítica aos próceres do PMDB que já eram conhecidos como bandidos e políticos pernósticos. Nem uma censura, nem uma palavrinha contra gente como os Donadons, os Amorins, os Muletas e vai por aí afora.

DESCASO

Aqui em Porto Velho, mais de 50% das casas não tem água encanada e tratada. A rede de coleta de esgoto é só uma promessa, uma piada de mau gosto. Toda vez que se aproxima uma eleição, esses politicozinhos rondonienses começam a garantir que existe verba para colocar 100% de esgoto e água. E nada avança. Falta senso de responsabilidade.

Também, com o prefeito da capital adotando como prioridade fazer tanques para a criação de peixes e um governador asfaltando cidades (brincando de prefeito) com objetivos eleitoreiros, vai ser difícil para nossa terra deixar de ser o paraíso do descaso. Ainda mais com um vetusto senador que já foi um dos piores governadores desse estado, dando guarida no partido onde manda a pessoas que deveriam estar na cadeia.