Em Linhas Gerais: Fechado o quadro de pré-candidatos, disputa eleitoral começa a esquentar

Gessi Taborda

Publicada em 16 de April de 2014 às 11:02:00

[email protected]

PRÉ-CANDIDATOS

Salvo as contradições existentes, o quadro de pré-candidatos à disputa pelo governo rondoniense está praticamente fechado. Dificilmente surgirá alguma novidade daqui para as convenções partidárias de junho. Pelos comentários nos bastidores dos diversos partidos, a corrida sucessória deverá ter no máximo cinco concorrentes.

Expedito Júnior, do PSDB, e Confúcio Moura (PMDB) são os dois concorrentes com maior experiência política. O primeiro já desempenhou cargos no executivo, foi vereador, deputado federal e senador.

Expedito, como deputado acabou perdendo o cargo para o coronel Arnaldo Martins, ao ter votos anulados numa recontagem. Como senador foi processado e condenado por compra de votos. Perdeu o mandato e a justiça colocou em seu lugar Acir Gurgacz, hoje um senador sem votos.

Confúcio era arredio diante da política e debutou como deputado federal. Depois foi prefeito de Ariquemes foi prefeito de Ariquemes, de onde saiu para disputar o governo. Venceu o inexperiente João Cahulla, o então candidato de Ivo Cassol.

SÓ COADJUVANTES

Os outros nomes comentados como eventuais componentes dessa corrida, representando partidos nanicos, acabam sendo classificados como meros coadjuvantes.

Entre os dois nomes mais experientes, há uma característica mais ou menos comum: um certo grau de contaminação com aquilo que parte do eleitor mais seletivo tem sérias restrições: a corrupção. O governador terá de fazer uma espécie de mea-culpa pelos casos escabrosos de corrupção durante esse seu primeiro mandato e pedir desculpas por não ter cumprido boa parte das promessas feitas na campanha passada.

Expedido terá de convencer o eleitorado (se realmente não tiver sua pretensão barrada na Justiça) de que foi vítima do tapetão e não cassado por ter comprado votos na campanha em que foi apoiado por Ivo Cassol.

VOZ DAS RUAS

Exatamente pela fragilidade dos personagens dessa sucessão estadual, os eleitores estão desestimulados a cuidar desse assunto. Não há paixão e nem há entusiasmo com nenhum dos personagens. Expedito é visto com maior simpatia, e isso deve preocupar Confúcio, um político completamente desgastado e com uma rejeição que, como consta, ultrapassa os 53 por cento.

O fato é que, de uma forma ou de outra, a voz da rua dá o seguinte recado dos eleitores rondonienses: estão cansados de conversa e pouca ação para beneficiar a sociedade. Os eleitores, em todos os pontos do estado, estão dizendo que querem uma Rondônia melhor — e para todos, não apenas para alguns, os de sempre, os donos do poder, nisso batizado de “governo da cooperação”.

Os políticos interessados em conquistar o eleitorado devem ter sensibilidade de ouvir a voz das ruas. Ela (a voz) cobra um estado mais transparente e serviços públicos e privados de mais qualidade. Os indivíduos querem, na verdade exigem, se tornar cidadãos de fato.

MAIS SELETIVA

Políticos que não entenderem que a sociedade está mais seletiva e que prefere votar num candidato que apresente um projeto de governo pragmático e avançado certamente serão derrotados. Políticos que acreditam que seu principal ativo é ter o comando da máquina e uma avalanche de publicidade — como parece ser o caso de Confúcio Moura — possivelmente terão dificuldades na campanha. Muitas dificuldades.

Aliás, o PMDB corre o risco de, na campanha, passar a ser visto pelo eleitor como o partido do blábláblá, que não resolveu coisas como a dívida do Beron (nascida exatamente no governo Raupp) e a transposição dos servidores. Se esta ideia cristalizar-se, de maneira incontornável, o partido pode ter uma de suas derrotas mais acachapantes, mesmo que seu candidato tenha o a seu favor a máquina pública.

SOFRIMENTO CONTÍNUO

Parece um daqueles assuntos “que morreu”. Após 16 meses como comandante máximo da administração de Porto Velho, a gestão de Mauro Nazif não apresentou qualquer solução para um problema que custou vários anos de sacrifício aos moradores da cidade (especialmente os da Zona Sul) e enorme desperdício de dinheiro público. Estou falando dos malfadados “viadutos” (de araque) inventados pelo famigerado Bob Ali Babá Sobrinho que, pasmem, continua distante do lugar para onde deveriam ir os malfeitores e desviadores de dinheiro público: a cadeia.

Na campanha Nazif prometeu equacionar o desfecho da manada de elefantes brancos. Ficou só na promessa. Aquilo inventado pela gestão petralha continua ali, promovendo o sofrimento contínuo da população.
Tudo leva a crer que a gestão Nazif vai terminar sem equacionar, sem resolver essas situações vergonhosas e que atrasam ainda mais a nossa capital.

QUADRO DESANIMADOR

Porto Velho continua perdendo as melhores oportunidades de sua história. Há tempos saiu de controle gastos excessivos com a máquina pública. Mudou o prefeito, enquanto as diretrizes e parcerias erradas continuaram. Nesse quadro de desânimo e de falta de inovação, a cidade não consegue atrair capitais e investimentos em setores importantes para resolver questões de infraestrutura.

Sem grandes intervenções em mais de um ano e três meses no comando da cidade, a gestão de Mauro mostra-se voltada apenas para realizar tapa-buracos e trocar lâmpadas na rede pública de iluminação. É, convenhamos, muito pouco para quem se dizia capaz de transformar nossa capital num parâmetro de desenvolvimento regional.

E assim, o anúncio de que 40 bairros tiveram as lâmpadas queimadas substituídas podem fazer o prefeito se sentir orgulhoso, mas, para a população a sensação é de que não pode esperar algo maior dessa gestão fadada ao fracasso.

O PAÍS NÃO É SÉRIO

Se o Brasil fosse sério, nem precisaria uma CPI da Petrobras. Bastaria ir atrás das informações que os investidores têm dos bastidores da empresa para saber como, de onde e para onde fugiram “subsídios” da empresa. Uma CPI com maioria de congressistas do PT e PMDB orquestrando em conjunto é para matar qualquer brasileiro consciente de ódio. Para nós será apenas uma maquiagem, pegando como bode expiatório apenas bagre magrinho, porque a corda aperta apenas no pescoço do terceiro escalão da corrupção.

ASSUNTO DO DIA

Embora muitas pessoas prefiram não refletir sobre o tema, preferindo mais falar dos campeonatos estaduais, da Copa, etc, não tem jeito, a inflação está de volta.
A inflação do mês de março, anunciada pelo IBGE, fechou em 0,92%. Se essa taxa se repetisse em todos os meses, a inflação anual seria de 11,6%, o que representaria o fracasso total da política econômica. A meta prevista em resolução do Banco Central (BC) é de 4,5% e, se chegasse próxima dos 12% ao ano, produziria um estrago econômico e social de graves proporções.

Além de desorganizar o sistema de preços, acabar com a previsibilidade dos orçamentos e inibir os investimentos privados nacionais e estrangeiros no país, eventual inflação na faixa dos 12% ao ano funcionaria como o estopim para greves e movimentos de trabalhadores contra a perda do poder de compra e o empobrecimento social.

ERROS DA PRESIDENTA

A taxa de elevação dos preços em 0,92% em março não deixa de ser um quadro preocupante, em especial porque a trajetória dos preços nos últimos anos aconteceu mesmo com alguns preços submetidos a represamento pelo governo. É o caso da energia, dos combustíveis e das tarifas de transporte público.

Desse ponto de vista, a inflação é um fenômeno essencialmente estatal e, na base de suas causas, está sempre o mau comportamento do governo ao gastar mais do que arrecada. A presidente Dilma cometeu três erros simultâneos. O primeiro foi aumentar os gastos públicos, reduzir o superávit primário e elevar o déficit nominal. O segundo foi forçar o BC a reduzir os juros. O terceiro foi tentar segurar a inflação represando alguns dos preços administrados pelo governo. Essa combinação não tem consistência e acaba sempre estourando em mais inflação e perda da capacidade das autoridades de agir.