Em Linhas Gerais: fraude na loteria mostra sorte demais para uma só pessoa

Gessi Taborda

Publicada em 08/05/2013 às 15:59:00

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SORTE PACAS A Gerente Nacional de Relacionamento Parlamentar da Caixa, Jozelita Sandra Pigatto Lenza, e o Superintendente Nacional de Loterias da Caixa, Gilson César Pereira, disseram ao deputado federal Garotinho, do Rio de Janeiro, autor da proposta de CPI para investigar suposta lavagem de dinheiro através das loterias da Caixa, que a proeza de uma pessoa ganhar 560 vezes na loteria, e outra que faturou o prêmio 107 vezes, em sete modalidades, no mesmo dia, foi “uma questão de sorte, ou a compra de vários bilhetes por uma pessoa, que segundo ele, não seria ilícito”.

Anthony Garotinho não ficou convencido com as explicações de Gilson César. Para o ex-governador do Rio e deputado federal pelo PR, “há muito que se apurar”. O colunista que joga há muito tempo e nunca teve nem de longe uma sorte como a desse sujeito que ganhou mais de 100 vezes, nas diversas modalidades, num mesmo dia, torce para que o deputado de Campos (RJ) consiga descobrir a resposta que nós, povo, temos direito de saber. É preciso investigar com coragem esse negócio que já motivara suspeitas desde os tempos daquele deputado da Bahia que ganhava sempre por ser, como dizia, “abençoado por Deus”.



CONTRADIÇÃO A existência do FEFA entra no debate político rondoniense e, pelo visto, poderá ter um tema para discursos no próximo ano, principalmente porque está muito clara a decisão do ex-deputado Tomas Correia, uma das melhores cabeças do PMDB, de disputar algum cargo em 2014, possivelmente o de senador.

Num exercício de raciocino lógico, o tal Fundo parece mesmo um exemplo de disparate inventado pelo executivo (não nesse governo) para colocar recursos públicos em interesses particulares, principalmente porque o fundo nunca livrou o erário das despesas do Idaron na hora de garantir a sanidade do rebanho rondoniense.

Não dá para entender quais são os motivos claros de Tomas Correia para só agora discutir publicamente o assunto, depois do longo tempo do atual governo (de seu partido) ter mantido o padrão de incompetência dos antecessores sobre o Fefa.



SENSAÇÃO E VEXAME Tomás foi a sensação da primeira legislatura da Assembléia rondoniense (aliás, na opinião) pela sua capacidade polemista, por ser um excelente tribuno e homem de ampla cultura geral. Mas sua carreira foi meteórica. Tornou-se prefeito de Porto Velho, substituindo Jerônimo Santana. Foi um vexame, completo.

Ao procurar novamente a ribalta política – após rápida passagem no Senado – Tomás é o autor de ação na Justiça que certamente contraria interesses nada republicanos. Pode ser que essa ação não dê em nada, mas o ex-deputado Tomás Correia mostra não ter perdido a verve, tentando demonstrar que o tal FEFA é num mínimo um contradição prejudicial ao cidadão-contribuinte-eleitor.



ATÉ COM ÍNDIOS Não será muito fácil para os estrategistas políticos do palácio fazer da preferida de Confúcio Moura, a secretária Isabel Luz, da Educação, uma vitoriosa nas eleições do próximo ano.

Vira e mexe, ela arruma encrenca com setores que não se dobram facilmente aos desejos de quem age como dono da gira. Quem diz não agüenta mais a secretária são os índios. E eles não ficaram apenas no apito. Foram buscar socorro no gabinete do vice-presidente da Assembléia, o deputado Maurão de Carvalho. E lá estiveram Antenor Karitiana e Zacarias Gavião, pedindo a intervenção do deputado antes da necessidade de usar a borduna.



ANGÚSTIA A “Operação Martelo” desencadeada pela PF contra novas práticas de corrupção no serviço público deixou os servidores do Ifro “angustiados”. Foi a afirmação feita pelo Sinafe (Sindicato representativo dos servidores federais em educação) em nota distribuída à imprensa. Pelo teor da nota, o sindicato é terminantemente contra servidores que, por qualquer motivo, promover desvios de recursos públicos.

A “Operação Martelo” não esgota outras ações da PF em Rondônia, especialmente algumas voltadas para por ponto final nas tramóias sobre convênios federais e má gestão de recursos públicos oriundos da União.



CANSADO Ainda tenho uma réstia de esperança, mas estou cansado. O cenário desenhado por aqui em relação a 2014 não é dos mais animadores. O país, com esse timinho de Dilma, Aécio e vai por ai afora, não consegue me dar o ânimo para acreditar em mudanças reais.

Parece que tanto em Rondônia como no Brasil estamos esgotando as possibilidades de tomar as ações necessárias para as transformações profundas.



UMA ESPERANÇA Ainda no próximo dia 10 toma posse para um novo mandato como Procurador Geral de Justiça, no auditório do Ministério Público, o dr, Heverton Alves de Aguiar. Vou atender o honroso convite para participar do evento. E vou porque sonho com o país vivendo sobre o império da lei. Hoje, com tanta gente do tipo do ex-prefeito Bob Ali-Babá, dos Carlões da vida, dos Donadons (Deus que nos livre), é difícil imaginar para onde vai essa sociedade.



GREMIO RECREATIVOImpério da Lei, entre nós, poderia ser nome de escola de samba. Nosso modelo não estimula condutas civilizadas. O governo legisla (e como! e quanto!). Os congressistas se convertem em distribuidores de verbas. Não é sem motivo, então, que se expande o ativismo judiciário, ou que a política se vai judicializando. Os partidos se assemelham a agências de emprego e vão ficando todos iguais. O Estado padece de hipertrofia e ineficiência. Então, só mantém nossa esperança que gente como dr. Heverton não se dobre diante da pressão de quem se acostumou a enriquecer-se com dinheiro público, por acreditar piamente na impunidade.