Em Linhas Gerais: Mulheres deixam conivência ao machismo e se tornam protagonistas da cena eleitoral

Gessi Taborda

Publicada em 27 de August de 2014 às 10:40:00

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VISLUMBRE DE MUDANÇA

Pena que a audiência conseguida pela TV Allamanda com o primeiro debate dos candidatos a governador de Rondônia foi baixo. Digo isso porque ontem passei a perguntar a todas as pessoas com quem tive algum tipo de encontro se viram o debate e, decepção, a maioria não ligou a TV e alguns nem sabiam que iria acontecer o tal debate. É o desinteresse do eleitorado a produção pobre da TV que sequer conseguiu divulgar bem sua realização.

Não que o debate tenha tido a qualidade esperada no que tange aos aspectos didáticos de uma campanha eleitoral, mas certamente a parte do eleitor que “deixou prá lá”, perdeu a oportunidade de constatar que no meio das manhas e artimanhas utilizadas para ludibriar a boa fé dos eleitores vai sobressaindo candidatos mais coerentes com a aspiração de mudanças da política rondoniense, envelhecida no curto tempo em que Rondônia passou a escolher pelo voto do povo seus governantes. É uma mudança lenta, mas está acontecendo.

COISA DE MULHER

Ainda vistas como “bobinhas” no machista mundo da política rondoniense, nossas mulheres vão aos poucos deixando a conivência ao machismo imperativo dos homens, “donos” de quase todos os partidos, para se tornarem não só dirigentes dessas agremiações como protagonistas das melhores produções eleitorais, deixando de lado o papel de absoluta subjugação e aviltamento, para enfrentar sem medo a concorrência aos cargos mais importantes.
O debate da Allamanda serviu como um aviso de que a política é, sim, coisa de mulher.

As velhas ciladas que mantinham as mulheres rondonienses como simples coadjuvantes para “cumprir o papel das cotas” estão com seus dias contados. E isso porque nesse pleito temos Jaqueline Cassol, uma mulher que rompeu com o sistema de migalhas e está disputando na cabeça da chapa o cargo de governadora.

JOGO BRUTO
A maneira como se comportou, na defesa e no ataque, desse primeiro jogo bruto de que participou a candidata do PR certamente demonstrou que tem gás para chegar à etapa final da disputa. Isso, claro, não significa apostar numa vitória dessa jovem advogada, loira inteligente e arrojada.

Mas se nas próximas pugnas não for abatida pelos petardos dos concorrentes pode sim conseguir cacife para uma das duas vagas do segundo turno.

A impressão que ficou do debate é que Jaqueline tem tudo para crescer nas pesquisas, sobretudo naquelas que serão feitas após o debate que a Globo fará, com uma penetração maior do que o debate da segunda-feira.

JÁ VI ESSE FILME

A frase: “Se eleito for...” é nossa velha conhecida em época de eleição. Todos os candidatos parecem ter estudado pela mesma cartilha. Pena que, após eleitos, esquecem o que prometeram. Antes sabem como resolver todos os problemas, mas depois de eleitos dizem ser preciso estudar com cautela os erros cometidos pelos antecessores. E assim passam dias, meses, anos, termina o mandato e é hora de recandidatar-se. E lá vem a frase: “Se eleito for...”


TÁTICAS

Em meio a mais uma campanha eleitoral, conheça algumas táticas de candidatos para conquistar a simpatia e o voto do eleitorado: aparecer ao lado do(a) esposo(a) e filhos, símbolo do bom marido e pai e cultivo dos valores tradicionais; com criancinhas no colo, demonstração de sensibilidade; em igrejas, respeito aos credos; abraçar pessoas de outras raças, ausência de preconceitos; em mangas de camisa, expressão de trabalho e iniciativa; com atores, jornalistas, escritores, intelectuais, estímulo às atividades culturais e artísticas; em festas de gente pobre ou no meio de operários, expressão de humildade e simplicidade; com roupa a rigor ao lado de altas autoridades, capacidade de influência e prestígio pessoal; ao lado de pessoas de baixa condição social e esteticamente feias, manifestação de tolerância; em transporte coletivo, no meio do povo, demonstração de simplicidade.


RODOVIÁRIA E VIADUTOS

Fora as promessas para resolver a falta de segurança no estado, o debate de segunda-feira serviu para colocar na ordem do dia dois outros espetáculos de decadência de Porto Velho: a rodoviária e os viadutos de mentirinha iniciados na gestão do PT (simples elevados e nada mais), hoje uma das nutridas manadas de elefantes brancos. E ai tome promessas eleitoreiras de que esses entraves serão resolvidos. Em nenhum âmbito da administração pública há definição para isso e, muito menos, verba para as obras...

SUPERFICIALIDADE

Um assunto realmente escabroso que o próximo governador rondoniense terá de resolver é a dívida bilionária do estado. Esse assunto foi tratado com superficialidade pelos participantes do primeiro debate na TV. Confúcio, o governador ficou apenas naquela conversa mequetrefe de que o estado contraiu a dívida “por ter recebido oferta de crédito” da presidente Dilma, e se vangloriou: “Rondônia foi um dos poucos estados brasileiros que recebeu essa oferta”.
Nenhum dos demais candidatos falou sobre como reduzir a dívida rondoniense e nem como, nesse contexto, pretende promover as taxas de crescimento superior aos grandes estados da região. Ninguém falou nada sobre a reestruturação da receita estadual, para combater as evasões fiscais e arrecadar mais sem arrochar contribuintes.

PARENTES

Cabe ao povo rondoniense não deixar se iludir por candidatos que apenas pretendem alongar e manter os interesses de família na político do estado, depois dos chefes dessas famílias terem sido presos e cassados da vida pública. Esse é o alerta do deputado José Hermínio, num encontro com eleitores e lideranças da região do 4 de Janeiro.

O deputado tem razão: votar em filho, mulher, nora e qualquer parente de corrupto é o mesmo de trocar seis por meia dúzia.

ERMÍRIO

Perdemos o grande líder empresarial Antonio Ermírio de Moraes, um dos poucos homens que acreditavam que a única saída para o país seria a educação. Como empresário, sua paixão sempre foi a de investir, construir e gerar empregos. Como brasileiro, alimentou um amor imenso pelo nosso país. Que o seu espírito empreendedor e seu caráter ético iluminem aqueles que vão continuar a sua obra.

AMPLIAR PARA QUE?
Todos os candidatos afirmam disposição de ampliar o tempo de permanência de nossos estudantes nas escolas. E daí. Se colocassem cursos técnicos e profissionalizantes, com treinamentos específicos, e passassem a investir em tecnologia, dando todo o suporte para os alunos, então seria importante a ampliação do horário de aula. Agora fazer – como disse Jaqueline – das escolas apenas um “crechão”, ou ampliar o tempo apenas para doutrinação ideológica, não há vantagem alguma.

COISAS DA CANALHA

Não é só nosso povo que é indiferente, permitindo a reconhecidos canalhas da política se candidatem e até se eleger, quando deveria é estar na cadeia pagando pelo esbulho contra o povo. Todo o povo brasileiro é omisso naquilo que não interessa. A bandidagem está solta, agindo silenciosamente nas praças, dentro dos ônibus, dentro das assembleias legislativas, dentro das prefeituras, câmaras municipais, tribunais etc. Tudo está na cara das pessoas, mas a opção é a indiferença.