Em Linhas Gerais: Nazif segue sozinho na firme disposição de manter-se à frente da gestão municipal

Gessi Taborda

Publicada em 09 de October de 2015 às 11:26:00

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PENSAMENTO

Vai. E ser der medo, vai com medo mesmo. É assim que se chega lá.

DESEJAR DE FATO

Quem é verdadeiramente candidato a enfrentar a sucessão de Mauro Nazif, o prefeito (ainda) lamentável dessa desamada cidade de Porto Velho? Essa é uma pergunta com que deparo sempre e acho difícil, nesse momento, saber uma resposta conclusiva.

Ora, há vários nomes pontilhando como possíveis candidatos mas ainda não tive todos os indícios de que esses postulantes desejam de fato ganhar a parada, desejam de verdade ser candidato ou apenas buscam aferir o grau de evidência de seus nomes.

Só lançar o nome ou até mesmo uma pré-candidatura não resolve. É preciso demonstrar de fato o desejo de ser um candidato, pronto para enfrentar todos os ônus de uma candidatura.

Qual o motivo de abrir a coluna com esse tema? Na verdade me lembrei de um encontro casual com o dr. Amado Rahal (o melhor diretor geral que o Hospital de Base já teve) numa roda de amigos, quando quis saber minha opinião sobre sua possível candidatura no próximo ano. E foi exatamente isso que lhe disse, da questão da vontade, da decisão firme de entrar nessa batalha ferrenha.

ODACIR

Cheguei a imaginar ainda no primeiro semestre que o ex-senador Odacir Soares (dono de um império radiofônico) estava mesmo decidido a ser o candidato competitivo para enfrentar Mauro Nazif. Hoje não tenho mais essa convicção. A decisão de permanecer ligado ao grupo político do (ainda) senador condenado Ivo Cassol (embora demonstrasse interesse em buscar um novo partido) não é uma postura adequada de quem está decidido a encampar uma candidatura e oposição, pois não dá segurança àqueles que até pretendiam caminhar juntos do ex-senador para apear de vez Mauro Nazif da vida pública.

LEO MORAES

O nome do deputado (que já foi vereador e fez oposição a Mauro Nazif) Leo Moraes para ter todas as condições de consolidar uma candidatura com o apoio integral de seu partido (PTB) para a disputa municipal. Se desperta confiança em seus correligionários, ainda carece de demonstrar com atos indiscutíveis o segmento que pretende representar nessa corrida.

O colunista não tem ainda os elementos para afirmar que a candidatura de Leo Moraes não passa de uma falsa disposição. É mais ou menos o mesmo mistério que envolve o nome da deputada federal Mariana Carvalho (apontada como candidata natural do PSDB). Essa “disposição falsa” pode comprometer a eleição de muitas pessoas que, por exemplo, sonham em disputar uma vaga na vereança.

EDGAR

A coluna chegou a noticiar uma dessas supostas candidaturas como algo praticamente consolidada. Falamos de Edgar do Boi, presidente estadual do PSDC, que aparentemente tem o consenso de um grupo unido em torno de seu nome.

Entrementes às várias postulações que vão costeando o alambrado, Edgar age como quem não está exatamente identificado com a candidatura. Está levando adiante um difícil trabalho de articulação, num clima de incertezas sobre suas próprias pretensões.

PREFEITO OBSCURO

Difícil entender a motivação do prefeito em adotar mais uma medida obscura para o transporte coletivo de Porto Velho, na tentativa de superar o caos criado por sua própria decisão com a tal “solução emergencial” para substituir o consórcio que vinha operando o sistema na capital rondoniense.

Como obteve apoio do Judiciário na esdrúxula decisão de fazer a meia-sola do transporte com a tal da Ocimar; o prefeito volta a agir sem levar em a greve de cobradores e motoristas. E como se o alerta entrasse por um ouvido, e saísse pelo outro.

COMO DANTES

Será que nenhum órgão de fiscalização vai apurar rigorosamente os fatos dessa bizarra contratação de ônibus velhos da Rovema? Afinal, quanto isso vai custar ao cidadão-contribuinte-eleitor? A adoção da tarifa a custo zero objetiva tem objetivos eleitorais? Essa contratação atende as normas legais da licitação pública?

Se na desastrada ação da “solução emergencial” órgãos como TCE e até a Câmara Municipal – o denodo do vereador Everaldo Fogaça foi essencial – decidiram defender os interesses da cidade, mesmo com o manifesto apoio da autoridade togada ao prefeito, agora, diante dessa bizarra repetição do mesmo erro esses órgãos irão cumprir seu papel fiscalizador? O que esperar do MP?

FERINDO DIREITOS

O prefeito parece acreditar que mais uma vez o povo vai pagar o pato e tudo ficará por isso mesmo, sem nenhuma providência adotada por quem tem a obrigação de punir os praticantes de má gestão. Essa decisão de Mauro só irá irritar ainda mais os ânimos de cobradores e motoristas e vai, isso sim, aumentar o caos do transporte público.

As pesquisas costumam apontar a saúde, educação e segurança pública como as áreas de maior preocupação  dos rondonienses. Para os moradores de Porto Velho , além das prioridades elencadas, a locomoção de pessoas, associada ao direito de ir e vir, é um tema cada vez mais recorrente não só na seara do legislativo municipal, mas em outros fóruns. O prefeito Nazif, pelo visto, tem ferido esse direito prioritário dos moradores da capital. Não é possível acreditar que tratando do tema sem mostrar transparência nas decisões, Nazif conseguirá manter-se impune  diante das autoridades dispostas a cumprir seu papel de defender o cidadão-contribuinte-eleitor.

CRÍTICA

A balbúrdia que domina o transporte coletivo de Porto Velho (com o sistema paralisado) e soluções do tipo meia-sola, afeta duramente a imagem do prefeito Mauro Nazif. Esse é o motivo da blitz publicitária desenvolvida pela prefeitura, especialmente no meio televisivo, em torno das 100 (seria mais adequado usar o vocábulo “sem”) obras.

Na esperança de tapar o sol com a peneira, a prefeitura considera “uma obra importante” a simples complementação de colocar sarjeta na Vieira Caúla, avenida que tem servido de ralo para torrar dinheiro público nos últimos 13 anos. E mesmo assim, as obras não tem sequer aparência de estarem concluídas. Cercado de aspones o prefeito não consegue nem implementar uma política correta de comunicação de crise com o povo. Afinal, seu chefe de comunicação não entende bulhufas do que é jornalismo e muito menos comunicação democrática e pública.

FANTASMA

Cada vez mais isolada, Dilma Roussef hoje é um fantasma no Planalto: o fantasma de uma presidente que não preside, de uma administradora que não administra e de uma articuladora que não articula. Comanda um ‘não governo’ que se arrasta diante das denúncias de corrupção, fraudes e incapacidade administrativa. Nenhuma das decisões tomadas recentemente tem surtido o efeito esperado e, o que é pior, arrasta ainda mais o governo federal para o olho do furacão. O que muitos esperavam aconteceu: nem entregando o seu governo nas mãos do padrinho Luiz Inácio Lula da Silva e do PMDB, e se tornando refém de seus próprios aliados, a presidente Dilma Rousseff (PT) conseguiu alcançar seus propósitos mais urgentes.

E MARIANA FALOU!

Nossa linda deputada federal tucana é mesmo uma moça prodígio, com ideias profundas. Tanto assim que desabafou ontem, numa nota distribuída à mídia: “A educação não pode ser tratada como uma moeda num jogo de interesses políticos”. Profundo, não! Para a linda Mariana Carvalho, “o MEC precisa explicar como o Brasil vai se tornar uma pátria educadora”. Isso parece a charada da esfinge: “Decifra-me ou te devoro”.