Em Linhas Gerais: No governo da cooperação, mais da metade da população não conhece uma única obra de Confúcio

Gessi Taborda

Publicada em 25 de October de 2013 às 15:22:00

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NÃO FUI Recebi até um convite para ir ontem ao gabinete do prefeito, testemunhar sua sanção à lei da manguaça nos postos de combustíveis. Não fui. Isso é coisa muito pequena.

Terei, sim, desejo de ir ao prefeito quando ele tiver um projeto arrojado, para construir uma “nova capital”. Não acredito que Nazif tenha capacidade para um desafio desse tamanho. Porto Velho não precisa dessas decisões pontuais e acanhadas. Precisa de algo capaz de mexer radicalmente nas operações urbanas consorciadas. Até agora esse prefeito, como os anteriores, não apresentou nada com repercussão na requalificação urbanística de Porto Velho e nem na supressão dos cartões postais negativos da cidade. Bom, pelo menos parece que Nazif não vai contribuir para aumentar a manada de elefantes brancos com mais obras paradas.


SEM SABER Para aqueles posicionados na defesa do filosófico governador rondoniense, sempre prontos a rosnar como cães raivosos à menor crítica ao (des) governo atual, vão aí dados de um levantamento de opinião pública. Mais de 55% da população não saber citar uma realização do governo Confúcio. Ué! Como isso pode acontecer? Afinal num governo de cooperação não era para ser exatamente o contrário?

PROMISCUIDADE Dessa vez o governador Confúcio Moura não deverá ficar navegando em céu de brigadeiro enquanto outros personagens da política local se debatem para não ser engolidos pelo furacão das promiscuidades reveladas nas várias ações policiais feitas para combater o crime organizado e a corrupção.

As declarações (em carta aberta) de Herbert Lins de Albuquerque – um dos personagens presos na Operação Apocalipse – coloca o governador Confúcio Moura como o principal beneficiário das articulações do grupo criminoso de Alberto Siqueira (Beto Baba), Fernando da Gata; Alex Braga (irmão do Fernando da Gata), Assis de Oliveira (cunhado de Confúcio) entre outros.

E mais uma vez vem a clara a afirmação de que Confúcio sabia de toda a sujeira na montagem de dossiês e provas forjadas para pegar na esparrela seus desafetos, como o presidente da Assembleia, o deputado José Hermínio.



RONDONIAGATE Herbert está confiante de que vai provar “tudo” na Justiça. Coisas como a farsa “das escutas telefônicas” feitas pela polícia do governador; coisas como “os 2 milhões de reais” que deixaram de ser apreendidos pela Polícia Federal quando estes foram na casa do motorista Rômulo, suposto traidor de Confúcio. O dinheiro estava debaixo de uma cama. A grana, diz Herbert, foi usada depois para comprar uma casa para o “chefão”, num condomínio de luxo.

As afirmações de Herbert revela um “Rondoniagate” onde supostamente o governo está envolvido até o último fio de cabelo. E sobre isso – como acrescenta o próprio Herbert – nem Bessa, o secretário do governador, pode ficar inerte, calado, sob pena de prevaricação.


SEM RECUPERAÇÃO É difícil prever a repercussão das declarações contra Confúcio feita pelo chefe do PHS em Rondônia. Não dá para saber se o secretário Bessa vai cumprir seu papel de agente da lei ou se fechará os olhos para proteger seu patrão, o governador.

Uma constatação assustadora: o próximo eleito vai encontrar o estado rondoniense com sua gestão destroçada. Praticamente quebrado e com tudo descontrolado. Sem recuperação.

Ainda é uma incógnita a reação do Ministério Público às declarações desse senhor Herbert, com um longo passado de serviçal e defensor de Confúcio. É deprimente, mas o governo do filósofo acabou. O timoneiro não quer saber de mais nada. Passa o tempo quase todo fazendo campanhas e espalhando promessas.


PERDULÁRIO Que governo esse de Rondônia, que desmonta a máquina pública (com a mistificação da reforma) com a desculpa de que é necessário economizar e ao mesmo tempo pretende gastar mais de 53 milhões de reais na locação de veículos para a Secretaria de Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec), exatamente aquela pasta onde reina o Bessa, esse cidadão apontado como operador de ações para desestabilizar opositores de sua “sapiência” confuciana?

Ainda bem que o conselheiro Francisco Carvalho da Silva decidiu postergar essa vontade (e bota vontade nisso) do governo.



DISPARATE Ora, Mais de 53 milhões para locação de carros é mesmo um disparate. Quem (qual empresário) seria beneficiado com mais essa “cooperação” de um governo acusado de fazer negócios nebulosos até para colocar catracas no prédio principal do Centro Administrativo?

Como pode um estado – segundo o próprio governo – na pindaíba como Rondônia torrar tantos milhões para alugar carros. Até parece que a Sesdec vai enfrentar alguma guerra por aqui! Tomara que Francisco Carvalho não permita esse tipo de negócio quase sempre montado para atender quem vive pendurado nas tetas do poder, nem que para isso tenha de distribuir supostas propinas.


MANGUAÇA Os alcoólatras podem aproveitar esse final de semana comemorar. Está novamente liberada a venda de bebidas alcoólicas nas lojas de conveniências dos postos de gasolina de Porto Velho. A lei foi sancionada ontem pelo prefeito do PSB, Mauro Nazif. Os postos só podem vender. Continua sendo proibido beber na área dos postos de combustíveis. Certamente os alcoólatras não deverão esperar chegar em casa – um num boteco – para abrir a cerveja comprada nos postos. Bafômetro neles.



E DAÍ? E a situação de Porto Velho é delicada, para dizer o mínimo. Deve ser o que pensa, também, o presidente da Câmara Municipal, vereador Alan Queiroz. Chegando ao fim do seu primeiro ano de mandato o vereador descobriu, finalmente, que o município está no limiar de perder R$ 100 milhões com as obras paradas (do PAC). São recursos da Caixa Econômica Federal, disponíveis por um tempo, mas sujeitos a voltarem para Brasília por falhas em projetos da prefeitura.

O próprio Wilson Alves, gerente da Caixa no estado disse que há 33 obras paralisadas em Porto Velho e 13, acrescentou, “nem foram iniciadas ainda”. Ele contou quase 54 milhões de reais estão disponíveis para obras de drenagem pluvial e “correm o risco de ser devolvido”, porque “as obras estão paralisadas”.



NÃO RESOLVE NADA O vereador Alan Queiróz quer tratar desse assunto em mais uma audiência pública. Não resolve nada, mas passa a imagem de que o vereador está tralhando e a edilidade está preocupada com o assunto. Enquanto isso, o principal responsável por essa manada de elefantes brancos – que são as obras paradas – continua solto, como se não tivesse a menor responsabilidade por deixar Porto Velho com essa cara de terra arrasada.

O vereador deve estar careca de saber que é muito vergonhoso o modo de trabalhar com obras em Porto Velho e (vá lá) também no Estado. Se no passado recente os vereadores cumprissem com o seu papel de fiscalizar o executivo, certamente não teríamos esse quadro de desolação. Ao contrário de audiência pública, possivelmente teríamos melhor resultado com investigação e punição dos responsáveis pelas obras paradas.