Em Linhas Gerais: No momento tudo leva a crer que teremos uma disputa de personagens desconhecidos da maior parte do eleitorado

Gessi Taborda

Publicada em 27 de July de 2016 às 09:05:00

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FILOSOFANDO

A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos”. Montesquieu (1689/1755), filósofo e proficiente escritor francês, autor de O Espírito das Leis, a sua mais famosa obra.

COMO NUVEM

Foi o sagaz mineiro Magalhães Pinto quem disse que política muda como nuvem. E isso ficou provado na disputa pela prefeitura de Porto Velho nesse ano. Mudanças em cima da hora na formação do “cast” dos que irão disputar o comando do município aconteceram abruptamente como a formação das nuvens no céu. E com isso teremos, pelo menos no cenário do momento, uma disputa de personagens desconhecidos da maior parte do eleitorado, debutantes com poucos dias para conquistar a simpatia e confiança de um eleitorado cada vez mais decepcionado com a classe política e com os dirigentes públicos.

CARTADA CERTA

Comecemos a escrever sobre os personagens da eleição deste ano pelo desfecho final no ninho dos tucanos. Na formação da chapa de Hildon Chaves e Edgar (do Boi) Tonial, certamente quem fez a melhor jogada foi o presidente do PSDC rondoniense que, como se falou até semana passada, era nome certo do partido para entrar na disputa como candidato a prefeito.

Ora, Edgar iria concorrer como uma autêntica zebra, pois seria um candidato sem tempo de televisão e sem dinheiro para fazer uma campanha competitiva. Entrar num pleito difícil como esse sem igualdade de competição com os candidatos dos partidos maiores, cacifados pelo menos com os recursos do fundo partidário seria uma aventura de desfecho muito duvidoso.

INCÓGNITA

O candidato escolhido pelo PSDB ao qual se juntou Edgar é certamente uma incógnita. Afinal é um nome completamente desconhecido no mundo político e também da grande maioria dos eleitores. Essa condição de debutante pode ser uma dificuldade a mais para fazer a candidatura decolar no pouco tempo disponível. Mas se a campanha de Hildon tiver um suporte técnico na área de comunicação e marketing, essa sua debutação pode ser um fato favorável para conquistar um eleitorado cada vez mais desencantado com os políticos tradicionais e medalhões. O eleitor está ávido para experimentar caras e ideias novas na disputa eleitoral.

TIRO NO PÉ

Na minha concepção a desistência de Mariana no enfrentamento da disputa eleitoral desse ano, quando era apontada como o nome mais competitivo poderá ter o efeito do tal “tiro no pé” ao longo prazo, comprometendo projetos futuros. As justificativas dadas pela dondoca para fugir da raia são fraquíssimas. Parecem mais como uma declaração de quem não tinha projetos e nem condições de libertar a capital dos longos anos em que se mantém refém das tais gestões mequetrefes. Ora, se não teve coragem de gerir o município mais importante do estado como pretenderá demonstrar capacidade para, no futuro, se apresentar na disputa pelo governo do estado?

INSTRUMENTO

Mariana Carvalho é uma moça de bem com a vida. Além de bonita e criada em típico berço de ouro, Mariana colheu os melhores frutos em todas as disputas eleitorais em que foi protagonista. Mas pelo visto ela ainda não entendeu o espírito da coisa.

E político(a) que é “instrumento” dos eleitores precisa ficar muito atento. Por dois motivos. Primeiro, porque, se não ficar atento, se não constituir um projeto de longo prazo, poderá ganhar uma, duas e até três eleições, mas aos poucos vai sendo esquecido e, daí, abandonado pelos eleitores.

TROCA

Mariana pode não acreditar, mas ela se tornou uma espécie de resposta do eleitor a um momento dado — de profundo descontentamento. Pode desaparecer prematuramente com a mesma circunstância que foi gerada. Isso por que o eleitor pode escolher alguém para votar como resposta à seu próprio desencantamento com os políticos profissionais, mas, se perceber, durante o processo eleitoral, que há uma resposta mais adequada, mais sólida e consistente, pode trocá-la. Daqui até 2018 teremos a oportunidade de conferir se Mariana Carvalho será mais “objeto” do que “sujeito”.

NO ESCURO

O outro grande partido com candidato definido para a disputa é o PMDB. A grosso modo sua situação não é muito diferente da sigla tucana. Para quem entende um mínimo de político o nome de Williames Pimentel, o candidato aprovado na convenção do partido de Valdir Raupp, é uma aposta no escuro. O eleitorado de Porto Velho nesse exato momento não sabe de fato o que é o ex-secretário da Saúde, que tanto serviu a Roberto Sobrinho como a Confúcio Moura, mais recentemente.

SEM LEGADO

Williames Pimentel pode até ter mais popularidade do que Hildon Chaves. Nem por isso tem mais prestigio do que o candidato lançado pelos tucanos. Embora o primeiro tenha passado anos e anos respondendo pelo segmento da Saúde na deixou nesse período nenhum legado, nenhuma coisa importante para a sociedade, ao ponto de provocar admiração ou respeito pelo que fez. O episódio ainda mais lembrado sobre Williames foi sua prisão numa dessas operações policiais de investigação de corrupção no setor público.

SEM AVALIAÇÕES

Recentemente jornais e sites de notícia andaram publicando pesquisas. Muitos aspirantes a um cargo eletivo se entusiasmaram com índices dessas pesquisas, imaginando chances seguras de vitória na dificílima campanha que, de fato, está começando.

As pesquisas quantitativas não dizem, nem têm condições de dizer, o óbvio: agora, os eleitores não estavam avaliando candidatos, e sim nomes. Neste momento, os políticos são vistos mais como celebridades e não-celebridades.

DIFERENTE DE MAURO

As pesquisas qualitativas, por outro lado, estão sugerindo que o perfil do prefeito que o portovelhense quer não é o de Mauro Nazif e nem o de Leo Moraes. Querem um gestor? Querem. Mas um gestor que seja criativo, moderno e que seja audacioso. E até esse momento não dá para afirmar qual dos candidatos conseguirá convencer o eleitorado de que é esse sujeito para transformar o município da capital.

PREOCUPAÇÕES

Nesse momento a sociedade de Porto Velho (e, por tabela, de toda Rondônia) está mais preocupada com a crise, com o desemprego, com o custo de vida cada vez mais elevado. As pessoas estão interessadas em viver da melhor forma possível e a política, embora importante, não é o centro de suas atenções. Quem deve fazer política o tempo inteiro são os políticos. Os eleitores têm seu próprio tempo. E esse tempo só deverá começar de verdade após as Olimpíadas.