Em Linhas Gerais: 'Operação Plateias' deve servir de alerta a todos os políticos: vocês foram eleitos para administrar em nome do povo, não para roubá-lo

Gessi Taborda

Publicada em 24 de November de 2014 às 10:08:00

O ESTOURO INACABADO

Admirável o papel das instituições independentes responsáveis pela deflagração da Operação Plateias no estado de Rondônia, provocando o primeiro estrondo de mais uma quadrilha especializada em roubar dinheiro público dos cofres estaduais com o objetivo não apenas do enriquecimento ilícito, mas também da manutenção do Poder nas mãos sujas de autênticos mafiosos infiltrados na política a vários anos.

O estouro dessa camarilha revelada nesse trabalho da Justiça, através de órgãos como o Ministério Público e STJ e a Polícia Federal não deve parar por ai, nesse primeiro estrondo. É preciso que esse trabalho nos devolva o orgulho de sermos rondonienses e brasileiros, que não aceitamos mais erros cometidos no processo eleitoral fazendo da população honesta e pagadora de impostos refém de bandidos crentes interessados em tornar o estado uma propriedade particular.


SALVAR RONDÔNIA

Esse governador apontado mais vez (e dessa vez pela própria Polícia Federal) como o verdadeiro articulador da organização criminosa desmontada agora pela Operação Plateias certamente não fez tudo para ganhar mais um mandato por objetivos nobres. Embora essa joia amazônica que e nossa amada Rondônia não foi reduzida a pó pelo saqueamento sofrido no primeiro mandato. Com toda a crise existente hoje, Confúcio com certeza entrou na busca por um novo mandato sabendo que por aqui ainda vai jorrar muito dinheiro. Em Rondônia continuará existindo essa fonte imensamente rica dos contratos com empreiteiras, fornecedores e prestadores de serviço ao governo, isso sem contar as fontes da riqueza natural, como os diamantes de Espigão, só para citar um exemplo.


CEGUEIRA

Não cabe à coluna fazer afirmações contra o governador, afirmações estas da competência do Judiciário, após constatar aquilo que vem sendo revelado pelas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público. Mas a coluna tem de bisar sempre o feio papel desse político que tanto gosta de se apresentar como profeta do passado, principalmente quando é para desancar antecessores e adversários políticos.

Logo após seu primeiro mandato no comando de Rondônia a coluna a falta de orientação dessa gestão malfadada não apenas garantir transparência aos seus atos, como também na resposta clara de indagações que andavam pipocando na mídia, como o rápido enriquecimento pessoal do próprio governador, na comparação do volume de seus bens em declarações feitas à justiça eleitoral.

O governo, seguindo a ladainha tão comum aos chefes de poder, em relação às denúncias de esbulho do erário era dominado pela cegueira, pela surdez e mudez, deixando transparecer sempre que “não sabia de nada” daquilo que estava nas manchetes da imprensa independente e nos discursos da Assembleia.


DEUS É GRANDE


Se a população rondoniense – por sua parte mais ingênua – tem dificuldades em expulsar, através das urnas políticos treinados para surrupiar até as nossas esperanças futuras, temos tido a sorte das instituições de controle externo corrigir o feio papel.

Deus é grande! De repente vimos um “irmão Valter” ser trancafiado (primeiramente no Presídio de Segurança Máxima) e mantido no xadrez do Pandinha. Vimos o “capo de tutti capi”, Mário Calixto, sendo obrigado a viver na Bolívia e correndo o risco diário de acabar voltando aqui para pagar pelos seus crimes. E certamente, por que Deus é grande, vimos também deputados como Donadon atrás das grades, mesmo sem nunca ter sido afastado pelos seus pares.

E assim, esse governo sempre acéfalo terá imensas dificuldades para continuar engessando o estado de Rondônia, mesmo que venha a ser orientado no próximo ano por companheiros partidários com menor interesse em amealhar fortunas arrancadas do tesouro estadual.


É MELHOR TORCER

Mesmo com um ceticismo muito grande em relação às presepadas dos dirigentes públicos de nossa, creio que dessa as coisas vão mudar.

Instituições como Tribunal de Contas (do estado ou federal), Ministério Público (idem) Polícia Federal e Gaegos e (vá lá) legislativo (por uns poucos deputados) podem livrar Rondônia do “Clube dos Malditos”.

No caso de Confúcio Moura (que foi à Polícia Federal não de sua livre vontade e sim coercitivamente) há uma situação ainda mais indefinida.

Ao ser mostrado pela Operação Plateias como personagem devidamente enterrado no Pantanal da Corrupção, surge essa esperança de que a Justiça (incluindo-se ai a eleitoral) ensine-o que vence eleição não é simplesmente receber um canudo que garanta a posse. E nem a posse é garantia do pleno exercício de todo o mandato.

O episódio dessa Operação deve servir como um alerta a todos os políticos rondonienses: vocês foram eleitos para administrar o estado em nome do povo e não para embrulhá-lo e levando o dinheiro público para casa.


SUBORNADOS

No fim de toda essa conversa pornográfica sobre as relações espúrias tão comuns aos governantes rondonienses não explorou detalhadamente a figura dos subornados.

A extorsão do contratado de obras públicas, de outros serviços e materiais é feita pelas autoridades ou funcionários subalternos, sob a ameaça de segurar as medições, a certificação do recebimento do material, conforme a especificação licitada e, o principal, reter ou atrasar os pagamentos.

E por que os subornados não denunciam?

Denunciar significa um suicídio empresarial. Não conseguirá provar: o achaque sempre é feito por um intermediário que faz parte de uma cadeia de intermediação, que pode ser caracterizada como uma quadrilha, em que as relações são encobertas, não havendo contato pessoal e direto entre a autoridade e o achacador. Se emergir publicamente, a autoridade sempre alegará que "não sabia de nada" e que "não conhece a pessoa".



TIME AMADOR

Confúcio Moura demonstra ser incompetente em tudo. Até na hora de montar um esquema como esse denunciado pela operação Plateias, da PF.

O rombo só emergiu por ter começado com a ação de amadores, como o Batista que no princípio não era mais do que um hortelão a Assembleia. Ou seja, mal feitos, em todos os sentidos do termo, ou quando envolve outros crimes, como a lavagem de dinheiro. Todo o processo dessa Operação Plateias não visou, claro, o Batista ou o próprio cunhado do governador. Foi pesquisar a aprofundação dos achaques, incluindo as relações encobertas entre a autoridade maior e os achacadores.


Essa conversa de que a prática da corrupção é necessária para financiar os altos custos das campanhas eleitorais é conversa para boi dormir. Mas grande parte recolhe o dinheiro para benefício próprio, para o seu enriquecimento e para levar uma vida nababesca.