Em Linhas Gerais: Em último debate, os nervos vão à flor da pele: Nazif e Roberto distribuem pancadas, Léo se sai bem e Hildon vacila no final

Gessi Taborda 

Publicada em 01 de October de 2016 às 09:19:00

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FILOSOFANDO

Isto é Congresso eficiente! Ele mesmo rouba, ele mesmo investiga, ele mesmo absolve.” Millôr Fernandes(1923/2012), jornalista, teatrólogo e humorista brasileiro.

ÚLTIMO DEBATE

A campanha praticamente terminou. Agora só resta ao eleitor encaminhar-se amanhã para a sua sessão eleitoral e escolher os seus candidatos, a prefeito e a vereador. Os eleitos assumirão no início do próximo ano. O “gran finale” dessa corrida foi o debate entre os candidatos realizados pela rede Globo (leia-se TV Rondônia) na noite de 29.

Certamente foi o de maior audiência entre todos os debates realizados durante a disputa, mas nem por isso chegou aos índices capazes de mudar drasticamente as tendências estabelecidas até então. Na a avaliação de quem acompanha milimetricamente o cenário eleitoral de Porto Velho o debate da Globo não deverá influenciar o resultado final das urnas.

BATE-BOCA

Se levarmos em consideração os insossos debates anteriores, quando a maior parte da audiência não conseguiu ficar com a TV ligada até o fim, dessa vez quem se ligou no confronto teve mais estimulo para assistir toda a pugna pela temperatura mais agressiva entre os concorrentes, alimentando grosseiros e dispensáveis bate-bocas definindo o temperamento pouco recomendável da maioria dos pretendentes a assumir o comando da prefeitura de Porto Velho em 2017.

Até o sempre equilibrado candidato Ribamar Araújo acabou sendo vítimas das grosserias distribuídas pelo (ainda) prefeito Mauro Nazif ao fugir da provocação do deputado do PR, sobre se tem ou não vergonha de ter sido apontado como um dos piores prefeitos do Brasil. Com sua expressão de velho dervixe, Nazif disse ter vergonha é de deputados (Araújo está em seu terceiro mandato na Assembleia) que não fazem nada e nada tem para apresentar.

PREFEITO ARROGANTE

Num debate de clima mais pesado o prefeito que tenta uma reeleição reforçou seu lado arrogante e nem por isso sofreu o combate esperado. Sem responder diretamente os questionamentos sobre sua fraquíssima gestão, preferiu reforçar mais uma vez fatos de sua trajetória política, considerando-se responsável pela lei que acabou com a aposentadoria de deputados estaduais.

Ninguém resolveu por um ponto final nesse argumento do prefeito, lembrando-lhe que o fim da aposentadoria dos deputados estaduais rondonienses foi uma decisão coletiva dos deputados e não pessoal de Mauro. Como deputado, Nazif nunca teve papel relevante de liderança no parlamento estadual e nem no federal.

ROBERTO X NAZIF

O prefeito foi o alvo mais evidente das críticas proferidas pelos concorrentes nessa corrida que deverá continuar num segundo turno. Até seu antecessor, o petista Roberto Sobrinho, não deixou de atirar pedras em Mauro, destacando até mesmo “a retirada de máquinas” dos distritos que, em suas afirmações, estão abandonados.

E Mauro, o mesmo que ao assumir preferiu não fazer uma auditoria sobre os anos em que a prefeitura ficou na mão do PT, retrucava novamente ter recebido uma prefeitura completamente erodida, uma herança maldita do antecessor petista.

TIROTEIO PESADO

Os ataques mais pesados aconteceram no confronto entre o candidato noviço dos tucanos, o antigo membro do Ministério Público Estadual e, agora, empresário do setor educacional, Hildon Chaves e o petista Roberto Sobrinho que, mesmo condenado pela Justiça Eleitoral (está irremediavelmente inelegível), participou do último debate e terá seu nome mantido nas urnas.

Mesmo sabendo os votos dados ao 13 só serão conhecidos se for derrubada a decisão do TRE (por 6 a zero) mantendo sua inelegibilidade, o petista revidou o ataque do tucano Hildon Chaves levantando suspeitas sobre a formação do patrimônio milionário de Chaves que, por 22 anos foi servidor público, no cargo de promotor de Justiça no MP estadual.

O TROCO

Ao dar o troco imediato nas provocações do petista Hildon lamentou o anacronismo da Justiça que permite “a um sujeito com uma enorme folha corrida” participar de um debate eleitoral mesmo estando inelegível e garantiu que estava “com nojo” de estar perto do petista.

Quem acompanhou todo o escarcéu entre o tucano e o petista não conseguiu compreender qual a justificativa da tática utilizada.

DESNECESSÁRIA

Hildon vinha se firmando como a melhor opção para o eleitor cansado de votar em políticos tradicionais. Ele próprio, conhecedor dos meandros da Justiça certamente tinha dados para avaliar como praticamente impossível uma “vitória” do condenadíssimo Sobrinho, um autêntico colecionador de outras ações judiciais em curso.

A agressividade contra o candidato do partido de Lula e Dilma não parece ter justificativa pois se o objetivo de Hildon mirava sua chegada ao segundo turno, seus concorrentes mais diretos, além do próprio prefeito, seriam Pimentel e Leo Moraes, que não entraram na alça de mira de Hildon.

SEM FUZILARIA

Salvo melhor juízo, quem mais se aproveitou do último debate para carimbar o passaporte rumo ao segundo turno foi mesmo Leo Moraes. Confiante de uma posição consolidada na disputa, Leo preferiu trocar confortáveis perguntas com Ribamar e Pimentel, sem estabelecer um confronto direto com qualquer concorrente.

Ele falou tanto de combate à corrupção quanto seu colega de parlamento, Ribamar Araujo, que usa a personificação de “pai da ética” como bandeira pessoal, caso venha a ser eleito.

Agindo assim, o candidato do PTB que tem como vice o médico Amado Rahall acabou escapando da fuzilaria enfrentada por Mauro Nazif, Williames Pimentel e o descartável Roberto Sobrinho.

POUCA INFLUÊNCIA

Certamente o debate foi o mais agressivo de todos e mesmo assim serviu para alguns participantes externarem sua solidariedade ao folclórico Pimenta de Rondônia, candidato do Psol, barrado pelas regras estabelecidas entre as coligações a emissora de TV.

Dependendo do ângulo em que for feita a análise, a sensação é de que o maior perdedor da disputa foi o próprio prefeito Mauro Nazif por não modificar a imagem (reforçada pelos concorrentes) de que é um político de ideias ultrapassadas, incapaz de promover a modernidade da gestão.

MEDIANO

O desempenho de Pimentel (de quem se esperava uma espécie de virada) não saiu do nível mediano. Usou e abusou de seu mais querido cacoete, fez elogios rasgados ao governador Confúcio (dando ideia de que numa suposta gestão dele, tudo vai depender do governo do estado) e voltou a se escorar no antigo pensamento do “filho da terra”, como condição e garantia de se realizar uma gestão de qualidade.

Mas teve a seu favor – logo ele apontado tantas vezes como um gestor nada diplomático no relacionamento com os subalternos – uma demonstração de controle ao não se irritar com aqueles que fizeram perguntas mais indiscretas.

No final de tudo, quem soube deixar o recado claro que a cidade precisa de um cuidador capaz de propor e fazer coisas com eficiência foi Hildon Chaves, sempre destacando sua capacidade de gestor no mundo empresarial.