Em vez de execrá-la, o PT precisa apoiar a vereadora que denunciou a corrupção na prefeitura de Cacoal

Valdemir Caldas

Publicada em 29 de May de 2015 às 21:22:00

Em 2011, ao denunciar a existência de uma quadrilha que atuava na prefeitura de Porto Velho, o deputado estadual Ribamar Araújo (PT) foi alvo de uma campanha mordaz, desencadeada por aliados do então prefeito Roberto Sobrinho. Houve até quem pedisse sua expulsão do partido, mas ele sobreviveu às diatribes de seus algozes e, de quebra, ainda conquistou mais um mandato, para desespero dos que trabalharam para rifá-lo do mapa político.

Situação semelhante estaria vivendo a vereadora Maria Simões (PT), que denunciou a roubalheira na prefeitura de Cacoal, município  comandado pelo petista Padre Franco. Acusam-na de perseguir o prefeito. Busca-se desqualificar a denúncia pelo fato de ela haver partido de alguém que teria cometido eventual irregularidade, como se isso excluísse o caráter criminoso.

Os acontecimentos que envolvem a prefeitura de Cacoal foram testados e comprovados pelo Ministério Público do Estado de Rondônia, após criteriosa investigação, com a participação da Polícia Civil. Pretender ver esse ou aquele acusado dispensado de prestar contas à Justiça, pelo simples fato de as acusações terem partido de alguém que cometeu ato ilícito, é querer subestimar a inteligência das pessoas, induzindo-as a desacreditar na seriedade das instituições.

A CPI, como remédio constitucional, não pode ser descartada. A Câmara Municipal de Cacoal não pode abrir mão dessa prerrogativa. É preciso respeitar a opinião pública, que clama pela punição exemplar dos envolvidos no imbróglio.

Não se deseja que a estrutura governamental seja composta de pessoas puras e inatacáveis. Mas o que se deseja é que, quando flagrado algum deles, que se permita descer sobra a sua cabeça as penalidades da lei e não se lhes ofereça o abrigo de desculpadas e desvios de fatos que desmerecem seus autores aos olhos da população.

Por isso, o melhor que a direção do Partido dos Trabalhadores tem a fazer é manifestar seu apoio à vereadora, em vez de tentar execrá-la. Ou o partido já se esqueceu do que aconteceu com a administração do petista Sobrinho?