ENTREVISTA DA SEMANA - Euro Tourinho, uma vida que se confunde com a história de um jornal e da imprensa em Rondônia

Hoje, aos 92 anos de idade, o empresário e jornalista não tem como contar sua história sem falar do jornal Alto Madeira, diário ao qual tem se dedicado por mais de meio século (ENTREVISTA CONCEDIDA A CARLOS ARAÚJO.

Publicada em 17 de November de 2013 às 09:49:00

Por Carlos Araújo

Muito trabalho, exercícios fíisicos e uma vida ativa é a receita para estar bem após os 90 anos

É inescapável fixar os olhos sobre uma foto panorâmica que orna o saguão do hoje Mercado Cultural, reerguido durante a gestão do prefeito Roberto Sobrinho como parte do programa de revitalização do centro histórico de Porto Velho, sem vir à mente os comentários que os menos simpáticos à Família Tourinho fazem sobre o incêndio do então Mercado de Porto Velho, no ano de 1966 e, logo em seguida, a divisão de parte do terreno, para dar lugar ao primeiro prédio com elevador da capital, o Edifício Rio Madeira. A outra parte continuou em ruínas por longos anos.

Mas não foi para abordar essas acusações que se fazem contra o grupo que já foi considerado um dos mais poderosos de Rondônia que a Entrevista da Semana do www.tudorondonia.com procurou o jornalista Euro Tourinho, hoje praticamente considerado um ícone da imprensa rondoniense e, sobretudo, do colunismo social local.

Ele nunca pensou em ser jornalista nem tampouco ser proprietário de um jornal diário. Pode-se dizer que o acaso o fez comunicólogo. Um dos mais respeitados de Rondônia. De seringalista, após investir em vários outros negócios, em parceria com o irmão Luiz Malheiros Tourinho, Euro Tourinho acabou enveredando pelo meio jornalístico e sem maiores pretensões acabou se tornando um dos pioneiros no colunismo social de Porto Velho.

Aos 92 anos, lúcido e ativo – é um dos primeiros a chegar e o último a sair das atuais instalações do quase centenário jornal Alto Madeira -, o empresário e jornalista não tem como contar sua história sem falar do jornal a que tem se dedicado por mais de meio século. “Ainda hoje trabalho diariamente no jornal, sendo o primeiro a chegar e o último a sair”, assevera.

Dono de uma saúde invejável e uma disposição jovial para o trabalho, Euro Tourinho faz crítica aos meios de comunicação “caça-níquel”, usados apenas para atender o lado comercial, e confessa que, hoje, se recebesse uma proposta séria, aceitaria vender o Alto Madeira. “Mas quem quiser comprar tem que garantir que não deixará o jornal fechar”.

Ao conversar com o jornalista Carlos Araújo para uma possível Entrevista da Semana, Euro Tourinho garante que não teme a era cibernética e que não tem aversão ao computador, mas continua a utilizar uma máquina Olivetti manual em seu  peculiar escritório, para redigir as notas da Coluna “AM na Rua” ou notas sociais com as quais colabora com os colunistas sociais. Aliás, nesse quesito, Euro Tourinho e o Alto Madeira detém um recorde regional, com o jornalista e primeiro colunista social de Porto Velho, Ciro Pinheiro, completando 44 anos de atividade no mesmo jornal.

“Escrevia uma coluna de notas sociais quando o Ciro apareceu na redação com uma carta de apresentação e perguntando se havia uma vaga para ele. Não deu tempo para conhecê-lo melhor, porque estava com uma viagem marcada, mas, mesmo assim, resolvi encarregá-lo de manter a minha coluna enquanto estava em viagem. E ele continua aí, até hoje”, relembra.

Sobre jornalismo nos meios eletrônicos, que para alguns vai decretar o fim do jornalismo impresso, o quase centenário jornalista arrisca dizer que ainda terão que “caminhar muito chão” para suplantar de vez o jornal impresso. Ao ser indagado sobre porque ainda continua escrevendo seus artigos numa máquina de datilografia – praticamente uma peça de museu -, o jornalista afirma que tem um amor muito grande pela máquina e por isso não se dedica a digitação em computador. “Não sei explicar, apenas não quero mexer com computador”.

Filho do fazendeiro Homero Tourinho, da região de Corumbá, quando o estado de Mato Grosso ainda não era divido em dois, nomeado agente fiscal por influência do todo poderoso Felinto Müller, homem forte do governo de Getúlio Vargas, para livrá-lo de uma desavença com um vizinho encrenqueiro e destacado para trabalhar em Santa Fé, um posto Fiscal no Norte de Mato Grosso, às margens do rio Guaporé na divisa com a Bolívia, Euro Tourinho lembra as dificuldades passadas pelo pai e conta como deu início ao grupo empresarial que proporcionou a aquisição do jornal Alto Madeira, ligado ao Condomínio de Jornais de Assis Chateaubriand espalhados por vários estados brasileiros. Ele  revela ainda como se deu a derrocada de um dos maiores e mais antigos jornais  do país. Segundo ele, o Governo do Estado e a Asembleia Legislativa, que hoje mantêm vivos vários órgãos de imprensa, são uns dos responsáveis pela quebra do matutino.

E como o Alto Madeira se mantém vivo em meio a tantas dificuldades que já fez sucumbir jornais bem maiores? “Assim, como você sabe, meu caro, investindo os recursos da família”, responde, com certo desapontamento e satisfação ao mesmo tempo.

Confira a entrevista na íntegra:

Dono de uma saúde invejável e uma disposição jovial para o trabalho, Euro Tourinho faz crítica aos meios de comunicação “pires”, usados apenas para atender o lado comercial, e confessa que, hoje, se recebesse uma proposta adequada, aceitaria vender o Alto Madeira. “Mas quem quiser comprar tem que garantir que não deixará o jornal fechar”.

Euro Tourinho diz não temer a era cibernética, nem ter aversão ao computador. Segundo ele, o jornal eletrônico vai ter que “caminhar muito chão” para suplantar de vez o jornal impresso.

Escrevendo seus artigos ainda numa máquina de datilografia, o jornalista, diz que tem um amor muito grande pela máquina e por isso não se dedica a digitação e computador. “Não sei explicar, apenas não quero mexer com computador”.

Euro jura não ter aversao à tecnologia, mas não se separa de sua máquina de escrever

Filho de um agente fiscal, Euro Tourinho lembra as dificuldades passadas pelo pai e fala de como deu início ao grupo empresarial que proporcionou a aquisição do jornal Alto Madeira. Ela fala ainda de como se deu a derrocada de um dos maiores e mais velhos jornais do país. Segundo ele, o Governo do Estado e a Asembleia Legislativa, que hoje mantêm vivos vários órgãos de imprensa, são uns dos responsáveis pela quebra do matutino. Confira a entrevista na íntegra:

Tudo Rondônia: Como e quando a família do empresário e jornalista Euro Tourinho chegou a Porto Velho?

Euro Tourinho: Não sei precisar a data, mas chegamos a Rondônia quando a região onde hoje é Porto Velho era ainda parte do Mato Grosso. Inicialmente moramos em Santa Fé, onde ficamos por dois anos. Meu pai era agente fiscal e trabalhava para o governo do MT, ele foi transferido para Calama, na região do Baixo Madeira, onde permanecemos por três anos. De lá viemos para Santo Antônio, que agora é Porto Velho.

Tudo Rondônia: Como foi sua educação?
Euro Tourinho: Foi meio conturbada. Como meu pai mudava muito, estudei em diferentes colégios. Quando morava em Calama estudei no colégio Dom Bosco – no antigo prédio, próximo a catedral, onde hoje é a faculdade católica. Depois fui para Manaus, onde fiz o magistério.


Euro Tourinho recebe comenda de mérito do desembargador Walter Waltemberg
Tudo Rondônia: Nesse tempo sua família ainda não tinha grandes posses?

Euro Tourinho:
Não, além do trabalho árduo, tivemos que contar também com a sorte, advinda, claro, da competência e do altruísmo de meu pai. Ele Fe amizade com dois empresários seringalistas, ambos judeus, e passou a ajudá-los na contabilidade de um armazém e das vendas da borracha.

Certo dia, um dos comerciantes foi embora e, não demorou muito, o segundo judeu também partiu. Num gesto de gratidão, os empresários, de uma maneira quase gratuita, passaram tudo para meu pai, que pediu exoneração do cargo de agente fiscal e foi cuidar do seringal que acabara de adquirir.

Tudo Rondônia: Então o senhor ainda chegou a ser seringalista?

Euro Tourinho:
Por pouco tempo. Meu pai morreu em 1944, então, ao terminar o ginásio, segui de barco de Manaus para o seringal. Era o mais novo seringalista da região, com quase 400 pessoas sob a minha tutela. Era um bom negócio, mas, por não se adaptar com o método de dirigir o seringal, que exigia um pouco de exploração do seringueiro, acabei não me firmando como seringalista. Não me coadunei com o método exigido para manter o negócio.

Tudo Rondônia: O que fez então, teve ajuda de alguém para administrar?

Euro Tourinho:
Não administrei. Em acordo com meu irmão, Luiz Tourinho, que era bancário e tinha uma visão mais ampla para os negócios, decidi pela venda do seringal, com o dinheiro demos início a outros negócios.

Tudo Rondônia: Foi com o dinheiro do seringal que deu início ao trabalho com a comunicação?

Euro Rondônia:
Não exatamente. Inicialmente montei um salão de sinuca, que era localizado na Rua Barão do Rio Branco, próximo ao antigo prédio do jornal Alto Madeira, na região central de Porto Velho. Só mais tarde passei a investir em comunicação.

Tudo Rondônia: Como passou de dono de salão de sinuca para jornalista e, posteriormente, dono de jornal?

Euro Tourinho:
Na verdade foi uma evolução natural, paulatina e casual. Como meu salão era próximo do jornal, em busca de conversa mais culta, costumava visitar a redação e acabei criando amizade com os jornalistas. Numa conversa casual, o editor elogiou minhas idéias, diz que gostava de minhas opiniões e me convidou a escrever uma coluna para o jornal, de início relutei, mas, após muita insistência do editor, acabei escrevendo alguma coisa e tomei gosto pela coisa.

Tudo Rondônia: O jornal Alto Madeira já tinha esse nome ou era chamado ainda de O Município?

Euro Tourinho:
Dizem que, dois anos antes ele teria se chamado de O Município, mas não tenho certeza, tudo que sei é que o jornal foi fundado pelo médico Joaquim Augusto Tanajura. Após a morte do fundador, a viúva dele vendeu o diário para o ferroviário Inácio Castro.

Tudo Rondônia: Quando o jornal passou a integrar o Grupo Tourinho?

Euro Tourinho:
Os Tourinhos compraram o jornal na década de 60, após a morte de seu proprietário - Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, mais conhecido como Assis Chateaubriand ou Chatô, um dos homens públicos mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 e 1960.

Tudo Rondônia: Chateaubriand era proprietário de uma cadeia de empresas de comunicação, o Alto Madeira também fazia parte desse grupo, o que fez ele (jornal) ser vendido ao grupo Tourinho?

Euro Tourinho:
Chateaubriand tinha em seu grupo administrativo a figura dos condôminos, cerca de 20 diretores de confiança dele que dirigiam 32 jornais, 15 televisões, várias rádios. Os herdeiros do empresário tentaram retomar as empresas, mas os condôminos se reuniram, viram que tinham muitas dívidas e resolveram vender alguns órgãos. Luiz esteve no Rio de janeiro e, em reunião com esses administradores, falou do interesse em comprar o jornal. Como eu já estava inserido na redação, escrevendo artigos, era natural que passasse a editar o jornal.

Tudo Rondônia: O jornal foi a primeira grande empresa do grupo empresarial?

Euro Tourinho:
Não. Quando adquirimos o Alto Madeira já existia a Tourinho Corretores e alguns comércios, inclusive, quando eu apenas escrevia para o jornal, ajudamos muito o Alto Madeira no aspecto financeiro.

Tudo Rondônia: Chegou a ter contato direto com Chatô, como ele era?

Euro Tourinho:
Chateaubriand não ligava muito para dinheiro, ele queria era que o jornal existisse. Ele investia em muitas áreas, comprava obras para museus, fundou aeroclube no Brasil, em fim, ele tinha dessas loucuras.

Com o amigo e colunista Ciro Pinhheiro e a nova gerção de jornalista

Tudo Rondônia: Leu o livro Chatô, o Rei do Brasil, o que achou?

Euro Tourinho:
Li e achei interessante. Engraçado que tem uma passagem que até hoje me recordo com orgulho. Chateaubriand foi nomeado embaixador pleno em potenciário do Brasil (verificar esse título) na Inglaterra. Ele beijou mão da rainha, a beijou, quebrou o protocolo. Eu estava no Rio quando ele tinha acabado de chegar da Europa, então fui ao escritório dele. A secretária falou que ele estava muito ocupado e que não poderia me atender, eu insisti e falei pra ela só dizer meu nome e de onde eu era. A secretária me olhou meio desconfiada e foi entrou na sala, minutos depois saiu com um sorriso no rosto e disse que eu podia entrar. Quando entrei, Chateaubriand se levantou e me saldou com a seguinte frase: “como vai aquele nosso baluarte da fronteira (jornal Alto madeira)”. Reparei que a mesa dele estava cheia de papeis. Ele então me disse que tinha um monte de “pepino” para resolver e que nossa conversa seria rápida, eu disse que queria apenas vê-lo e dar um abraço. Foi uma conversa breve mais significativa.

Tudo Rondônia: Uma curiosidade, com a morte de Chateaubriand, que fim levou a figura dos condôminos?

Euro Tourinho:
Os condôminos eram como um conselho, tinham poder para decisão, e eles não tiveram fim, ainda hoje os filhos de Chateaubriand não conseguiram desmanchar essa figura.

Tudo Rondônia: Em abril de 2017 o jornal Alto madeira completa cem anos, quantos anos o senhor tem de jornal?

Euro Tourinho:
Pouco mais de cinqüenta anos, e ainda tenho fôlego para mais.

Tudo Rondônia: Nesse meio século de dedicação ao jornalismo, qual fato da história local destacaria como a grande notícia da pelo Alto Madeira?

Euro Tourinho:
tenho como a grande notícia a criação do Estado, o que, em nível nacional representou uma grande transformação social, política e econômica. Destaco também a descoberta da cassiterita, a descoberta do ouro no Rio Madeira e a abertura da BR-364, que à época era BR-29. Não posso esquecer também da vinda das companhias aéreas para Porto Velho, lembro que a primeira empresa a voar por aqui foi a Paner, que descia na água. Nesse tempo o aeroporto era na região da Esplanada das Secretárias, onde hoje é o Tribunal de Justiça e onde está sendo construída a nova Assembleia Legislativa.

Tudo Rondônia: Qual a manchete do Alto Madeira no dia em que foi desativada a Estrada de Ferro Madeira Mamoré?

Euro Tourinho:
O Alto Madeira foi contra a desativação da estrada de ferro. Compreendemos que a desativação tem uma justificativa, não tinha renda para manutenção, mas coma saída para o pacífico a reativação da Estrada de Ferro Madeira Mamoré é mais do que justificada.

Tudo Rondônia: Por falar em trem, como o jornal chegava a Guajará?

Euro Tourinho:
O trem levava o jornal para Guajará. Eram dois dias de viagem, mas as pessoas liam. Nosso jornal chegou a circular em Gaza, quando o Exército brasileiro esteve por lá.

Tudo Rondônia: Quando iniciou na imprensa o Alto Madeira era o único jornal da região?

Euro Tourinho:
Sim, o Alto Madeira era o único jornal. Tempos depois surgiu o jornal O Guaporé, que nasceu em função do interesse do grupo Aluizista. Eu não era simpático ao Aluízio Ferreira, então os simpatizantes dele fundaram o jornal.

Tudo Rondônia: Donos de jornais costumam ter grande influência no meio político e empresarial, como exercia o poder da influencia?

Euro Tourinho:
Engraçado, nunca exerci esse poder, nem chamo de poder, porque nunca pensei e explorar ou em tirar proveito desse jornal. Claro, ser dono de um jornal dá prestígio à pessoa, mas nunca explorei isso.

Tudo Rondônia: Em seu auge, quantos funcionários teve o Alto Madeira?

Euro Tourinho:
O Jornal chegou a ter quase cem funcionários, não teve cem porque se tivesse teríamos que ter creche e outras coisas, mas tivemos 97 funcionários.

Tudo Rondônia: E a influência do jornal nos demais negócios?

Euro Tourinho:
O jornal influiu um pouco para os outros empreendimentos. O mais forte foi o de seguro. Representávamos o Grupo Atlântica. Chegamos a ser um dos maiores vendedores de seguros.

Tudo Rondônia: O que inovou no jornalismo?

Euro Tourinho:
Quando tomei gosto pelo jornalismo passei a me dedicar por completo, situei a coluna social no Alto Madeira e tive as principais e melhores máquinas fotográficas disponíveis no mercado na época.

Tudo Rondônia: Ciro Pinheiro foi e ainda é um dos seus principais colunistas, como ele chegou ao jornal?

Euro Tourinho:
Ele tinha um primo que comprava couro e pele silvestre, um dia esse primo o convidou a vir a Porto Velho. Certo dia, estou na porta do jornal com meus repórteres e aí chega aquele rapaz magrelo com uma carta dos diretores dos Diários Associados, ele disse: “tenho essa carta e gostaria que me desse a oportunidade de trabalhar aqui. Eu estava de viagem marcada para o Rio e, sem pensar duas vezes, o contratei e ele está aí há 44 anos. Tenho essa característica de confiar nas pessoas.

Entre o Ciro e eu nunca houve um atrito sequer. Ele já foi convidado a ir para outros jornais, mas nunca abandonou o Alto Madeira.

Tudo Rondônia: Quando O Alto Madeira começou a perder espaço?

Euro Tourinho: Na década de oitenta, quando começou a aparecer jornal para tudo quanto é lado. Muitos desses jornais eram políticos, não se sustentavam sem o apoio financeiro do Estado. Outro fator que muito influenciou nossa derrocada foi o não recebimento de contas, algumas inclusive do Governo do Estado. Contas de 18 anos. Fazíamos o Diário Oficial da Assembleia e até hoje não recebemos o pagamento por aquele serviço.

Tudo Rondônia: Como encara o jornalismo na internet?

Euro Tourinho:
É um concorrente que traz uma preocupação, mas ela não vai tomar o jornal impresso tão cedo.

Tudo Rondônia: Como consegue força pra fazer o jornal circular em meio a tanta crise?

Euro Tourinho:
Amor. Colocamos dinheiro do nosso próprio patrimônio para que o jornal circule, isso tudo pelo amor que tenho ao jornal. O Alto Madeira é minha vida.

Tudo Rondônia: Já tentaram comprar o nome Alto Madeira, por que não vendeu?

Euro Tourinho:
Nunca aceitei negociar o jornal porque não recebi oferta adequada. Só a marca Alto Madeira vale uma fortuna. Contudo, hoje eu aceitaria oferta de alguém que quisesse melhorar o jornal, que garantisse que não fosse fechar o diário.

Tudo Rondônia: Nunca pensou numa versão online do Alto Madeira?

Euro Tourinho:
Já temos registro, mas não funciona ainda. Funcionou por um tempo, chegamos a ter acesso de vários países.

Tudo Rondônia: Como usuário, o senhor é assíduo na internet?

Euro Tourinho:
Não mexo nisso, ainda hoje escrevo na máquina de escrever e mando digitar. Não tenho nada contra o progresso, só não quero escrever no computador. Já tentaram me tirar da máquina de escrever, mas eu resisto, não por aversão, mas... bem, nem sei explicar.

Tudo Rondônia: Algum sonho a realizar ainda?

Euro Tourinho:
Hoje tudo que quero é viver com saúde até meus últimos dias, e quero viver até os cem anos.

Tudo Rondônia: Ao que tudo indica sua família tem sido seu alicerce para todas as suas conquistas, ela é muito grande?

Euro Tourinho:
Relativamente, somos quatro irmãos: Euro Tourinho, Luiz Malheiros Tourinho, Deusa Malheiros Tourinho e Emanoel Malheiros Tourinho, que mora no Pará. Tenho 37 netos e 24 bisnetos. É uma família grande que me respeita muito, posso dizer que sou um homem feliz.

Tudo Rondônia: O que faz para manter esse espírito jovial e essa boa saúde aos 92 anos?

Euro Tourinho:
Pratico atividades físicas todos os dias e trabalho muito.

Tudo Rondônia: Alguma mensagem aos novos jornalistas?

Euro Tourinho:
Apenas um lembrete: o jornalista, acima de tudo, tem que ter amor pela profissão e levar a sério o que faz, não partir pra chantagem, para o achaque, sempre primar pelo respeito ao leitor e á notícia.

Jornal serve para servir a comunidade. Hoje o jornalismo cumpre isso, mas em termos. Há ainda muito interesse por trás de algumas matérias, o que é degradante para a profissão.