Ex-gerente da Petrobras e ex-banqueiro são presos em nova fase da Lava Jato

Os dois são suspeitos de corrupção na compra de um campo seco de petróleo em Benin, na África, e teriam recebido US$ 5,5 milhões de em propina.

Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Publicada em 26 de maio de 2017 às 13:14

A força-tarefa da Operação Lava Jato, no Rio de Janeiro, prendeu na manhã de hoje (26) um ex-gerente da Área de Negócios Internacionais da Petrobras e um ex-banqueiro, na 41ª fase da operação. Os dois são suspeitos de corrupção na compra de um campo seco de petróleo em Benin, na África, e teriam recebido US$ 5,5 milhões de em propina. O dinheiro foi pago pela empresa Companie Beninoise des Hydrocarbures SARL (CBH), que vendeu o campo à estatal brasileira.

Policiais federais cumprem no Rio de Janeiro mandados na zona sul e na zona oeste da capital. Além dos mandados de prisão temporária do ex-banqueiro e de prisão preventiva do ex-gerente da Petrobras, os agentes fazem buscas em cinco endereços. Três pessoas já foram conduzidas coercitivamente para depor. Dois mandados de busca estão sendo cumpridos em São Paulo e um em Brasília.

Entre outros crimes, os suspeitos podem responder por corrupção, fraude em licitações, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-gerente, o ex-banqueiro e mais cinco pessoas, relacionadas a cinco contas mantidas na Suíça e nos Estados Unidos, são suspeitos de ter recebido pagamentos ilícitos, entre 2011 e 2014, que totalizaram mais de US$ 7 milhões.

Segundo o Ministério Público Federal, os pagamentos de propina que garantiram a venda do campo sem petróleo à Petrobras foram intermediados pelo lobista João Augusto Rezende Henriques, operador do PMDB no esquema que causou prejuízos à estatal. O lobista está preso desde setembro de 2015, no âmbito da Operação Lava Jato, e cumpre pena de sete anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, em decorrência dos mesmos fatos, mas em outro processo.

No mesmo processo que sentenciou o lobista, foram condenados também o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e o ex-diretor da Petrobras Jorge Luiz Zelada.

Os fatos começaram a ser investigados em agosto de 2015, a partir da cooperação internacional com o Ministério Público da Suíça. Segundo o MPF, os documentos enviados pelo país europeu comprovaram o pagamento de subornos de cerca de R$ 36 milhões, para concretizar a aquisição, pela Petrobras, do campo de petróleo em Benin, por U$ 34,5 milhões.

Investigações

As investigações da Lava Jato levaram à suspeita de que a empresa de Benin, de propriedade do empresário português Idalécio de Oliveira, recebeu o pagamento da Petrobras em 3 de maio de 2011, e transferiu o valor de US$ 31 milhões para uma holding do mesmo empresário, nos Estados Unidos (EUA), a Lusitania Petroleum LTD.

A partir de contratos da empresa de Idalecio, nos EUA, com uma offshore em seu nome, o lobista João Augusto Rezende recebeu US$ 10 milhões dois dias depois. a partir da empresa offshore de Rezende, o dinheiro foi distribuído para outras contas, também ligadas a pessoas que hoje estão detidas, como o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba.

O lobista João Augusto está preso desde setembro de 2015 na Operação Lava Jato e foi condenado a sete anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, em decorrência dos mesmos fatos, em outro processo, onde foram condenados também Eduardo Cunha e o ex-diretor da Petrobras Jorge Luiz Zelada.

Na decisão que determinou a prisão preventiva do ex-gerente da Petrobras, o juiz Sérgio Moro reiterou que a medida busca prevenir, principalmente, a reiteração do crime de lavagem de dinheiro e a dispersão dos recursos para outras contas. O ex-gerente foi demitido por justa causa da Petrobras por sua participação comprovada no negócio, que rendeu prejuízos milionários à estatal.

Winz

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