FELIZ ANO VELHO, PROFESSORES RONDONIENSES!

Diogo Tobias Filho*

Publicada em 29 de August de 2014 às 10:31:00

O tempo corre rápido demais e em apenas quatro meses estaremos adentrando 2015, sempre com velhas expectativas quebradas tal qual cacos de vidro, mas buscando colá-los para fingir que renovaremos as esperanças no futuro da educação. Já se passaram quinhentos anos de demagogia política no Brasil mas ainda não foram suficientes para aprendermos que a valorização do professor é tão real quanto viajar para Paris com o 13º salário da classe. É só analisar as propostas dos candidatos para a educação. Nada além do que uma cópia bisonha dos discursos demagógicos de campanhas passadas recheadas de verbos abstratos.

Ninguém se salva. O atual governador Confúcio Moura diminuiu suas promessas porque já esgotou seu estoque de falsidade. Seria subestimar além dos limites possíveis, a capacidade de crença da massa docente, infligindo outra vez, a esperança vã que dias melhores estariam guardados para o segundo mandato. Sequer um profissional da área foi escolhido pra comandar a Seduc, o que denota desprezo e falta de compromisso com a classe de educadores.

E as alternativas? São emendas piores do que o soneto oficial. Expedito Júnior, de inovador não representa nada. É um cidadão que já desfilou seu bloco em quase todos os carnavais partidários do Estado e se alguém melhorou de vida nos últimos anos com gestões apoiadas por ele, certamente não foi o povo e sim o próprio Expedito que enriqueceu com grandes lucros auferidos por sua empresa de vigilância. Sua administração vai ser mais um feijão-com-arroz requentado para educação, assim como tem sido os governos anteriores, desde que Teixeirão foi embora.

Jaqueline Cassol dispensa comentários porque quando se olha pelo retrovisor, você só visualiza Ivo Cassol por trás da sua campanha. Aos professores de sala de aula, acredito que inevitavelmente aflora as lembranças mais sombrias de perseguições, uso da força policial excessiva nos movimentos grevistas e quase oito anos de achatamento salarial, entre outras maldades que o flagelo da educação impôs aos trabalhadores em educação.

O Padre Ton não inspira muita confiança do eleitor em razão das tentativas iniciais de se coligar exatamente com a república da roça de Rolim de Moura, tida como inimiga irreconciliável dos professores de sala de aula. Ademais, ainda enfrenta a imagem negativa com os eleitores, alimentada pela administração esculhambada do Roberto Sobrinho em Porto Velho. O curioso é que, apesar de ter sucumbido à ação do Ministério Público, parte do povão da periferia ainda prefere o Roberto que o atual prefeito Mauro Nazif.

Os candidatos nanicos estão apenas divulgando ideias e nada somam em termos de possibilidades eletivas. São apenas corolário da ausência de uma reforma político-partidária que modernize o sistema de representatividade. Pelo pouco que se vê nas propagandas, nota-se também que a renovação está longe de acontecer. Os clãs familiares já preparam seus filhotes, esposas, sobrinhas, irmãs, entre outros, para se perpetuar nas esferas do poder e garantir privilégios que já gozam há décadas, como constituidores do estamento nobre do reino.

Se as caras são as mesmas, tanto no legislativo como no executivo e não surge nenhum nome inspirador, ninguém oriundo das classes populares que tanto necessitam de uma escola pública melhor, com profissionais mais preparados, com investimentos em recursos didáticos, é indubitável deduzir que o professor permanecerá completamente à margem de alcançar uma remuneração digna de reconhecimento ao seu papel na formação dos jovens, como acontece em qualquer país que preza pela educação do seu povo.

Seja qual for o vencedor, os salários permanecerão baixos, as escolas continuarão desconfortáveis e adeptas do improviso, a exploração do trabalho docente continuará com cargas horárias pesadas e a imposição de assumir disciplinas para as quais não foram formados, além do seu status social continuar descendo pelo ralo. Afinal, qual destes candidatos a governador com chance de ganhar tem seus filhos estudando em escola pública?

E se nada vai mudar, não é mais necessário esperar o fim do ano para desejar a saudação tradicional do ano novo: “Feliz Ano Velho, meus queridos professores de Rondônia.

*O autor é filosofo e ex-professor – E-mail: [email protected]