Floresta plantada é apontada como uma “poupança verde” por empreendedores da região Sul de Rondônia

Plantar floresta é fácil, porém é importante o acompanhamento técnico para obter os resultados desejados.

Publicada em 02 de fevereiro de 2016 às 11:29:00

O ciclo da madeira foi um dos principais movimentos econômico ocorrido na história de Rondônia, nas décadas de 70 e 80, com a colonização e o desmatamento da floresta Amazônica, motivado pelo governo Federal. A realidade agora é inversa: a madeira a ser extraída vem da floresta plantada, que oferece atrativos geradores de renda, como o beneficiamento, a goma-resina e o sequestro de carbono.

Antonio Marques, um dos maiores plantadores de pinus no estado

Antonio Marques, um dos maiores plantadores de pinus no estado

Plantar floresta é fácil, porém é importante o acompanhamento técnico para obter os resultados desejados. “As espécies comerciais já estão definidas e devem ser plantadas conforme o tipo de solo na região. O eucalipto e o pinus, por exemplo, respondem melhor em solo mais arenoso, mais pobre em nutrientes. Já a teca e o pinho cuiabano são espécies bem exigentes em relação à fertilidade da terra”, detalhou o coordenador estadual de Floresta Plantada, o engenheiro florestal Edgar Menezes Cardoso da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (Sedam).

Atualmente plantar floresta é um excelente negócio em longo prazo e garante ganhos financeiros acima da média, especialmente ao pequeno produtor, que deve iniciar esse novo modelo econômico sem que a atividade desenvolvida no sítio seja afetada. Esta afirmação ecoa dos principais plantadores de floresta nas regiões de Pimenta Bueno, Vilhena, Ji-Paraná e Ouro Preto do Oeste, que buscam mais parceiros na construção de um cinturão verde nas áreas degradadas.

“É uma poupança verde. Além do ganho, o produtor rural não precisa desmatar, e contribui na recuperação de área degradada. É extremamente viável”, avalia o gerente Operacional, Gefeson Melo, do grupo Eletrogoes, empresa que vem pesquisando e selecionando o melhor da espécie em laboratório próprio, desde 2008, na região de Pimenta Bueno.

“Nossos estudos apontam o eucalipto com o melhor custo-benefício, tanto para o produtor quanto para a produção de energia renovável”, frisou o responsável pelo viveiro e floresta de eucalipto da Eletrogoes, o engenheiro florestal Carlos Alberto Soares Monteiro.

Toda a produção do eucalipto produzido na região tem endereço certo para venda: a usina termelétrica movida à biomassa, que deverá ser inaugurada ainda nesse semestre pelo grupo Eletrogoes.

“De uma forma geral, a floresta plantada gera muito mais do que a pecuária e a agricultura”, afirmou o engenheiro florestal Aparecido Donadoni, destacando que os maiores plantios das espécies eucalipto e pinus já são visíveis ao longo da BR-364, no trecho entre Pimenta Bueno e Vilhena.

Em Vilhena, o beneficiamento do eucalipto ocorre na cidade em forma de palanque para cercas, porteiras, madeiramento para construção civil, móveis, entre outras peças rústicas e decorativas. “O eucalipto é nosso carro-chefe, porém estamos beneficiando o pinus também”, anunciou o empreendedor, Anderson Zomer, de Vilhena, assinalando o aquecimento do mercado garantindo mais geração de emprego e renda direta e indiretamente.

As plantações de pinus no Cone Sul transformam as áreas totalmente degradadas em paisagem cinematográfica. Otimistas, os produtores avançam no negócio e já estão viabilizando a implantação na região de uma usina de beneficiamento da goma-resina, mais um lucrativo produto da espécie.

“Quando juntos atingirmos 15 mil hectares de floresta em pinus teremos matéria prima suficiente para instalar a resinadora”, animou o fazendeiro, Antônio Marques Pereira, detentor de uma das maiores áreas plantadas e um dos mais entusiastas do plantio do pinus em Rondônia.

Eucalipto se adapta mais ao solo arenoso, mais pobre em nutrientes

Eucalipto se adapta mais ao solo arenoso, mais pobre em nutrientes

As plantações do pinho cuiabano e da teca estão mais agrupadas nas regiões de Ji-Paraná e Ouro Preto do Oeste devido à exigência da planta quanto à qualidade do solo. “Parte da madeira produzida em Rondônia já está sendo exportada a partir do porto, em Porto Velho”, festejou Jaques Testoni, presidente da Associação Rondoniense e Floresta Plantada (Arflora).

Nessa consolidação do novo ciclo da madeira, o governo de Rondônia vem atuando quanto à legalização e o fomento de novos plantios de florestas. O objetivo é gerar desenvolvimento rural integrado a outras cadeias produtivas promovendo recuperação de áreas degradadas.

“Destacamos a sustentabilidade como a maior vantagem no plantio de floresta. As empresas lucram e geram empregos e renda causando o mínimo impacto ao meio ambiente”, encerra o engenheiro Edgar Cardoso, associando este padrão de floresta como fonte de energia renovável e na absorção do gás carbônico.

 


Fonte
Texto: Paulo Sérgio
Fotos: Paulo Sérgio