Folha de São Paulo: Refugiados do Haiti vão para Rondônia trabalhar em usinas

Cem haitianos acamparam em Jirau em busca de emprego ESTELITA HASS CARAZZAI. .

Publicada em 11/03/2011 às 05:00:00

Cerca de cem refugiados do Haiti, país que foi destruído por um terremoto em janeiro do ano passado, chegaram a Rondônia neste feriado de Carnaval em busca de emprego nas duas usinas hidrelétricas que estão sendo construídas no Estado.
Trata-se de duas das maiores obras em realização no Brasil atualmente.

Os haitianos, na maioria homens com cerca de 30 anos, bateram à porta da usina de Jirau (localizada a 120 km de Porto Velho, capital do Estado) na tarde de sábado e chegaram a pernoitar no local em busca de uma oportunidade de trabalho.
Hoje, o grupo está abrigado num ginásio em Porto Velho, amparado pelo governo do Estado. Muitos deles vieram do Haiti já com o propósito de trabalhar nas usinas.

Além de Jirau, também está em construção no Estado a usina de Santo Antônio, a 7 km de Porto Velho -que, até agora, não recebeu haitianos em busca de emprego.

"É um novo Eldorado que se instala em Rondônia", afirma o secretário de Turismo do Estado, Júlio Olivar, que providenciou assistência para os haitianos.

"Muita gente vem atraída pelo canto da sereia, achando que é fácil, mas não é. Eles [as usinas] são muito rigorosos", disse Olivar.

Segundo ele, o grupo saiu do Haiti há cerca de dois meses e se reuniu no Acre, onde foi atendido pelo governo local e recebeu documentação e vacinação.

O secretário de Justiça do Acre, Henrique Corinto, diz que centenas de haitianos têm chegado ao Estado pela fronteira com o Peru desde janeiro.

"Sensibilizado" com a situação dos imigrantes e também preocupado com a possível "insegurança" que poderiam provocar, o governo estadual já deu assistência a cerca de 200 deles.
Olivar diz que o governo de Rondônia tentará, a partir de hoje, empregar pelo menos parte dos trabalhadores nas obras da região.

De acordo com o secretário, os haitianos são todos alfabetizados, alguns deles falam até três línguas e todos têm qualificação profissional.
Todos eles também estão em situação legal no Brasil, porque têm um protocolo de pedido de refúgio no país.

ESTELITA HASS CARAZZAI
FOLHA DE SÃO PAULO