Jirau: Consórcio colocado sob suspeita

Durante a confusão nenhum equipamento das empresas que constroem as usinas foi avariado. A maior parte dos bens perdidos pertencia a funcionários do consórcio.

Publicada em 05/04/2011 às 17:24:00

Nilton Salina


O consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR) foi colocado sob suspeita na confusão registrada em Jirau, quando ônibus foram queimados, caixas eletrônicos destruídos e alojamentos incendiados. O assunto foi abordado pelo senador Jorge Viana (PT-AC), durante reunião da comissão do Senado com diretores do consórcio, ocorrida na manhã da última segunda-feira, no canteiro de obras.

Ele citou que a comissão ouviu no dia anterior diversos representantes de trabalhadores e autoridades, e algumas pessoas disseram que durante a confusão nenhum equipamento das empresas que constroem as usinas foi avariado. A maior parte dos bens perdidos pertencia a funcionários do consórcio.

O silêncio foi pesado após a exposição do senador Jorge Viana. Depois, o presidente da ESBR, Victor Paranhos, e o diretor de assuntos institucionais da construtora Camargo Corrêa, João Ricardo Auller, alegaram que o consórcio também teve prejuízo com a destruição, porque concordou em pagar os salários de 19 mil funcionários que estão sem trabalhar.

Ocorre que na reunião ocorrida no dia anterior, no Rondon Palace Hotel, entre os senadores e representantes de trabalhadores, foi explicado que a ESBR só concordou em conceder benefícios aos funcionários após muita pressão das autoridades. A maioria dos que se pronunciaram disse que é difícil negociar com a Energia Sustentável.

Uma das razões de recair suspeitas sobre a ESBR é que inicialmente o consórcio receberia R$ 7,5 bilhões para construir Jirau. Estudos prévios ofereciam a garantia de que o valor não subiria. Apesar disso, houve um aditivo de R$ 4 bilhões. Há desconfiança de que, com a paralisação, o consórcio peça mais dinheiro para a obra.

Os jornalistas que acompanhavam - ou que pelo menos tentavam acompanhar - o trabalho dos senadores desconfiaram que alguma coisa muito forte deveria ser dita na reunião. Funcionários graduados da ESBR estavam no portão de Jirau avisando que a imprensa não poderia entrar.

Os repórteres só tiveram acesso ao canteiro de obras porque o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valter Araújo (PTB-PVH), resolveu “encarar” os funcionários da ESBR. O parlamentar disse que a imprensa estava lá a pedido dele e que todos entrariam, mas que se houvesse alguma reunião sigilosa, os jornalistas não participariam.

A imprensa percorreu o canteiro de obras com a comissão do Senado e teve acesso às explicações prévias dos diretores da ESBR sobre a confusão. Após as considerações iniciais, os repórteres foram convidados a se retirar. Somente depois que os jornalistas saíram o senador Jorge Viana revelou a ventilação de suspeitas da participação do consórcio na destruição.

Também participam da comissão os senadores Acir Gurgacz (PDT-RO), Valdir Raupp (PMDB-RO), Ivo Cassol (PP-RO), Blairo Maggi (PR-MT) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente da Comissão do Senado.