Karitianas discutem soluções para saúde, educação e estrada

‘‘Nós precisamos de uma estrada boa’’, disse o presidente da Associação Karitiana, Cledison Pitana Karitiana.

Texto: Vanessa Moura Fotos: Daiane Mendonça
Publicada em 10 de agosto de 2018 às 11:45
Karitianas discutem soluções para saúde, educação e estrada

O povo indígena Karitiana recebeu na quinta-feira (9) a visita do governador de Rondônia, Daniel Pereira, acompanhado da equipe técnica do governo do Estado e do procurador-chefe do Ministério Público Federal (MPF/RO), Daniel Azevedo Lôbo, para buscar soluções conjuntas para as demandas nas áreas de saúde, educação; geração de renda e estrada, sendo a melhoria do acesso a aldeia central uma das principais reivindicações dos indígenas.

‘‘Nós precisamos de uma estrada boa’’, disse o presidente da Associação Karitiana, Cledison Pitana Karitiana. A estrada em condição precária e com pontes que necessitam de reparos deve passar por melhorias na próxima semana. É o que garantiu o diretor adjunto do Departamento Estadual de Estradas de Rodagens (DER), Eduardo Allemand Damião. ‘‘Na terça-feira (14) as máquinas estarão aqui’’, disse.

Distante cerca de 130 quilômetros do centro de Porto Velho, o povo indígena Karitiana está dividido em seis aldeias, possui cerca de 400 habitantes e estão em busca de um modelo de produção que garanta sustentabilidade.

Com uma das propostas para atender essa demanda, o governador fez um convite para que representantes do povo indígena conheçam modelos produtivos durante a 3ª edição da Feira de Negócios e Tecnologia Rurais Sustentáveis em Porto Velho, a Portoagro, que acontecerá de 29 de agosto a 1º de setembro.

Aqueles que forem de interesse dos indígenas devem ser aplicados nas aldeias com apoio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento e Regularização Fundiária (Seagri) e a Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater).

AGRICULTURA

O secretário da Seagri, José Paulo Gonçales, explicou que está em fase final o processo para firmar um termo de compromisso entre a secretaria e a Funai. ‘‘Teremos a disponibilidade de equipamentos [agrícolas] para algumas aldeias já pré-selecionadas’’. Ele ainda apontou que há outras frentes de trabalho que podem ser usadas para o desenvolvimento do povo Karitiana através da coordenadoria de agroindústrias, na recuperação de solo com aplicação de calcário; além do incentivo à produção de leite e cultivo do café.

A presidente da Emater, Albertina Marangoni Bottega, disse que será firmado um acordo de cooperação entre Emater e a Funai para que a Emater possa emitir para as famílias indígenas a declaração de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) que possibilita ter acesso a todas as políticas públicas voltadas para a agricultura. Outras ações que podem ser ofertadas são nas áreas de sustentabilidade, agricultura de produção, diversificação e aproveitamento dos alimentos.

EDUCAÇÃO

Os indígenas também destacaram que se preocupam com condições da Escola Indígena Estadual de Ensino Fundamental e Médio Kyowã e com as condições de saúde do povo indígena. Pedem representatividade dentro da instituição de ensino e contratação de profissionais indígenas para saúde e educação. ‘‘Nós queremos a autonomia da nossa escola. Queremos diretor, secretário e zelador e a capacitação dos professores indígenas’’, disse o presidente da Associação Karitiana, Cledison Pitana Karitiana.

‘‘Rondônia foi o primeiro estado do país a realizar concurso para professor indígena. Nós também avançamos muito, principalmente em estrutura física das unidades de ensino nas aldeias, inclusive estamos com mais dez escolas indígenas prontas para inaugurar. Na última conferência indígena, em Brasília, Rondônia se sagrou como estado referência em educação indígena para o Brasil, mas sabemos que ainda temos muito a avançar para atender as especificidades dos povos indígenas’’, considera a secretária de Estado da Educação (Seduc), Angélica Ayres que disse que buscará soluções para as dificuldades na educação apresentadas pelos karitianas.

SAÚDE

O mesmo deve ser feito na saúde. ‘‘O Estado de Rondônia tem assistido em atendimentos de saúde aos indígenas que povoam a região entorno dos rios Guaporé e Mamoré através do Barco Hospital e de toda a ponta do Abunã com o hospital de Extrema. Temos feito vários mutirões com atendimentos clínicos e procedimentos cirúrgicos e ficamos à disposição para atender também essa população através de mutirão nas demandas que forem necessárias’’, destacou o secretário da Saúde Luiz Eduardo Maiorquim.

Para o procurador-chefe do MPF, Daniel Azevedo Lôbo, a reunião trouxe uma grande oportunidade para que os povos indígenas pudesse reivindicar as demandas. ‘‘Aqui o governador trouxe sua equipe para auxiliar o povo indígena a resolver seus problemas. É importante que a gente trabalhe em conjunto, governo, MPF e os indígenas, na formalização de políticas públicas’’, avalia o procurador.

Também participaram da reunião o presidente da Fundação Nacional do índio (Funai) de Rondônia, Vicente Batista Filho, o coordenador de Educação Indígena Antônio Evangelista Sansão Uruabora e o cacique da aldeia Kyowã Antônio José Karitiana.

Winz

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