Pouca gente sabe, mas sou nascido e criado em Porto Velho. Nasci na maternidade Darcy Vargas pouco antes dela fechar. Fui criado no bairro Olaria, onde passei grande parte de minha vida. Foi bem ali, na Quintino Bocaiúva, era vizinho da então deputada Marlene Gorayeb. Lembro quando a Sete de Setembro era mão dupla, quando tínhamos três cinemas na cidade, o Cine Brasil, o Cine Resky e o Lacerda. Era uma época recente em que a cidade praticamente acabava no 15 da Sete de Setembro. Dali em diante era “zona rural”. Vi minha cidade crescer, vi prefeitos enganadores, vi alguns bem intencionados e vi que todos não conseguiram fazer grande coisa pela minha capital.

Muita gente pergunta porque critico tanto o ex-prefeito Roberto Sobrinho. A esses a resposta é simples, Roberto teve em suas mãos a oportunidade única de transformar minha cidade (que não é dele, pois ele é um forasteiro) em uma das melhores desse país. Teve dinheiro, tempo e a confiança da população. Por duas vezes. A minha ele só traiu a primeira. Votei nele e na reeleição já tinha aberto os olhos. Já tinha visto a maracutaia da Vieira Caúlla, da transposição da Farquar no bairro Nacional e muitas outras. Sabia que ele não faria a minha cidade, um lugar melhor. Pelo contrário, ele transformou minha cidade em um cenário de abandono, poeira, um retrato sujo do resultado de uma péssima administração.

Não culpo Nazif, atual prefeito de minha cidade (outro forasteiro) pela lerdeza administrativa. Sei que ele está administrando problemas deixados por Roberto. Culpo Nazif pela falta de carinho com a cidade. Tem coisas que não precisam de dinheiro para serem feitas, a limpeza da cidade, o resgate de nossa memória e a melhoria no atendimento nos serviços pode ser feita apenas com medidas meramente administrativas, mas para isso é preciso que o prefeito se faça presente, o que nçao está acontecendo. Mauro colocou seu irmão, que não foi eleito, para administrar minha cidade.

Minha cidade também já passou pelas mãos de um rondoniese, Carlinhos Camurça. Bom de festa, mas ruim de administrar. Mas Carlinhos não teve o dinheiro que Roberto teve. Culpo Roberto diretamente por ter feito de minha cidade uma cidade que se envergonha diante das outras. Somos obrigados a sorrir amarelo quando alguém nos critica ou aponta coisas básicas, como a imundície que são os mercados da minha cidade, ou as ruas esburacadas, ou os viadutos inacabados. Tenho vergonha quando falam que minha cidade é um “lugar bom para se ganhar dinheiro, mas péssimo para viver”. É ruim, de fato, mas é minha cidade.

Um dia talvez tenhamos a sorte de colocar alguém no comando da minha cidade, uma pessoa capaz, comprometida com ela. Minha cidade, tão sofrida, merece!

Alan Alex é jornalista