NÃO HÁ VIRGEM NO BORDEL - Por: Ernande Segismundo

Nenhuma prova tão categórica e tão contundente foi levantada até agora pela Polícia Civil contra qualquer envolvido quanto aquelas reveladas contra o próprio Governador Confúcio Moura.

Publicada em 16 de July de 2013 às 15:27:00

A ‘Operação Apocalipse’ que tinha como objetivo estratégico desbaratar uma Organização Criminosa e suas relações com agentes políticos e como objetivo tático sepultar politicamente o prestígio de Hermínio Coelho acabou ironicamente no colo de Confúcio Moura. Nenhuma prova tão categórica e tão contundente foi levantada até agora pela Polícia Civil contra qualquer envolvido quanto aquelas reveladas contra o próprio Governador Confúcio Moura.

Se politicamente o objetivo era desconstruir a imagem pública de Hermínio Coelho e não sei se conseguiram, mas tenho absoluta certeza que as relações promíscuas de Confúcio Moura e seus aparentados com o crime organizado fulminaram terminantemente seu governo, assim como sua reeleição.

Inimaginável que um Governador de Estado firme inocentemente um contrato de aluguel de um apartamento com um sujeito apontado como chefe de uma organização criminosa no Estado, conforme constatou apuratório do Tribunal de Contas do Estado.

O primeiro absurdo deste caso é o Governador do Estado assinar contrato com o crime organização; O Segundo absurdo é o valor mensal do contrato de locação do imóvel de Beto Baba que é de R$ 6 mil e é superfaturado, pois o aluguel de um apartamento no Edifício Leonardo da Vinci gira em torno de R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil; O Terceiro absurdo é que o tal apartamento tinha por finalidade agasalhar o ‘assessor’ do Governo, Roberto Mangabeira Unger que reside nos Estados Unidos da América e que em dois anos, ou seja, em 730 dias passou não mais que 35 em Rondônia; O Quarto absurdo é que quem ocupava o tal imóvel pago mensalmente pelo erário estadual era o deputado estadual conhecido pela alcunha de ‘Adriano Boiadeiro’; O Sexto absurdo é que o tal apartamento era utilizado pela suposta ‘quadrilha’ como um conciliábulo, ou seja, para reuniões operacionais de malfeitores.

Além desses gravíssimos fatos, Beto Baba afirmou que o tal Fernanda da Gata teria dado significativo aporte para a campanha de Confúcio Moura via primeiro cunhado, um certo Francisco de Assis. E mais, o próprio Fernando da Gata teria feito, também, tais afirmações em depoimento prestado para a Polícia Civil de acordo com fac-símile desses depoimentos espalhados pelos sites noticiosos do Estado.

Na outra ponta, um ministro de estado da Inglaterra foi demitido há algum tempo porque faltou com a verdade com uma guarda de trânsito. Ao demiti-lo o Primeiro Ministro inglês afirmou que aquela demissão servia para que todos os ingleses soubessem que na Inglaterra todo cidadão, independentemente dos poderes que concentre em suas mãos, está sob o primado da lei e a guarda de trânsito deveria ser respeitada por todos, inclusive pelo ministro de estado.

Voltando á aldeia, evidente que um episódio da magnitude das revelações palacianas envolvendo o próprio Governador do Estado com o crime organizado – e não há outra interpretação possível – seria digna de derrubar governos centrais inteiros de países minimamente contemporâneos.

De tudo que veio a público e que se sabe sobre essa tal Operação apocalipse, os fatos mais assustadores são justamente as ligações perigosíssimas de pessoas muito próximas ao primeiro mandatário do Estado com esse tal crime organizado.

Quanto às relações promíscuas de deputados e vereadores com o crime organizado isto é fato que todos que militam na política local sabem à boca miúda há muitos e muitos anos. Só quem não sabia era a Polícia Civil e o Ministério Público.

Na campanha municipal passada os cronistas políticos locais publicavam diariamente informações claras ou subliminares sobre essas relações crime-política, politica-crime.

Segundo consta, essa turma ora desbaratada, por exemplo, investiu pesado numa candidatura a prefeito da capital que naufragou pelo caminho e toda a estrutura foi transferida para a campanha de outro candidato, cujo tesoureiro está recolhido, por ora, à prisão.

Esta Operação serve ainda para testar o grau de independência do Ministério Público estadual que nunca foi lá muito transparente e independente em relação aos mandatários do Executivo Estadual e membros do Parlamento Estadual, com algumas louváveis, raríssimas e inevitáveis exceções.

Inimaginável que com tudo o que já foi divulgado sobre as estripulias criminosas do tal cunhado do Governador o mesmo se ache até o momento estrategicamente ‘blindado’ pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado. Ninguém pega o homem, nem as irmãs do Governador, tampouco o próprio Governador.

No caso sobra para o Ministério Público porque a possibilidade da Polícia Civil do Estado e seu Xerife contrariar qualquer interesse do Chefe Maior é absolutamente zero, o trabalho pode ser no sentido contrário, de destruir indícios incriminatórios contra o Governador e seu círculo de fogo.

Ernande Segismundo é advogado portovelhense.