Paióis de explosivos usados em obras no Rio Madeira estão seguros

Distúrbios que paralisaram o canteiro de obras da hidrelétrica no Rio Madeira atingiram apenas os alojamentos, segundo o diretor do consórcio construtor de Jirau.

Publicada em 17/03/2011 às 18:19:00

Alexandre Rodrigues, da Agência Estado 

O diretor-presidente do consórcio construtor de Jirau, Victor Paranhos, disse que os distúrbios que paralisaram o canteiro de obras da hidrelétrica no Rio Madeira, em Rondônia, atingiram apenas a área dos alojamentos. Os equipamentos e os paióis de explosivos usados na obra continuam em segurança, sob controle do consórcio Energia Sustentável do Brasil, com o apoio da Polícia Militar e da Força Nacional. Segundo o executivo, a situação é de descontrole nas instalações residenciais e comerciais, que teriam sido incendidas e saqueadas.

O executivo não vê razão aparente para os distúrbios e diz que não havia pauta de reivindicação ou demonstrações de descontentamento por meio dos 18 mil trabalhadores. Cerca de 50% são de fora da região de Porto Velho e recebem visitas de familiares regulares patrocinadas pela empresa.

Paranhos afirmou que todos os alojamentos são equipados com ar condicionado e têm condições de conforto padronizadas, assim como as refeições. Sobre relatos de maus tratos no sistema de transporte, o executivo afirmou não acreditar nessa hipótese. No entanto, ele confirmou de que o movimento teria sido desencadeado por uma briga entre um motorista de ônibus e um funcionário na noite de ontem. O tumulto teria sido controlado pela polícia ainda ontem, mas foi reiniciado hoje, segundo Paranhos, quando os funcionários tentavam retomar o trabalho.

"Durante a noite houve uma invasão pelo mato, com pessoas encapuzadas. Hoje, os trabalhadores tentaram voltar ao trabalho e houve nova invasão. A tropa da Polícia Militar perdeu o controle. O comandante local tentou achar uma liderança para dialogar com a outra parte, foram reunidas algumas pessoas num refeitório, mas eles não se entendiam", afirmou o executivo na tarde de hoje, após participar de uma cerimônia na sede do BNDES, no Rio.

Paranhos elogiou a agilidade do governo federal em enviar a Força Nacional e disse confiar numa rápida solução para o conflito. De qualquer forma, ele avalia que o cronograma de construção da usina de Jirau, prevista para iniciar operação em março do ano que vem, será comprometido.

"Agora, o que precisamos é retomar o controle da área, tentar acalmar as pessoas, que estão extremamente estressadas com as ameaças, para saber quantas poderão voltar para seus alojamentos. Então, numa segunda avaliação poderemos ver como se consegue remobilizara obra", afirmou. "Ainda estamos, com as forças de segurança, procurando entender o que aconteceu. "

Também participando do evento no BNDES, o prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT), classificou o episódio como "uma rebelião, um motim" e manifestou preocupação com a falta de abrigo para 18 mil trabalhadores. "É uma situação muito grave".