Pequenos empreendedores contam o que farão com o dinheiro recebido do Banco do Povo

Os R$ 300 mil liberados neste quinta-feira (26) pelo Banco do Povo serão muito bem aproveitados  por pequenos empreendedores de Ariquemes, Cacoal, Jaru, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Presidente Médici, Rolim de Moura, São Miguel do Guaporé e Tarilândia.

Publicada em 27 de May de 2016 às 10:20:00

Serafim, o “Pelé” (d), tem sítio há 41 anos e vende leite na cidade, em Pimenta Bueno

Os R$ 300 mil liberados neste quinta-feira (26) pelo Banco do Povo serão muito bem aproveitados  por pequenos empreendedores de Ariquemes, Cacoal, Jaru, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Presidente Médici, Rolim de Moura, São Miguel do Guaporé e Tarilândia. Eles vieram de ônibus para Ji-Paraná, a fim de participar do ato de entrega dos cheques simbólicos pelo governador Confúcio Moura.

Eles contam os seus sonhos: “Com esses 2 mil e 500 (reais), vou irrigar minha roça de abacaxi”, contou Daniel da Silva Porfírio, 37 anos, casado, pai de dois filhos de 10 e 14. Ele cultiva oito mil pés de abacaxi e suas vacas leiteiras [gado cruzado] rendem 35 litros de leite por dia. Porfírio veio menino de Vila Juti (MS) e fez parte da grande leva migratório dos anos 1970 rumo a Rondônia

Ida Soares Silva Lopes, 54, mãe de três filhos, precisa melhorar a sua lanchonete em Rolim de Moura [Zona da Mata rondoniense] e irá fazê-lo com os R$ 2,5 mil recebidos hoje. Paranaense de Barracão, ela vende salgados, fornece refeições e aceita encomendas em seus pequeno estabelecimento situado na RO-010 [rodovia Pimenta Bueno-Nova Brasilândia].

Mineiro de Itambacuri, o criador Serafim Soares, o “Pelé”, 61, tão feliz quanto os demais contemplados – que só conheceu durante o ato desta quarta-feira na Feira Rondônia Rural Show, disse que o seu Sítio União [na Linha  21] começou 41 anos atrás, quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) assentava famílias no Setor Abaitará, em Pimenta Bueno.

“Vendo o leite de minhas (14) vaquinhas na cidade e, graças a Deus, meus seis filhos todos nasceram lá [Pimenta Bueno]. Serafim usará  seus R$ 3 mil na construção de cercas de arame e curral.

Jaú, pintado, caxara, jurupoca, entre outros, são espécies de peixes fisgadas pelo pescador Nilton Lopes da Silva, 58, pai de dois filhos, em Pimenta Bueno. Paranaense de Maringá, veio para Rondônia em 1984 e há três anos dedica-se intensamente à atividade. “Pesco em rios de água doce”, disse.  Seus R$ 3 mil servirão para a aquisição de um motor de popa. O barco de pesca ele já tem.

O banco escreve sua história urbana e rural. Até agora, já atendeu a mais de 60 mil pequenos empreendedores no interior do Estado, fazendo girar, em cinco anos, cerca de R$ 20 milhões na economia local.

Eles se distribuem entre pequenos produtores rurais, vendedores de churrasquinhos, donos de mini sorveterias, pipoqueiros, fabricantes de produtos de limpeza, fornecedores de cantinas escolares, marmiteiros, piscicultores, apicultores, queijeiros, farinheiros, vendedores de plantas e frutas, granjeiros, entre outros.

CRÉDITO NA SIMPLICIDADE

O diretor presidente da Associação de Crédito Cidadão de Rondônia (Acrecid), Manoel Serra, que também é presidente do Sindicato dos Pequenos e Micro Empreendedores do Estado de Rondônia, resume o êxito do banco: “Para obter recursos, eles não necessitam da conta bancária, saldo médio, bastando comprovar atividade e ter CPF em dia”.

Para o diretor administrativo da Acrecid, Aníbal Martins, a facilidade para micros e pequenos permitiu-lhes a inclusão econômica em diferentes lugares de Rondônia. “O programa aliou a inteligência à adequação do Estado à Lei 10.040, que regulamenta o setor”, disse.

Os recursos liberados mediante projetos possibilitaram também a melhoria da renda familiar, ele explicou. “Temos dezenas de casos de sucesso de pessoas que começaram pequenos negócios e se consolidaram”.

“Desde 2010, o governador Confúcio Moura trabalha como garoto de propaganda do microcrédito, e isso possibilitou o apoio à criação de 27 postos de atendimento em Rondônia”, lembrou Serra.