Pirarucu, o anarquismo caboclo

Sem cordão de isolamento, sem Polícia nem milícia, porém com muita bagunca e malícia e autêntica alegria correndo nas veias, o Anarquismo Caboclo reinou soberano por entre as ruas...

Publicada em 20 de fevereiro de 2017 às 13:24:00

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Por Antônio Serpa, Basinho

“Foi bonita a festa, PA! Fiquei contente e ainda guardo renitente um velho cravo para mim!”

Por um momento então a Paz se fantasiou de Alegria do Povo e caiu na folia!

Lá estavam as lindas crianças para garantir e testemunhar que a guerra era só uma Batalha de Confete e serpentinas!

Sem cordão de isolamento, sem Polícia nem milícia, porém com muita bagunca e malícia e autêntica alegria correndo nas veias, o Anarquismo Caboclo reinou soberano por entre as ruas, vielas e alamedas da cidade do Porto, como um metaforico cessar-fogo sarcástico imposto sorridente à República em grave ensaio de convulsão social face aos desmandos do déspota de plantão!

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Olinda é aqui! A Bahia de Bola Sete somos todos nós! Idem o Pará de Marise Castiel! Porque somos também Maranhão, Pernambuco, Ceará de Iracema, Silvio Santos e Bainha, a Banda de Ipanema e do Vai Quem Quer a um só tempo! A estação beradeira desbunde desvairado!

No Pirarucu do Madeira, Antropofagia Cultural não apenas uma tese académica, é afirmação da identidade na amarração da diversidade, é tesão endêmico liquidificando todos os amores e dores, falares, pusares e magias desse imenso país, como um Cordão Inventado por Baco, senhor do vinho e carne!

Sob a batuta dos puraqués, seus clarins, tambores e cantores dando altas voltagens de choque sonoro nos corações dos brincantes, as múltiplas facetas da inquietude populavam em meio à aquarela de cetins e paetês, tipos e personagens, fantasias e barbarismos, verbalizando em linguagem de pandêga as interjeições e exclamações holísticas dos beradeiros, brancos, pardos, índios, arigós e amarelos de toda sorte, cuja síntese é uma Mistura Fina sem eira nem beira, uma homenagem aos Pobres do Caiari, porque o Pirarucu é um Bloco do Sol e da Chuva na mesma levada, sua batucada é Pura Raça; serpenteia como o Bloco da Cobra, os espíritos de Valdemar Cachorro e Piriquito nele brincam radiantes, e, toda a cambada junta, são mesmo verdadeiros Diplomatas do Samba e das marchinhas dos grandes carnavais!

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Carnaval é brincadeira mas é coisa séria!!
Falo, não da seriedade da burocracia e da falácia política, mas da seriedade que vem da cristalina e soberana vontade do povo de se fazer senhor do dom de ser capaz de ser feliz nos lares, nos bares, no trabalho, nas ruas, praças e avenidas deste Grande Sambódromo chamado Brasil!

Que a autencidade, a paz, a alegria, a irreverência, a luta pela democracia, o gosto insofismável pela folia e as bênçãos do Rei Momo estejam convosco!!