Polícia de Rondônia está mais perdida do que cego em tiroteio

O secretário não descartou a possibilidade de que policiais tenham participado do assalto, devido ao calibre das armas e à perícia que os bandidos demonstraram no manuseio.

Publicada em 13/09/2012 às 17:56:00

Da reportagem do Tudorondonia – Nilton Salina
Porto Velho, Rondônia – A Polícia ainda não descobriu absolutamente nada sobre a quadrilha que na noite da última segunda-feira matou o segundo sargento da Polícia Militar, Silvério Alves Feitosa, de 38 anos, feriu os policiais J. Neto e Brule e estourou caixas eletrônicos do banco Bradesco. A Polícia não descobriu sequer o calibre do fuzil utilizado pelos bandidos.
Apesar disso, durante entrevista coletiva concedida no final da tarde desta segunda-feira (13), o secretário de Estado de Segurança, Defesa e Cidadania, delegado da Polícia Federal Marcelo Bessa, disse que os bancos estão sendo orientados a não colocar muito dinheiro nos caixas eletrônicos, que devem ser abastecidos preferencialmente pela manhã.
“O bandido faz um cálculo do custo benefício. Se um caixa eletrônico é abastecido com R$ 100 mil de manhã, à noite deverá ter R$ 5 mil. Não atrairá o interesse dos bandidos. Agora, se de tarde é colocado R$ 250 mil, desperta o interesse de marginais”, disse Bessa.

Ele explicou que o Banco do Brasil também é a instituição que mais está investindo em caixas eletrônicos modernos. Segundo Marcelo Bessa, o BB está licitando máquinas equipadas com tinta para manchar o dinheiro. “Isso não evita o assalto, mas em compensação a quadrilha não pode gastar o dinheiro”, acrescentou.

O secretário não descartou a possibilidade de que policiais tenham participado do assalto, devido ao calibre das armas e à perícia que os bandidos demonstraram no manuseio. “A maioria dos policiais é gente honesta. Mas sempre pode haver aqueles que partem para o crime”, destacou.

O secretário também disse que o fuzil utilizado no crime em Jacy Paraná pode ser de calibre 762. Acontece que não há certeza sobre isso, porque a perícia ainda não se pronunciou. Mas ele descarta que a ação tenha alguma coisa a ver com o presídio federal.

“Não há nenhuma informação sobre isso nos serviços de inteligência da Abim, da Polícia Federal, do Exército, da Polícia Rodoviária Federal ou dos Presídios Federais. Não houve qualquer informação de movimentação de quadrilhas ligadas a quem cumpre pena no presídio federal”, afirmou Marcelo Bessa.

O comandante da PM, coronel César Figueiredo, disse que a perda do segundo sargento Silvério Alves Feitosa é lamentável. Apesar disso ele garantiu que os policiais não vão esmorecer na busca aos bandidos.

O diretor geral de Polícia Civil, delegado Pedro Mancebo, disse ter ouvido perguntas sobre o fato de a mobilização ter acontecido porque a vítima é um policial. “Não é isso, mas precisamos dar uma resposta à sociedade. Também ouço pessoas dizerem que, se os bandidos fazem isso em um posto da PM, o que poderão fazer na casa de um cidadão comum”, detalhou.
Na prática, a Polícia não tem pistas sobre o paradeiro dos bandidos. Enquanto os bancos preparam licitação para comprar máquinas que jogam tinta no dinheiro se forem explodidas, a TV Globo anuncia que as quadrilhas já descobriram um produto que deixa o dinheiro novamente limpo, pronto para ser usado.

Na coletiva foi dito que as polícias Civil e Militar trabalham integradas. Mas nada foi dito sobre identificação dos marginais. Por enquanto não há pistas. O secretário Marcelo Bessa pediu à população, principalmente de cidades pequenas, que avise quando vir algum estranho em atitude suspeita.