Porto da fronteira entre Rondônia e Bolívia permanece fechado

Travessias foram proibidas por conta da crise em Guayaramerín, na Bolívia. Cônsul diz que aeroporto, rodovias e escolas, também estão fechadas.

Publicada em 31 de May de 2016 às 12:59:00

 

Os turistas e moradores de Guajará-Mirim (RO) continuam proibidos de cruzar o Rio Mamoré até a cidade boliviana de Guayaramerín, na fronteira com o Brasil, nesta terça-feira (31). As travessias de passageiros foram parcialmente suspensas no sábado (28) e totalmente paralisadas no domingo (29), devido ao fechamento do Porto Oficial Boliviano. De acordo com o Porto Oficial Brasileiro, a paralisação das atividades aconteceu por conta de uma crise no setor de energia que abastece Guayaramerín, o que gerou um racionamento geral no município.

A única exceção nas travessias foi para os brasileiros que já estavam em território boliviano e queriam retornar, além dos bolivianos que estavam no Brasil e precisavam voltar para o país vizinho, mediante apresentação do documento de identidade.

A partir das 12h de domingo (29), as atividades foram totalmente paralisadas por tempo indeterminado. Nem brasileiros e nem bolivianos estão autorizados a realizar a travessia. Com a proibição, os turistas brasileiros não podem realizar comprar de roupas no lado boliviano. Já os turistas bolivianos enfrentam a mesma dificuldade em relação às compras em território brasileiro.

porto Guajará-Mirim (Foto: Júnior Freitas/G1)

Porto Guajará-Mirim (Foto: Júnior Freitas/G1)

Segundo Neurofran Costa, que é um dos empresários do grupo responsável pela administração do Porto Oficial de Guajará-Mirim, o bloqueio está causando prejuízos e afastando os turistas da área fronteiriça.

"Calculamos já termos perdido cerca de R$ 40 mil nesses cinco dias de paralisação. A empresa tem um fundo fixo e pode sobreviver mais umas duas ou três semanas. Estamos aguardando que o problema seja resolvido e tudo volte ao normal", declarou o empresário.

Em entrevista ao G1, o cônsul da Bolívia no Brasil, Haisen Ribera Leigue, disse que não existe previsão para o fim do racionamento em Guayaramerín. Além do porto, também foram bloqueados o aeroporto, rodovias e houve fechamento de escolas, lojas e postos de combustíveis no país vizinho.

cônsul boliviano (Foto: Júnior Freitas/G1)

O cônsul boliviano Haisen Ribera diz que escolas
também estão fechadas (Foto: Júnior Freitas/G1)

"O motivo principal é a falta de abastecimento da energia elétrica na cidade. Há pelo menos dois anos já estão com esse problema e agora se agravou. A geração de energia está com uma cooperativa privada, mas devido a um problema interno de eleição estão impedidos de manejar recursos econômicos. Sem recursos, há uma dificuldade para compra de novos geradores. Tudo está parado lá e sem previsão de retorno. As autoridades estão em conversação, mas não há como prever quanto tempo vai durar", explicou Haisen.

Um dos passageiros que foi diretamente afetado pela medida de bloqueio foi o boliviano Vladimir Melgar, de 29 anos, que trabalha como serralheiro e realiza serviços missionários na cidade de Pimenta Bueno. O trabalhador veio a Guajará-Mirim e pretendia ir para a Bolívia ver familiares e visitar o túmulo da mãe, que faleceu em fevereiro deste ano.

"Fui pego de surpresa. Fiz uma viagem longa e sinceramente me atrapalhou um pouco, mas como é uma necessidade minha, não tenho outra escolha e vou esperar, pois realmente preciso ir na Bolívia. Minha mãe morreu e eu queria chorar um pouco lá, mas desse jeito fica difícil", contou o passageiro, desolado.

A paralisação também prejudicou diretamente as empresas que fazem exportação para a Bolívia. Na manhã de segunda-feira (30), vários caminhões abastecidos com diversos produtos estavam estacionados às margens do Rio Mamoré, aguardando uma possível liberação das travessias.

Autor: Do G1 RO 
Fonte: Do G1 RO