Prefeitura coopera com o Estado na transferência de desalojados para o abrigo único

No local há duzentas barracas, que podem acolher mais de mil pessoas.

Publicada em 14 de April de 2014 às 15:51:00

A Prefeitura de Porto Velho, por meio da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) e Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), contando também com a colaboração de outros segmentos da administração municipal, está cooperando com o Governo Estadual na transferência das famílias alojadas em escolas, igrejas e outros locais para o abrigo único, espaço também denominado de Cidade Satélite, situado no Parque dos Tanques, que passou a concentrar todas as iniciativas governamentais para o alojamento dos desabrigados pela cheia do rio Madeira.

De acordo com Núbia Brasileiro, assistente social da Semas que tem atuado como responsável pelas unidades de acolhimento, junto à Fátima Mello, psicóloga também lotada nessa secretaria, na quinta-feira (10), sessenta e oito pessoas deixaram a escola Darcy Ribeiro e se dirigiram para o abrigo único. Da escola Castelo Branco saíram outras vinte e duas famílias. “Não temos visto resistência por parte das pessoas. Ontem, quando vieram oito famílias do São Sebastião I, duas prefiram ir para a casa de parentes.Hoje, porém, todas vieram normalmente para cá”, explicou.

A assistente social esclareceu haver um consenso de que as escolas precisam dar continuidade ao ano letivo das crianças e adolescentes. “Há também aqueles que estão no 3º ano do Ensino Médio e vão fazer o Enem. Eles precisam se preparar, por isso, é necessário desocupar as escolas, pois estamos tendo que lidar com dois problemas, o das pessoas desalojadas pela enchente e os dos alunos que precisam retornar às aulas. Assim, neste momento, a opção pelo abrigo único parece ser a melhor para todos”, disse Núbia.

Segundo o Tenente Coronel Gilvander Gregório, do Corpo de Bombeiros e coordenador geral do abrigo único, a infraestrutura montada oferece alimentação três vezes ao dia, água potável e bastante segurança, estando a Polícia Militar presente ao local por 24 horas e disponibilizadas câmeras de segurança. “O local é totalmente seguro. Temos ouvido algumas informações negativas sobre o abrigo, no entanto, as pessoas estão querendo ficar aqui. Inclusive, tivemos que dispensar algumas pessoas que, embora estejam implicadas com a cheia do Madeira, foram acolhidas em residências e agora estão querendo vir para cá, mas nós temos que atender à programação da Defesa Civil, que destinou este espaço apenas para as pessoas que estão alojadas nas escolas”, informou.

No local há duzentas barracas, que podem acolher  mais de mil pessoas. Até o fim do mês de abril chegarão outras cem, totalizando-se a quantidade de trezentas barracas disponíveis. Elas possuem cem metros quadrados, cada uma, e a infraestrutura toda do abrigo conta com lavanderia, sanitários, área de banho, brinquedoteca e muitos espaços interativos. Após o encerramento da transferência das famílias, o que deve acontecer até o dia 24 deste mês, muitas atividades serão iniciadas. Instituições, como Cáritas, Unir e outras programam iniciar cursos, oficinas, atividades esportivas, lúdicas e outras iniciativas. “É claro que o calor da região é um problema, mas essas barracas são padronizadas pela defesa civil internacional. Barracas assim já foram montadas nos Estados Unidos, Japão, Itália, Haiti, enfim, quando há grandes acidentes o socorro prestado às vítimas são por meio de estruturas como estas. Sabemos que o que está sendo oferecido não é exatamente o que as pessoas gostariam. Certamente, elas gostariam de ser acolhidas numa estrutura melhor, mas é isso o que pode ser disponibilizado neste momento. Pelo que vejo, as pessoas estão entendendo essa situação”, salientou a assistente social da Semas.

Antônio de Almeida, do Bairro Nacional, disse entender que a transferência de local é a melhor alternativa. “Perdi minha casa. No lugar ficou um buraco. Estou achando melhor ir lá para o outro abrigo, pois sei que as escolas precisam voltar a funcionar”. Semelhantemente, Edineia Goes concordou com a transferência. “Acho bom ir para lá, pois poderemos ter mais espaço para a nossa família. Tenho cinco filhos e eles também precisam voltar a estudar. A minha casa afundou, perdemos um pouco dos móveis, mas o importante é que estamos todos com vida”, destacou.

O Coronel José Pimentel, coordenador da Defesa Civil Municipal (Comdec), informou que as transferências realizadas para o abrigo único acontecem a cargo do Governo do Estado. “A Prefeitura, por meio da Comdec, continua dando apoio, mas as transferências, que se trata de procedimentos mais simples do que as retiradas de milhares de pessoas das casas alagadas, uma vez que o serviço a ser realizado é apenas a condução das pessoas e seus pertences até o abrigo único, é um serviço que ocorre sob a responsabilidade da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. Estamos trabalhando em cooperação com o Estado e há equipes municipais se empenhando bastante nesses trabalhos. A Semas, em parceria com a Secretaria Estadual de Assistência Social (Seas), elaborou um cronograma para a retirada das famílias e esse plano está sendo bem executado. Quanto a alguma dúvida que surgir por parte da imprensa ou alguma instituição sobre os procedimentos, é preciso afirmar que o órgão responsável por dar informações é a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil”, finalizou Pimentel.


Por Renato Menghi