Saúde sem saneamento é contradição que precisa ser superada, defende Hildon

Candidato tucano fala do contrassenso dos investimentos em saúde sem a necessária prevenção sanitária.

Publicada em 27 de July de 2016 às 09:43:00

Com 21 anos de experiência como promotor de justiça do Ministério Público, muitos dos quais na Promotoria de Saúde, o pré-candidato a prefeito de Porto Velho aprovado na convenção do PSDB, Hildon Chaves, deu o ponta pé inicial em sua campanha tocando num ponto extremamente sensível e controverso: os investimentos feitos em saúde sem se levar em conta a necessidade de investir igualmente em saneamento básico.

Para ele, o grande problema de Porto Velho é a “falta de gestão, de ética e de responsabilidade”. Estudioso dos números e indicadores socioeconômicos de Porto Velho, Hildon lembra que enquanto a média nacional da rede de esgotamento sanitário oscile em pouco mais de 50%, na capital rondoniense apenas 2,72% da população é atendida pela rede de saneamento, o que equivale dizer que dos 494 mil habitantes, apenas 13 mil recebem o serviço.

A consequência dessa controvérsia acaba atingindo diretamente a população, principalmente as crianças e a natureza que recebem resíduos, seja pela contaminação das fossas, seja pelo lançamento direto nos rios, sem nenhum tipo de tratamento. Como decorrência disso, cerca de 65% das internações hospitalares de crianças até os 10 anos estão ligadas à falta de saneamento básico, uma das principais responsáveis pela morte por diarreia de menores de cinco anos no Brasil.

Hildon Chaves disse que uma de suas primeiras medidas, se eleito, será se reunir toda a bancada federal para tentar liberar os recursos previstos desde o PAC I, há cerca de 10 anos, para a execução das obras do esgotamento sanitário. São cerca de R$ 700 milhões que corrigido deve chegar próximo a R$ 1 bilhão. “O importante é fazermos um bom trabalho com todos nossos parlamentares para resgatarmos esses recursos”, defendeu.  

Em comunicado divulgado em março, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que há um forte vínculo entre sistemas de saneamento deficientes e o surto atual do vírus zika, assim como a dengue, febre amarela e chikungunya, todas doenças transmitidas por mosquitos. Segundo o comunicado, além de buscar soluções tecnológicas, os governos também devem lembrar do péssimo estado de acesso à água e ao esgotamento sanitário.

Os números citados são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS, administrado pelo Governo Federal no âmbito da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) do Ministério das Cidades (MCID). São informações que serão utilizadas no planejamento e elaboração do plano de governo do candidato tucano.