Sem réveillon -Por Osmar Silva

Somos uma Capital que não festeja o Réveillon. Não porque sejamos avessos à festividade. Na verdade são os nossos dirigentes que não atendem a essa aspiração do povo.

Publicada em 02/01/2013 às 17:01:00

Milhares de pessoas percorreram as ruas e praças de Porto Velho na noite da virada do ano. Lotou a Praça Madeira Mamoré em busca de um evento que nunca houve nesta cidade, mas que todos desejam e esperam, como um milagre, que aconteça num fim de ano destes. Mesmo sem anúncio, para a agradável surpresa de todos.

Somos uma Capital que não festeja o Réveillon. Não porque sejamos avessos à festividade. Na verdade são os nossos dirigentes que não atendem a essa aspiração do povo. Não se preocupam em lhes proporcionar um mínimo de lazer numa data tão simbólica e festejada no mundo inteiro. Talvez porque, na maioria das vezes, viajam para festejar em outras cidades.
Os nascidos aqui se ressentem de não ter essa grande festa pública enriquecida com a presença de turistas e de familiares vindos de todos os cantos do país. Só conhecem a beleza e o encanto deste momento do ano através da televisão. Ou, para quem tem dinheiro, quando viajam para outras partes do Brasil ou do mundo.

Os rondonienses ainda carregam o ônus de explicar aos que migraram para cá ou estão de passagem, as razões da ausência da festividade. Os motivos do descaso. Para os que vieram e adotaram esse estado como seu, fica a frustração da descoberta desagradável: nós não temos Festa de Réveillon. Embora tenhamos um dos mais belos rios da Amazônia e do mundo, o Rio Madeira. E a centenária Praça Madeira Mamoré com sua linda história bem às margens desse rio. Palco ideal para a festa.
E foi pra lá que o povo correu na noite de 31 de dezembro após verificar o deserto da Praça Aluísio Ferreira. Buscavam o milagre de, pelo menos, uma queima de fogos de surpresa. Algo para mostrar aos filhos, encantar os próprios olhos e embalar as esperanças em um ano novo. Ou para comprovar o inacreditável descaso com os anseios populares. E, frustrados, rodaram pela cidade, como baratas tontas, em busca de um foguetinho sequer para saudar 2013.

Até quando isso continuará assim? Até quando os governos estimularão sua população a ir gastar dinheiro em outras plagas ao final de cada ano ao invés de criar atrações que os mantenha gastando, satisfeito, em casa e ainda atraindo turistas de todas as partes?
Esse é um dos desafios que o prefeito Mauro Nazif enfrentará. Dotar a cidade de eventos e locais de lazer. De praças. Não de pracinhas. Como se justifica uma Zona Leste com mais de 130 mil habitantes – maior que Ji-Paraná, a 2ª cidade do estado – sem uma única praça ou qualquer outro espaço de Lazer? E a Zona Sul, com mais de 90 mil habitantes, com o mesmo problema?

Repito o que já disse antes neste mesmo espaço: estas populações só têm duas opções: ou vão para as igrejas com seus filhos ou vai para os milhares de botecos ensinarem como se bebe, se fuma e ...sabe Deus o que mais.
Portanto, lazer além de ser direito do cidadão e obrigação dos governos, é também, cultura, proteção e segurança.

Osmar Silva – Jornalista – [email protected]