Sem saneamento população do Bairro Beira Rio pede atenção e dignidade

Poeira, lama, esgoto a céu aberto, mosquitos, caramujos africanos, sem coleta de lixo regular ou água tratada, na maioria das casas.

Publicada em 06 de May de 2016 às 08:36:00

Poeira, lama, esgoto a céu aberto, mosquitos, caramujos africanos, sem coleta de lixo regular ou água tratada, na maioria das casas. A dignidade passa longe dos moradores do Bairro Beira Rio, distante cerca de 3 km do centro comercial de Rolim de Moura.

Morador do bairro há 40 anos, Agnaldo Pereira da Silva, 47 anos, casado, dois filhos menores, é também o presidente da Associação de Moradores e reclama da falta de condições básicas de moradia, resultado de um crescimento desordenado, sem planejamento. Em sua residência, como em todas do Beira Rio, não há rede de esgoto, apenas fossa. A coleta de lixo é irregular o que contribui mais ainda com a proliferação de insetos e o crescente número de caramujos africanos.

Após ver sua família sofrer constantemente com infecções intestinais causadas pela água de poço contaminada pelas fossas, Agnaldo conseguiu finalmente acesso à água tratada da Caerd. “A saúde melhorou, mas sempre que é realizada a manutenção no sistema recebemos água turva e com mau cheiro”, constata. Para ele em um país globalizado, não se pode mais aceitar a falta de água tratada e da rede de esgoto nas residências. “E sempre que pensam em colocar asfalto nunca se preocupam com a estrutura necessária. Enquanto essa for a nossa realidade, não teremos moradores com a mínima dignidade”, conclui Agnaldo.

Adilson Firmino da Rocha, 46 anos, há 8 morando no Bairro Beira Rio já tentou algumas vezes receber água tratada, mas teve sua solicitação negada pela Caerd, sob a alegação de “falta de documentação”, já mora em uma área de invasão”. Sua conta a pagar é alta: arrisca-se ao usar a água de poço no dia-a-dia e ainda tem que gastar mais de R$ 40,00 por mês na compra de água mineral para beber.

Presa à sua cama, Odete Rodrigues da Costa, 60 anos, sempre usou água de poço e tem problemas constantes de saúde. Um caso de diabetes agravado custou-lhe um dedo do pé que foi amputado. O problema agora migrou para o outro pé. Ela e esposo, vendedor ambulante, moram em uma residência repleta de mosquitos no quintal com água acumulada.

A falta de um Posto de Saúde no bairro obriga os moradores a deslocamentos de até 6 km à UBS Centro Norte ou à Policlínica Vital Brasil, no Bairro Boa Esperança. Além da dengue, surgem as dores de cabeça, devido ao forte calor, as urticárias e as infecções respiratórias, urinárias e intestinais, geralmente causadas pela ausência de água tratada. 

Questionada sobre esses problemas, a Superintendente de Saneamento de Rolim de Moura, Simone Paes, destacou que o serviço de abastecimento ainda é prestado pela Caerd, mas uma nova empresa já foi licitada pelo município e aguarda uma decisão da Justiça para assumir a gestão, com o compromisso de investir pesado e realizar melhorias no abastecimento de água e no tratamento de esgoto. Segundo Simone, o lençol freático de onde a água é retirada nos poços da cidade está contaminado pelo esgoto sem tratamento.

Apenas 5% da população tem saneamento básico e a população vive à mercê de doenças causadas pela contaminação da água, o que causa preocupação às autoridades. A Superintendente Regional Rio Guaporé, Neuza Gomes, responsável pela gerencia da Caerd de Rolim de Moura, não recebeu a reportagem e não quis responder as perguntas então encaminhadas por e-mail. Esse descaso com a população não é de hoje.