SEQUESTRO EM SÃO PAULO TERMINA EM TRAGÉDIA

Menina mantida refém pelo ex-namorado morre após ser baleada em Santo André; amiga que levou tiro na boca está em estado grave

Publicada em 17/10/2008 às 18:38:00
CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo

O secretário da Segurança de São Paulo, Ronaldo Marzagão, informou ao governador José Serra (PSDB), que a menina Eloá Cristina Pimentel, 15, que ficou cem horas mantida refém pelo ex-namorado em Santo André (Grande São Paulo) morreu vítima de um tiro na cabeça. O governador, no entanto, ainda espera outras informações sobre o caso.

A menina era refém por Lindemberg Fernandes Alves desde a última segunda-feira. A Polícia Militar afirma que invadiu o apartamento após ouvir um tiro. Por volta das 18h10, houve uma explosão --aparentemente, uma bomba de efeito moral foi jogada no apartamento. Pouco depois, policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) entraram no apartamento --alguns pela janela. A reportagem da Folha Online ouviu três estampidos, semelhantes a tiros.

A assessoria do hospital municipal de Santo André informou que a ex-namorada de Alves foi atingida por um tiro na cabeça e outro na virilha e a amiga --que também era mantida no imóvel--, na boca. Ainda não há confirmação se os tiros foram disparados pelos policiais ou pelo rapaz.

Refém

O rapaz havia invadido o apartamento onde a ex-namorada estudava com três amigos por volta das 13h30 de segunda-feira (13). Dois garotos foram libertados na noite de segunda.

Na quinta (15), houve um retrocesso nas negociações. A amiga da adolescente, que já havia ficado em cárcere privado por 33 horas, voltou ao apartamento porque a polícia aceitou uma exigência do criminoso. Ele havia se comprometido a soltar as duas em seguida, o que não aconteceu.

A estratégia foi criticada. O procedimento quebra as regras para esse tipo de situação, segundo o especialista em segurança pública José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM de São Paulo e ex-secretário Nacional de Segurança Pública.