Uma vergonha!

Valdemir Caldas

Publicada em 06 de March de 2015 às 08:45:00

A música “Lata d’água na cabeça” foi um sucesso e tanto nos anos cinquenta. Interpretada por Marlene, a letra fala de uma mulher que, todos os dias, subia o morro, com uma lata, levando pela mão uma criança, para pegarágua.

Trazida para a realidade portovelhense, a composição de Luis Antônio e Jota Jr encaixa-se como uma luva. A diferença são os personagens, o local e os instrumentos usados para transportar o produto. A lata daquela época foi substituída por baldes, garrafas plásticas e garrafões de água mineral.

Esse é o drama de moradores de bairros como Ulisses Guimarães, JK (I, II e III), São Sebastião, Arigolândia, Pedrinhas, Ipase, Balsa, Olaria, dentre outros, queainda não têm água encanada. Ao todo, são mais de cinquenta comunidades.
Semana passada, a Câmara Municipal, a pedido dos vereadores Edwilson Negreiros e Jair Montes, realizou uma Audiência Pública para discutir o assunto, com a participação de representantes da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (CAERD), Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Porto Velho e de lideranças comunitárias. Foi mais uma reunião enfadonha na qual muito se falou e da qual pouco ou quase nada se tirou aproveito.

Em 2009, a prefeitura celebrou um convênio com a CAERD para instalação de rede, captação e distribuição de água tratada, duplicação de adutoras, estações e reservatórios, além de coleta, transporte, tratamento e distribuição final de resíduos sólidos. Uma parte do dinheiro, cento e doze milhões de reais, estaria prevista no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), mas as obras não saíram do papel. Enquanto isso, as pessoas vão se virando. Algumas, pegando água em escolas; outras, consumindo água de poço, contaminada com coliformes fecais.

Se o dinheiro veio, não se sabe, ao certo, onde e como foi aplicado. De concreto, mesmo, só a irresponsabilidade com que administradores cuidam dos recursos públicos e poucos deles chegam a ser punidos.

A natureza brindou o portovelhense com o rio Madeira, mas, infelizmente, poucas são as residências que têm acesso à água tratada e rede de esgoto. Uma vergonha para os nossos políticos e administradores.